Todas as idades, desde que saibam ler com fluência.
Condições necessárias
Uma sala que permita movimento, de preferência sem muito barulho.
Materiais necessários
Cópias de um mesmo trecho de um texto teatral.
Como acontece?
Entregue uma folha para cada aluno com um trecho de uma peça teatral reproduzido em um tamanho de letra que seja possível ler se movimentando.
Proponha que todos leiam o texto diversas vezes, caminhando pela sala. Esta primeira leitura tem o objetivo de que o grupo conheça o texto e entenda o que está falando.
Peça que cada aluno escolha uma frase do texto e repita-a diversas vezes com intenções variadas, explorando as diferentes maneiras de dizer este mesmo trecho.
Faça uma roda e proponha que o texto seja dito por todos, cada um falará uma frase, buscando variedade na maneira de falar.
Para fazer antes
Proponha um aquecimento vocal, no qual os alunos irão explorar a projeção de voz, o ritmo da fala, a altura – mais grave ou mais agudo – e o volume alto ou baixo. Também é importante usar os intervalos da fala, brincar com a respiração e com as muitas maneiras de falar que temos.
Para fazer depois
Divida o grupo conforme o número de personagens da cena escolhida e proponha que apresentem esta cena uns para os outros. Será interessante observar como a forma de falar irá interferir na encenação e no sentido que o texto pode ganhar.
No ensino de teatro é muito difícil escolher um texto para montar uma peça com os alunos, sejam da idade que forem!
Talvez a principal dificuldade seja do número de alunos em contraposição ao número de personagens. Quase todas as peças tem poucos personagens e quase todas as salas de aula tem muitos alunos. É uma conta que não fecha!
A situação só piora quando observamos o número de personagens que tem alguma importância no enredo. Dois exemplos clássicos de montagens feitas na Educação Infantil e nos primeiros anos do Fundamental: Os três porquinhos – 4 personagens e Chapeuzinho Vermelho – 5 personagens.
Os poucos alunos considerados capazes irão fazer alguns destes personagens. Para os demais sobram as árvores, os pássaros, os bichinhos da floresta ou alguma invenção humana feita pela professora.
A tentativa de encaixar uma turma de 25 alunos em uma apresentação com 5 personagens, quase nunca funciona. Alunos chateados, irrequietos e que chegam a conclusão de que fazer teatro é muito chato!
Como fazer? Mudar a forma de pensar texto para alunos pequenos. Buscar personagens coletivos. Buscar histórias nas quais muitos personagens interajam. Fazer com que várias crianças interpretem o mesmo personagem.
É possível encontrar diferentes soluções, o que fundamenta a busca é ter claro que o mais importante na apresentação é possibilitar a criação cênica com o corpo e com a voz, portanto a escolha do texto e as opções sobre como apresentar não podem colocar o texto na frente das crianças.
Conheci o Grupo XIX de Teatro assistindo a peça Hysteria, que me encantou, não apenas pela temática, mas principalmente pela delicadeza com a qual trataram as mulheres presentes, em cena ou na plateia.
O fato de nos sentarmos em meio a cena, apenas as mulheres, causou um estranhamento imediato. Casais separados para ver o espetáculo, assim como foram apartadas do direito de viver socialmente tantas mulheres consideradas histéricas.
O momento em que uma das personagens pega na minha mão e fica ao meu lado por alguns momentos, me fez ser conduzida por estas situações e sofrimentos vividos por tantas mulheres.
No site do grupo é possível conhecer este e outros trabalhos realizados. Se você acessar a página www.grupoxix.com.br encontrará esta história:
“O grupo XIX de teatro tem um trabalho contínuo de 12 anos, com uma pesquisa temática e dramaturgia própria, uma pesquisa estética de exploração de prédios históricos como espaços cênicos e uma investigação sobre a participação ativa do público.
