Desafio “Todos em cena” – Ser professor

Um mês de desafio! Muitas brincadeiras para alegrar nosso período em quarentena.

Um mês dentro de casa aprendendo brincadeiras novas, muitas coisas para fazermos com nossos corpos e com a nossa imaginação.

E o desafio de hoje é para brincarmos de ser professores no meio do corona vírus!

Você já imaginou como os teus professores estão fazendo para dar aula de dentro da casa deles?

É uma confusão danada, não é?

Então você vai começar essa brincadeira lembrando da tua escola, dos lugares onde você fica lá, da tua sala de aula, dos cantinhos para brincar, dos espaços para aula de educação física, do pátio e de qualquer outro lugar onde você goste de ficar.

Ficou com saudades? Tenho certeza que teus professores também ficaram! Todos nós estamos em casa com saudades de um monte de coisas, mas agora o melhor é ficarmos com saudades e continuarmos em casa, encontrando maneiras de aprender coisas novas e nos divertirmos.

E uma destas maneiras é brincando de fazer de conta.

Para fazer de conta que você é um professor ou uma professora no meio do corona vírus, você vai começar lembrando de um professor ou professora de quem você goste muito. Lembre-se da forma que ela fala, que ele se movimenta, lembre-se de seu olhar, de seu cabelo, do movimento de seu corpo.

Agora você vai organizar o teu espaço de casa, imaginando que você é a tua professora dando aula de dentro da casa dela. Pode ser que no meio da aula, um filho peça ajuda para alguma coisa, se ela tiver filhos. Pode ser que o cachorro dele pule no meio dos livros, se ele tiver cachorro. Pode ser que um vizinho grite e o grito apareça no meio da gravação. Junte nesta brincadeira coisas de verdade que estão acontecendo na tua casa e imite a tua professora.

Faça como ela, imagine que tem um monte de alunos na tua frente!

Pluft, o fantasminha.

Esta peça é, com certeza, uma das mais conhecidas peças infantis brasileiras. Escrita por Maria Clara Machado, foi ao palco pela primeira vez no Tablado no Rio de Janeiro, em setembro de 1955, com cenário de Napoleão Moniz Freire, figurinos de Kalma Murtinho, sonoplastia de Edelvira Fernandes e Martha Rosman e direção de Maria Clara Machado.

Vale a pena conhecer a obra desta autora, que tem quase 30 peças infantis!

Neste texto é possível observar o conhecimento do teatro de Maria Clara Machado, pelas indicações feitas seja para o cenário, figurino ou para a atuação. Enquanto lemos é possível imaginar a cena dentro do sótão e se divertir com o fato inusitado de um fantasminha que tem medo de gente.

Leia um trecho da peça neste post e termine a leitura no link: http://www.pilha.vrc.puc-rio.br/pilha6/pdf/pluft.pdf

 

As duas imagens deste posta são montagens do Tablado , a primeira de 1955 e a segunda de 2014.

ATO ÚNICO

Cenário: Um sótão. À direita uma janela dando para fora de onde se avista o céu. No meio, encostado à parede do fundo, um baú. Uma cadeira de balanço. Cabides onde se vêem, pendurados, velhas roupas e chapéus. Coisas de marinha. Cordas, redes. O retrato velado do capitão Bonança. À esquerda, a entrada do sótão. Ao abrir o pano, a Senhora Fantasma faz tricô, balançando-se na cadeira, que range compassadamente. Pluft, o fantasminha, brinca com um barco. Depois larga o barco e pega uma velha boneca de pano. Observa-a por algum tempo.

PLUFT: Mamãe!

MÃE: O que é, Pluft?

PLUFT: (Sempre com a boneca de pano) Mamãe, gente existe?

MÃE: Claro, Pluft. Claro que gente existe.

PLUFT: Mamãe, tenho tanto medo de gente! (Larga a boneca.)

MÃE: Bobagem, Pluft.

PLUFT: Ontem passou lá embaixo, perto do mar, e eu vi.

MÃE: Viu o que, Pluft?

PLUFT: Vi gente, mamãe. Só pode ser. Três.

MÃE: E você teve medo?

PLUFT: Muito, mamãe.

MÃE: Você é bobo, Pluft. Gente é que tem medo de fantasma e não fantasma que tem medo de gente.

PLUFT: Mas eu tenho.

MÃE: Se seu pai fosse vivo, Pluft, você apanharia uma surra com esse medo bobo. Qualquer dia destes eu vou te levar ao mundo para vê-los de perto.

