O diretor é quem manda?

O título deste post é bem provocativo, mas é uma maneira de refletirmos sobre qual o papel do diretor teatral e especialmente do diretor de teatro na educação.

O primeiro aspecto a ser colocado em questão é sobre a escolha do que será apresentado. Esta escolha pode ser feita coletivamente, pode partir de propostas já realizadas previamente e com as crianças pequenas, pode partir de alguma brincadeira de faz-de-conta que tenha sido significativa e que o grupo queira compartilhar para um público.

Caso você avalie que teus alunos podem ampliar o repertório de possibilidades, uma boa maneira é oferecer diferentes sugestões de textos que poderão ser a base da apresentação. Talvez você tenha condições de fazer uma montagem teatral na qual poderão apresentar um texto na íntegra, sem adaptações e esta será uma ótima possibilidade de um contato mais próximo com o universo teatral, mas esta opção é pouco provável, já que as peças de teatro não são escritas com vistas a montagens escolares.

Seja qual for a tua situação, tenha em mente que o grupo precisa ter interesse e participar da escolha.

Foto de cottonbro no Pexels

O segundo aspecto da reflexão sobre o papel do diretor é sobre a maneira como a peça será montada, a escolha estética a ser feita sobre a montagem.

Para fazer esta escolha é muito bom ter repertório de possibilidades, isto é, ter algumas ideias sobre como esta peça pode ser apresentada e para isso é fundamental que o grupo já tenha ido ao teatro e na impossibilidade de ver peças teatrais, precisamos recorrer a filmagens e fotografias de peças teatrais, pois do contrário, a escolha será por fazer algo parecido com uma novela ou com um filme e teatro não é TV, nem cinema.

Dou um exemplo de possibilidades de uma montagem da história do “Chapeuzinho Vermelho”:

Primeira possibilidade – ser uma montagem o mais realista possível, com um cenário que reproduza a floresta e a casa da vovó, com figurinos e sonoplastia imitando os personagens e criando o som ambiente. Neste caso teu grupo de alunos será de poucas pessoas, já que a história tem somente 5 personagens.

Segunda possibilidade – ser uma montagem na qual todas as pessoas representem o espaço e os sentimentos da Chapeuzinho, assim teremos muitas árvores e plantas, mas também teremos um personagem que será o medo, outro que será o susto e outro que será a alegria de ver a vovó sair viva da barriga do lobo.

Terceira possibilidade – ser uma montagem que transporta a história para uma Chapeuzinho nos dias de hoje, morando em uma cidade grande e o lobo ser representado de forma simbólica por um assaltante. O cenário ser de projeções de imagens com uma iluminação e uma sonoplastia que remetam a uma cidade cheia de luzes e barulhos de trânsito.

Com certeza poderíamos pensar em muitas outras possibilidades de montagem, mas o que importa é fazer essa escolha junto com o grupo de alunos/atores e ajuda-los a compreender qual a opção estética que melhor se adequa aos interesses e as condições do grupo.

No próximo post falaremos sobre o papel do diretor/professor com relação ao trabalho do ator/aluno.

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