O grupo mantém em repertório suas cinco peças: Hysteria, Hygiene, Arrufos, Marcha para Zenturo e Nada aconteceu Tudo acontece Tudo está acontecendo. Somando suas trajetórias o grupo XIX de teatro já se apresentou em 73 cidades de 16 estados nas 5 regiões brasileiras, totalizando mais 1000 apresentações atingindo um publico estimado de 75.000 pessoas. (…) Desde 2004 o grupo XIX de teatro realiza sua residência artística na Vila Maria Zélia na Zona Leste de São Paulo. A estada do grupo nestes prédios públicos tem não só chamado a atenção para a necessidade do restauro e preservação destes espaços, como também apontado a vocação cultural dos mesmos. As longas temporadas das peças do grupo XIX colocaram a Vila Maria Zélia no mapa Cultural Brasileiro. Prova maior disso é que hoje outros coletivos, inclusive de outras cidades, também cumprem suas temporadas no local.
Este movimento tem impulsionado ainda mais um outro importante projeto do grupo: Os Núcleos de Pesquisa. Os Núcleos são coletivos formados a partir de seleções que já chegaram a atingir o número de 400 inscritos, que ao longo do ano sob a orientação dos artistas do grupo XIX de teatro, desenvolvem diversas pesquisas nas áreas de atuação, direção, dramaturgia, corpo e direção de arte. No total mais de 1000 artistas já participaram destas atividades e delas têm surgido novos coletivos teatrais de destaque como o Teatro da Travessia, Teatro do Fubá dentre outros.”
Fique atento, entre na página, veja um de seus espetáculos!
Esta peça é, com certeza, uma das mais conhecidas peças infantis brasileiras. Escrita por Maria Clara Machado, foi ao palco pela primeira vez no Tablado no Rio de Janeiro, em setembro de 1955, com cenário de Napoleão Moniz Freire, figurinos de Kalma Murtinho, sonoplastia de Edelvira Fernandes e Martha Rosman e direção de Maria Clara Machado.
Vale a pena conhecer a obra desta autora, que tem quase 30 peças infantis!
Neste texto é possível observar o conhecimento do teatro de Maria Clara Machado, pelas indicações feitas seja para o cenário, figurino ou para a atuação. Enquanto lemos é possível imaginar a cena dentro do sótão e se divertir com o fato inusitado de um fantasminha que tem medo de gente.
Leia um trecho da peça neste post e termine a leitura no link: http://www.pilha.vrc.puc-rio.br/pilha6/pdf/pluft.pdf
ATO ÚNICO
Cenário: Um sótão. À direita uma janela dando para fora de onde se avista o céu. No meio, encostado à parede do fundo, um baú. Uma cadeira de balanço. Cabides onde se vêem, pendurados, velhas roupas e chapéus. Coisas de marinha. Cordas, redes. O retrato velado do capitão Bonança. À esquerda, a entrada do sótão. Ao abrir o pano, a Senhora Fantasma faz tricô, balançando-se na cadeira, que range compassadamente. Pluft, o fantasminha, brinca com um barco. Depois larga o barco e pega uma velha boneca de pano. Observa-a por algum tempo.
PLUFT: Mamãe!
MÃE: O que é, Pluft?
PLUFT: (Sempre com a boneca de pano) Mamãe, gente existe?
MÃE: Claro, Pluft. Claro que gente existe.
PLUFT: Mamãe, tenho tanto medo de gente! (Larga a boneca.)
MÃE: Bobagem, Pluft.
PLUFT: Ontem passou lá embaixo, perto do mar, e eu vi.
MÃE: Viu o que, Pluft?
PLUFT: Vi gente, mamãe. Só pode ser. Três.
MÃE: E você teve medo?
PLUFT: Muito, mamãe.
MÃE: Você é bobo, Pluft. Gente é que tem medo de fantasma e não fantasma que tem medo de gente.
PLUFT: Mas eu tenho.
MÃE: Se seu pai fosse vivo, Pluft, você apanharia uma surra com esse medo bobo. Qualquer dia destes eu vou te levar ao mundo para vê-los de perto.
PLUFT: Ao mundo, mamãe?!!
MÃE: É, ao mundo. Lá embaixo, na cidade…
PLUFT: (Muito agitado vai até a janela. Pausa.) Não, não, não. Eu não acredito em gente, pronto…
MÃE: Vai sim, e acabará com estas bobagens. São histórias demais que o tio Gerúndio conta para você. (Pluft corre até um canto e apanha um chapéu de almirante.)
PLUFT: Olha, mamãe, olha o que eu descobri! O que é isto?!