PLUFT: Ao mundo, mamãe?!!

MÃE: É, ao mundo. Lá embaixo, na cidade…

PLUFT: (Muito agitado vai até a janela. Pausa.) Não, não, não. Eu não acredito em gente, pronto…

MÃE: Vai sim, e acabará com estas bobagens. São histórias demais que o tio Gerúndio conta para você. (Pluft corre até um canto e apanha um chapéu de almirante.)

PLUFT: Olha, mamãe, olha o que eu descobri! O que é isto?!

MÃE: Isto tio Gerúndio trouxe do mar. (Pluft fora de cena continua a descobrir coisas, que vai jogando em cena: panos, roupas, chapéus etc.)

PLUFT: Por que tio Gerúndio não trabalha mais no mar, hem, mamã?

MÃE: Porque o mar perdeu a graça para ele…

PLUFT: (Sempre remexendo, descobre um espartilho de mulher) E isto, mamãe, (aparecendo) que é isso? Ele trouxe isto também do mar? (Coloca o espartilho na cabeça e passeia em volta da mãe.)

Alunos em cena: qual o papel do público?

Para quem?

Todas as idades, a partir de 7 anos.

Condições necessárias

Uma sala na qual o grupo de alunos se divida entre palco e plateia.

Materiais necessários

Nenhum

Como acontece?

Peça que metade dos alunos fique em pé, como se estivesse em cena e a outra metade, sentada, observando-os, como plateia.

Oriente o grupo que está como plateia a observar atentamente o que os demais estão fazendo.

Passado algum tempo, peça que o grupo que está no palco faça uma ação simples, como contar os azulejos do piso, ou as lâmpadas da sala ou qualquer coisa em número suficiente para entreter por um tempo os participantes.

Depois que metade do grupo estiver como público troque as posições e repita a proposta, alterando o que será contado.

Quando terminar os dois grupos, questione como as pessoas se sentiram ao estarem no palco sendo observadas sem ter nada para fazer e se mudou quando estavam contando.

Pergunte também para a plateia o que observaram. A proposta deste jogo é dupla, tanto possibilitar aos atores a percepção de que quando estamos em cena é importante ter algo a fazer, o que não significa estar em movimento, mas ter uma ação dramática; quanto permitir a reflexão de que a plateia é parte do jogo, é parte da cena.

Se a plateia não está envolvida, atenta, interagindo com a cena, nada acontece. A percepção de que a plateia é parte da apresentação irá possibilitar o envolvimento de todos. Frases como: “Silêncio! Olha para frente! Fica quieto! Não fica se mexendo!” são desnecessárias quando a plateia está envolvida com o que está sendo apresentado a ela.

Quando você, professora, observa a necessidade de orientar teu grupo de alunos para um comportamento adequado ao teatro, busque frases que levem à conexão com a apresentação, tais como: “Observem os detalhes! Escutem o que está sendo dito! Estabeleça conexão com a cena! Se envolva com os atores!”

OBS: Este jogo foi proposto por Viola Spolin e se chama Exposição. Está descrito no livro “Improvisação para o teatro”.

A imagem deste post está disponível em https://ciavostraz.wordpress.com/2011/08/17/463/.

 

Quem pode ensinar teatro?

Legalmente esta resposta é simples, pois a pessoa formada em Pedagogia pode lecionar qualquer disciplina, seja na Educação Infantil ou no Fundamental 1 e no Fundamental 2 e no Ensino Médio será somente quem é Licenciado em Artes.

Mas como alguém que nunca fez ou estudou teatro poderá ensinar para alguém?

O meu trabalho como professora para o curso de Pedagogia ou para pedagogos já formados me faz ter a impressão de que a maior parte deste grupo de professoras não teve qualquer formação nesta linguagem. E então passamos para outra pergunta: como resolver este buraco? Como fazer com que a ausência de experiências com a linguagem teatral, por parte dos professores, não gere novas gerações nas mesmas condições?

Este blog tenta, ainda que considerando os limites que um blog pode ter, preencher parte desta lacuna.

Tenho certeza absoluta que a experiência de fazer teatro é insubstituível. Também tenho certeza que qualquer professor de teatro que tenha estudado seja pela prática realizada, seja pela leitura que fundamenta o ensino de teatro, será um professor muito melhor. Mas acredito que se você é uma professora que deseja incluir o teatro na sua prática pedagógica com alunos do Infantil e Fundamental 1 e ainda não teve uma formação específica na área, comece agora este caminho.

