Assisti “Antonia” da forma como é possível “ir ao teatro”, atualmente. Assistir teatro de dentro da minha casa, pela tela da TV e conseguir estabelecer uma relação com a cena, é algo que continua me espantando. A conexão se estabelece, mesmo com a distância espacial.
“Antonia” faz um ótimo uso dos recursos audiovisuais, sem que por isso passe a ser cinema. Conseguimos ver as atrizes e quase tocá-las, nesta proximidade que é criada pela filmagem. A iluminação e a troca de telas faz o movimento de escolha que poderia ser feito pelo nosso olhar.
Na descrição disponível no site da SP Escola de teatro, encontro a seguinte explicação: “Vozes cruzadas de uma mãe – estilhaços de tempos distintos – acompanham dois momentos fundamentais na vida de seu filho: o primeiro dia de aula e o leito de morte. “Antonia”, desta forma, propõe uma reflexão acerca do feminino, da maternidade e do amor.”
Ao assistir à peça, sendo alguém que já era adulta quando a AIDS invadiu nossas vidas, me lembrei deste momento, no qual tantos jovens se foram, assim como agora, mesmo que agora sejam os mais velhos com maior risco.
Para além de meu interesse como profissional da área, a peça conversa com a mãe de uma jovem, que sou. A maternidade é como o ar ou como o vírus, ocupa todos os espaços e transforma seu olhar para o mundo.
Vale a pena acompanhar o caminho de “Antonia”, sua delicadeza, embalada pela música incomparável sobre a dor da ausência de um filho.
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FICHA TÉCNICA
Texto de Carlos Hee
Direção: Joaquim Gama
Com Dione Leal e Elen Londero
Concepção Musical: Gustavo Dall’Acqua e Rodrigo Londero
Fotos: André Stefano
Videomaker: Jones Gama
Apoio Técnico e Artístico: Claudio Valente
Curadoria: Bartholomeu de Haro