MÃE: Isto tio Gerúndio trouxe do mar. (Pluft fora de cena continua a descobrir coisas, que vai jogando em cena: panos, roupas, chapéus etc.)
PLUFT: Por que tio Gerúndio não trabalha mais no mar, hem, mamã?
MÃE: Porque o mar perdeu a graça para ele…
PLUFT: (Sempre remexendo, descobre um espartilho de mulher) E isto, mamãe, (aparecendo) que é isso? Ele trouxe isto também do mar? (Coloca o espartilho na cabeça e passeia em volta da mãe.)
Uma sala na qual o grupo de alunos se divida entre palco e plateia.
Materiais necessários
Nenhum
Como acontece?
Peça que metade dos alunos fique em pé, como se estivesse em cena e a outra metade, sentada, observando-os, como plateia.
Oriente o grupo que está como plateia a observar atentamente o que os demais estão fazendo.
Passado algum tempo, peça que o grupo que está no palco faça uma ação simples, como contar os azulejos do piso, ou as lâmpadas da sala ou qualquer coisa em número suficiente para entreter por um tempo os participantes.
Depois que metade do grupo estiver como público troque as posições e repita a proposta, alterando o que será contado.
Quando terminar os dois grupos, questione como as pessoas se sentiram ao estarem no palco sendo observadas sem ter nada para fazer e se mudou quando estavam contando.
Pergunte também para a plateia o que observaram. A proposta deste jogo é dupla, tanto possibilitar aos atores a percepção de que quando estamos em cena é importante ter algo a fazer, o que não significa estar em movimento, mas ter uma ação dramática; quanto permitir a reflexão de que a plateia é parte do jogo, é parte da cena.
Se a plateia não está envolvida, atenta, interagindo com a cena, nada acontece. A percepção de que a plateia é parte da apresentação irá possibilitar o envolvimento de todos. Frases como: “Silêncio! Olha para frente! Fica quieto! Não fica se mexendo!” são desnecessárias quando a plateia está envolvida com o que está sendo apresentado a ela.
Quando você, professora, observa a necessidade de orientar teu grupo de alunos para um comportamento adequado ao teatro, busque frases que levem à conexão com a apresentação, tais como: “Observem os detalhes! Escutem o que está sendo dito! Estabeleça conexão com a cena! Se envolva com os atores!”
OBS: Este jogo foi proposto por Viola Spolin e se chama Exposição. Está descrito no livro “Improvisação para o teatro”.
A imagem deste post está disponível em https://ciavostraz.wordpress.com/2011/08/17/463/.
Legalmente esta resposta é simples, pois a pessoa formada em Pedagogia pode lecionar qualquer disciplina, seja na Educação Infantil ou no Fundamental 1 e no Fundamental 2 e no Ensino Médio será somente quem é Licenciado em Artes.
Mas como alguém que nunca fez ou estudou teatro poderá ensinar para alguém?
O meu trabalho como professora para o curso de Pedagogia ou para pedagogos já formados me faz ter a impressão de que a maior parte deste grupo de professoras não teve qualquer formação nesta linguagem. E então passamos para outra pergunta: como resolver este buraco? Como fazer com que a ausência de experiências com a linguagem teatral, por parte dos professores, não gere novas gerações nas mesmas condições?
Este blog tenta, ainda que considerando os limites que um blog pode ter, preencher parte desta lacuna.
Tenho certeza absoluta que a experiência de fazer teatro é insubstituível. Também tenho certeza que qualquer professor de teatro que tenha estudado seja pela prática realizada, seja pela leitura que fundamenta o ensino de teatro, será um professor muito melhor. Mas acredito que se você é uma professora que deseja incluir o teatro na sua prática pedagógica com alunos do Infantil e Fundamental 1 e ainda não teve uma formação específica na área, comece agora este caminho.
Ir ao teatro, assistir espetáculos, ler peças teatrais, estudar teóricos que discutem o tema e experimentar algumas propostas com seus alunos é um bom começo. Fazer cursos que são oferecidos na tua cidade, podendo vivenciar coletivamente esta prática é uma forma feliz e responsável de continuar a descobrir possibilidades.