Ir ao teatro, assistir espetáculos, ler peças teatrais, estudar teóricos que discutem o tema e experimentar algumas propostas com seus alunos é um bom começo. Fazer cursos que são oferecidos na tua cidade, podendo vivenciar coletivamente esta prática é uma forma feliz e responsável de continuar a descobrir possibilidades.

Se você é professor do Fundamental 2, Médio, EJA ou outros espaços educativos, procure também o professor de Artes e troque ideias, talvez vocês façam um projeto juntos. Nos muitos relatos que já ouvi, os professores de português e de história foram os responsáveis pela pouca experiência teatral vivida. É o ideal? Não! Mas é melhor do que nada.

Férias

Este post é para informar que o blog estará de férias de hoje até 24 de janeiro. Afinal é um blog escrito por uma professora que trabalha com teatro e que entende que seu corpo precisa descansar!

Bom final de ano para todos!

Até janeiro com novas cenas!!!

Palmas para o artista

A relação entre palco e plateia é com certeza fonte de diversas reflexões sobre a cena teatral. Há quem diga que no ensino de teatro não importa a apresentação, o que importa é o processo vivido pelos alunos/atores.

Como não importar algo que faz parte da cena?

Imagem do Teatro Polytheama de Jundiaí

Muitas confusões neste meio de campo são decorrentes de uma concepção de peça teatral como um grande espetáculo, como algo pronto para ser mostrado a uma plateia que vê a cena distante da mesma. A imagem do palco italiano, com luzes sobre os atores, que ofuscam seu olhar, impedindo-o de ver o público, que por sua vez está lá, longe, sentado nas cadeiras da plateia, quase como uma massa de gente.

Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar

Neste pequeno trecho da música Na carreira, Chico Buarque apresenta uma imagem de plateia que pode tanto ser assustadora, pensando em bocas abertas e devoradoras, mas também pode ser uma imagem de entrega, de encontro, de almas que se juntam neste momento da criação.

Vejo a plateia nesta segunda opção, como pessoas com as quais os alunos/atores se encontram, trocam, criam juntos, na proposição de uns e na leitura de outros.

Talvez este encontro seja o que há de mais encantador na Arte, este encontro que acontece entre o artista, sua obra e seu público, encontro do qual todos saem transformados.

Você pode estar pensando que isto talvez ocorra com atores profissionais, mas não com crianças em apresentações escolares. Será que não? Não digo que seja o mesmo, mas há algo de essencial que perpassa a todas as apresentações, que é vivenciar juntos um processo criativo. Quando o que se apresenta é o resultado de um processo criativo, ainda que com os limites decorrentes da pouca idade ou do pequeno domínio desta linguagem, vivemos o encanto de compartilhar um processo criativo, uma descoberta, o conhecer.

Imagem de apresentação do Projeto Palco, disponível em www.projetopalco.com.br

Mas para que este encanto ocorra é necessário adequar a plateia, seu tamanho, seu formato, a proximidade com a cena, ao grupo que se apresenta. Nem sempre precisamos de um palco italiano, com luzes e distância. Algumas plateias precisam ficar pertinho, perto o suficiente para serem tocadas pelas crianças. Como fazer isto? Volto a este assunto em um próximo post!

O doente imaginário

Esta peça foi escrita por Molière e a primeira encenação ocorreu em 10 de fevereiro de 1673. Você pode estar se perguntando qual a razão em ler um texto tão antigo e não há dúvida de que é uma boa pergunta. A minha resposta para tal pergunta é de que, apesar dos 344 anos que separam sua primeira apresentação deste post, o texto continua atual!

É incrível como existem questões que permanecem nas relações humanas por tanto tempo.

Cacá Rosset em O doente imaginário, disponível em http://tc.batepapo.uol.com.br

Molière é um clássico da dramaturgia mundial e um dos maiores comediógrafos de todos os tempos. Possivelmente por ter sido ator e diretor, seu texto demonstra a noção do efeito cômico, do que pode funcionar no palco.

Molière usou as suas obras para criticar os costumes da época. É possível observar a influência da Comédia Del’Arte, porém suas peças ultrapassaram a comédia de costumes unindo entretenimento e reflexão, com críticas aos burgueses, nobres, ao poder político e as regras da sociedade em geral.

Em “O doente imaginário”, Molière critica a classe médica, com seus palavrórios, escritos e fórmulas ininteligíveis. Os médicos são seu principal alvo, demonstrando a maneira pela qual se relacionam com seus pacientes fazendo uso do poder sobre quem está doente ou assim acredita estar.

