Os Persas

A peça “Os Persas” escrita por Ésquilo e representada em 472 a.C. é uma das noventa peças escritas por esse autor e nos conta sobre a batalha de Salamina, na qual os gregos derrotaram os persas.

Na publicação da Editora Zahar, podemos ler em sua introdução:

“Ésquilo, o mais antigo dos três grandes dramaturgos gregos e criador da tragédia em sua forma definitiva, nasceu em Elêusis, nas proximidades de Atenas, em 525 ou 524 a.C.; combateu nas batalhas de Maratona e Salamina contra os invasores persas de sua pátria, e morreu no ano de 456 a.C.

Ele escreveu cerca de 90 peças, das quais nos restam completas as Suplicantes, encenadas em data incerta (entre 499 e 472 a.C.); Os Persas, representados em 472 a.C.; os Sete Chefes contra Tebas (em 467 a.C.); o Prometeu Acorrentado (data incerta, provavelmente próxima ao ano de estréia de Oréstia); o Agamêmnon, as Coéforas e as Eumênides (que compõem a trilogia conhecida como Oréstia), representadas pela primeira vez em 458 a.C., todas estreadas em Atenas.”

No decorrer do texto vamos acompanhando o sofrimento dos Persas, inicialmente pela fala da rainha, do Coro e do Corifeu e depois pelo relato do mensageiro que descreve a maneira pela qual se deu a batalha e de como os persas foram derrotados. Segue um pequeno trecho deste relato:

 

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“Iniciou a nossa perdição, senhora,

algum espírito perverso ou deus maligno

vindo não sei de onde. Vou contar-te os fatos.

Um grego, com sua armadura ateniense,

veio dizer a Xerxes que quando caíssem

as trevas da noite soturna, as forças gregas

desistiriam de enfrentar os atacantes

e ocupando seus bancos nas trirremes rápidas

se esforçariam por salvar-se, cada um

como pudesse, numa fuga inesperada.

Depois de ouvir essa notícia o rei Xerxes,

sem suspeitar de uma atitude astuciosa,

mandou aos chefes de todas as suas naus

a seguinte mensagem: quando o sol poente

já não tivesse luz para aquecer a terra

com seus raios e as sombras se disseminassem

pelo alto éter consagrado, os comandantes

teriam de alinhar quase todas as naus

em três fileiras, no intuito de fechar

saídas e passagens; as naus reservadas

patrulhariam a ilha de Salamina.

E mais: se os gregos conseguissem escapar

da morte desastrosa e achassem no mar

alguma rota de evasão, os responsáveis

seriam degolados. Assim falou Xerxes.

Um coração feroz ditou-lhe tais palavras

sem ter a mínima noção, naquele instante,

da sorte amarga que os deuses lhe reservavam.”

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A peça segue com a aparição do fantasma do rei morto, pai de Xerxes e depois o retorno de Xerxes, que irá terminar de esclarecer e relatar os ocorridos nessa derrota.

Em todo o texto podemos observar a visão de um grego a respeito de outro povo, os persas, além da estrutura da peça, na qual o coro fala de forma lírica. A compreensão do conceito de tragédia pelos gregos antigos também é possível de observar na leitura desse texto, assim como a importância dos deuses em qualquer fato.

Talvez seja um texto estranho, tanto pela linguagem, como pela narrativa de uma batalha que ocorreu há tanto tempo, porém quando você mergulha na leitura consegue imaginar toda a situação narrada, assim como o sofrimento pela destruição de seu país. Vale a leitura!

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