Se você é professor do Fundamental 2, Médio, EJA ou outros espaços educativos, procure também o professor de Artes e troque ideias, talvez vocês façam um projeto juntos. Nos muitos relatos que já ouvi, os professores de português e de história foram os responsáveis pela pouca experiência teatral vivida. É o ideal? Não! Mas é melhor do que nada.
Este post é para informar que o blog estará de férias de hoje até 24 de janeiro. Afinal é um blog escrito por uma professora que trabalha com teatro e que entende que seu corpo precisa descansar!
A relação entre palco e plateia é com certeza fonte de diversas reflexões sobre a cena teatral. Há quem diga que no ensino de teatro não importa a apresentação, o que importa é o processo vivido pelos alunos/atores.
Como não importar algo que faz parte da cena?
Muitas confusões neste meio de campo são decorrentes de uma concepção de peça teatral como um grande espetáculo, como algo pronto para ser mostrado a uma plateia que vê a cena distante da mesma. A imagem do palco italiano, com luzes sobre os atores, que ofuscam seu olhar, impedindo-o de ver o público, que por sua vez está lá, longe, sentado nas cadeiras da plateia, quase como uma massa de gente.
Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Neste pequeno trecho da música Na carreira, Chico Buarque apresenta uma imagem de plateia que pode tanto ser assustadora, pensando em bocas abertas e devoradoras, mas também pode ser uma imagem de entrega, de encontro, de almas que se juntam neste momento da criação.
Vejo a plateia nesta segunda opção, como pessoas com as quais os alunos/atores se encontram, trocam, criam juntos, na proposição de uns e na leitura de outros.
Talvez este encontro seja o que há de mais encantador na Arte, este encontro que acontece entre o artista, sua obra e seu público, encontro do qual todos saem transformados.
Você pode estar pensando que isto talvez ocorra com atores profissionais, mas não com crianças em apresentações escolares. Será que não? Não digo que seja o mesmo, mas há algo de essencial que perpassa a todas as apresentações, que é vivenciar juntos um processo criativo. Quando o que se apresenta é o resultado de um processo criativo, ainda que com os limites decorrentes da pouca idade ou do pequeno domínio desta linguagem, vivemos o encanto de compartilhar um processo criativo, uma descoberta, o conhecer.
Mas para que este encanto ocorra é necessário adequar a plateia, seu tamanho, seu formato, a proximidade com a cena, ao grupo que se apresenta. Nem sempre precisamos de um palco italiano, com luzes e distância. Algumas plateias precisam ficar pertinho, perto o suficiente para serem tocadas pelas crianças. Como fazer isto? Volto a este assunto em um próximo post!
Esta peça foi escrita por Molière e a primeira encenação ocorreu em 10 de fevereiro de 1673. Você pode estar se perguntando qual a razão em ler um texto tão antigo e não há dúvida de que é uma boa pergunta. A minha resposta para tal pergunta é de que, apesar dos 344 anos que separam sua primeira apresentação deste post, o texto continua atual!
É incrível como existem questões que permanecem nas relações humanas por tanto tempo.
Molière é um clássico da dramaturgia mundial e um dos maiores comediógrafos de todos os tempos. Possivelmente por ter sido ator e diretor, seu texto demonstra a noção do efeito cômico, do que pode funcionar no palco.
Molière usou as suas obras para criticar os costumes da época. É possível observar a influência da Comédia Del’Arte, porém suas peças ultrapassaram a comédia de costumes unindo entretenimento e reflexão, com críticas aos burgueses, nobres, ao poder político e as regras da sociedade em geral.
Em “O doente imaginário”, Molière critica a classe médica, com seus palavrórios, escritos e fórmulas ininteligíveis. Os médicos são seu principal alvo, demonstrando a maneira pela qual se relacionam com seus pacientes fazendo uso do poder sobre quem está doente ou assim acredita estar.
Argan é o personagem central, hipocondríaco, sovina, carente e solitário. A sua volta veremos os diferentes personagens interessados em seu dinheiro e em obter proveito desta condição. Outros tentam alertá-lo e nesta situação vemos tramada uma história de poder, interesse e manipulação.
Vale a pena se divertir e conhecer um pouco deste autor. Se você gostar desta, pode ler um pouco mais, algumas de suas peças são: Escola de mulheres, Tartufo e O Misantropo.
