Uma das ideias sobre a criação de personagens está pautada no texto teatral. Acredita-se que as personagens são criadas pelos dramaturgos e se foram, o que fazem os atores?
As encenações teatrais são criadas partindo de textos dramatúrgicos, mas não só. Muitos outros gêneros são motivadores de montagens e também criações coletivas.
Mas será que os textos, sejam eles dramatúrgicos ou não, dão todas as informações necessárias para a criação do personagem, o que incluí o gesto do ator e da atriz, sua forma de se movimentar, sua forma de falar.
Quando eu leio a seguinte frase: “Roberta entra na sala, leva um susto e diz: – Como você entrou aqui?”, que pode ser parte de um texto teatral, a atriz que representará a Roberta já tem todos os seus gestos e tom de voz definidos? Existe uma única maneira de levar um susto? O ritmo da fala, a entonação ou a expressão facial estão claras?
Evidentemente, qualquer texto, por mais detalhado que seja, não fornece todos os detalhes para a composição de uma personagem.
O trabalho de interpretação e de criação é o que fará com que esta descrição feita em palavras, torne-se alguém em movimento e fala.
Os procedimentos para a criação de um personagem são muitos e estão fundamentados em diferentes visões sobre o sentido e a função teatral. Eles podem partir de uma perspectiva mais psicológica, como propôs Stanislavski ou partir, essencialmente da ação, como propôs Eugênio Barba.
No próximo post falarei sobre uma proposta criada por Sérgio de Azevedo, baseada no trabalho do Eugênio Kusnet, que usa cartas em seu processo criativo.