Aí vai um pouco do texto para dar vontade de mais.
CENA II
Nieta:(entrando) Já vai.
Argon: Sua cachorra. Sua malandra!
Nieta: (fingindo ter batido a cabeça) Puxa vida, que impaciência. O senhor apressa tanto a gente que eu acabei batendo com a cabeça, com toda a força, na porta.
Argon: Traidora.
Nieta: (Fica se lamentando para interrompê-lo e impedi-lo de gritar) Ai… Ai…
Argon:Faz…
Nieta:Ai.
Argon:Faz uma hora…
Nieta: Ai.
Argon:…que você me deixou…
Nieta:Ai.
Argon: Cale a boca, fingida, que eu estou te repreendendo.
Nieta:Ainda mais essa, depois de tudo o que me aconteceu.
Argon:Você me obrigou a grita, cretina.
Nieta: E eu, por sua causa quase quebro a cabeça. Estamos quites, então.
Argon:Sua bandida.
Nieta: Se continuar xingando, vou chorar.
Argon:Me largar sozinho…
Nieta: (Para interrompê-lo) Ai.
Argon:Cachorra. Você quer…
Nieta:Ai.
Argon:Será que eu não posso nem ter o prazer de brigar?
Nieta:Brigue o quanto quiser, eu não ligo.
Argon: Você me impede, sua imbecil, me interrompendo a toda hora.
Nieta:Se o senhor tem prazer em brigar, eu tenho prazer em chorar. Cada um faz o que gosta. Não há nada demais.
Argon: Está bem. Desisto. Tire isso daqui, tire. (Ele se levanta da cadeira) Veja se minha lavagem, de hoje, fez efeito.
Nieta:Sua lavagem?
Argon: É. Saiu minha bílis?
Nieta: Ah, não. Não tenho nada a ver com essa coisa. O Sr. Flores que meta o nariz aí. Ele ganha para isso.
Argon:Que mantenham a água fervendo para a próxima.
Nieta: Esse Sr. Flores e esse Dr. Purgan se divertem bem como o seu corpo. Têm no senhor uma vaca leiteira e eu adoraria perguntar a eles o motivo de tantos remédios.
Argon: Fique quieta, ignorante. Não é você que vai controlar minhas receitas médicas. Chame Angélica. Quero falar com ela.
Nieta:Parece que adivinhou seu pensamento, pois já está aqui.
Assisti esta peça no teatro Polytheama de Jundiaí no dia seguinte de uma noite de tempestade. A peça começa com uma chuva, semelhante a que se ouvia na noite anterior, só que desta vez a chuva era só dentro do teatro.
Os efeitos deste espetáculo valem a pena! A composição das cenas que unem cenário, figurino, iluminação e sonoplastia nos permitem entrar nas diferentes histórias narradas.
A peça parte do livro A mulher que matou os peixes, de Clarice Lispector e vai contando sobre a autora, que gostava tanto de animais. As personagens questionam o público sobre a possibilidade de perdoar esta mulher que matou os peixes de seus filhos, por descuido.
Algumas cenas, como a que caem bolhas de sabão são poesia em movimento. As duas atrizes conseguem dominar o espaço do palco, mesmo sendo um palco grande como do Polytheama e dialogam com a plateia, em sua maioria crianças. As capas de chuva com que começas também são lindas, um ótimo exemplo de como um figurino transforma uma cena.
Há momentos que a peça assume um tom de moral a ser aprendida, tom desnecessário, pois a ideia de pedir perdão e contar sobre as histórias de Clarice Lispector dispensa a lição de casa. De qualquer forma, a beleza das cenas vale a pena!
FICHA TÉCNICA Elenco: Carol Badra e Mel Lisboa. Dramaturgia e direção: GpeteanH. Diretor Assistente: Arnaldo D’Ávila. Diretor de Arte: Marco Lima. Diretor Musical: Pedro Paulo Bogossian. Coreografia: Chris Matallo. Iluminação: Alessandra Domingues. Direção Técnica: Yuri Fabiano. Confecção de bonecos e adereços: Zé Valdir Albuquerque Costureira: Zezé de Castro Fotos: Deborah Schcolnic. Direção de Produção: Cristiani Zonzini. Direção Geral: GpeteanH.