Argan é o personagem central, hipocondríaco, sovina, carente e solitário. A sua volta veremos os diferentes personagens interessados em seu dinheiro e em obter proveito desta condição. Outros tentam alertá-lo e nesta situação vemos tramada uma história de poder, interesse e manipulação.

Vale a pena se divertir e conhecer um pouco deste autor. Se você gostar desta, pode ler um pouco mais, algumas de suas peças são: Escola de mulheres, Tartufo e O Misantropo.

Aí vai um pouco do texto para dar vontade de mais.

Foto disponível em: https://repositorio.unesp.br

CENA II

Nieta:(entrando) Já vai.

Argon: Sua cachorra. Sua malandra!

Nieta: (fingindo ter batido a cabeça) Puxa vida, que impaciência. O senhor apressa tanto a gente que eu acabei batendo com a cabeça, com toda a força, na porta.

Argon: Traidora.

Nieta: (Fica se lamentando para interrompê-lo e impedi-lo de gritar) Ai… Ai…

Argon: Faz…

Nieta: Ai.

Argon: Faz uma hora…

Nieta: Ai.

Argon: …que você me deixou…

Nieta: Ai.

Argon: Cale a boca, fingida, que eu estou te repreendendo.

Nieta: Ainda mais essa, depois de tudo o que me aconteceu.

Argon: Você me obrigou a grita, cretina.

Nieta: E eu, por sua causa quase quebro a cabeça. Estamos quites, então.

Argon: Sua bandida.

Nieta: Se continuar xingando, vou chorar.

Argon: Me largar sozinho…

Nieta: (Para interrompê-lo) Ai.

Argon: Cachorra. Você quer…

Nieta: Ai.

Argon: Será que eu não posso nem ter o prazer de brigar?

Nieta: Brigue o quanto quiser, eu não ligo.

Argon: Você me impede, sua imbecil, me interrompendo a toda hora.

Nieta: Se o senhor tem prazer em brigar, eu tenho prazer em chorar. Cada um faz o que gosta. Não há nada demais.

Argon: Está bem. Desisto. Tire isso daqui, tire. (Ele se levanta da cadeira) Veja se minha lavagem, de hoje, fez efeito.

Nieta: Sua lavagem?

Argon: É. Saiu minha bílis?

Nieta: Ah, não. Não tenho nada a ver com essa coisa. O Sr. Flores que meta o nariz aí. Ele ganha para isso.

Argon: Que mantenham a água fervendo para a próxima.

Nieta: Esse Sr. Flores e esse Dr. Purgan se divertem bem como o seu corpo. Têm no senhor uma vaca leiteira e eu adoraria perguntar a eles o motivo de tantos remédios.

Argon: Fique quieta, ignorante. Não é você que vai controlar minhas receitas médicas. Chame Angélica. Quero falar com ela.

Nieta: Parece que adivinhou seu pensamento, pois já está aqui.

Pescadora de ilusões

Assisti esta peça no teatro Polytheama de Jundiaí no dia seguinte de uma noite de tempestade. A peça começa com uma chuva, semelhante a que se ouvia na noite anterior, só que desta vez a chuva era só dentro do teatro.

Os efeitos deste espetáculo valem a pena! A composição das cenas que unem cenário, figurino,  iluminação e sonoplastia nos permitem entrar nas diferentes histórias narradas.

A peça parte do livro A mulher que matou os peixes, de Clarice Lispector e vai contando sobre a autora, que gostava tanto de animais. As personagens questionam o público sobre a possibilidade de perdoar esta mulher que matou os peixes de seus filhos, por descuido.

Algumas cenas, como a que caem bolhas de sabão são poesia em movimento. As duas atrizes conseguem dominar o espaço do palco, mesmo sendo um palco grande como do Polytheama e dialogam com a plateia, em sua maioria crianças. As capas de chuva com que começas também são lindas, um ótimo exemplo de como um figurino transforma uma cena.

Há momentos que a peça assume um tom de moral a ser aprendida, tom desnecessário, pois a ideia de pedir perdão e contar sobre as histórias de Clarice Lispector dispensa a lição de casa. De qualquer forma, a beleza das cenas vale a pena!

As fotos deste post são de Deborah Schcolnic

FICHA TÉCNICA
Elenco: Carol Badra e Mel Lisboa.

Dramaturgia e direção: GpeteanH.
Diretor Assistente: Arnaldo D’Ávila.
Diretor de Arte: Marco Lima.
Diretor Musical: Pedro Paulo Bogossian.
Coreografia: Chris Matallo.
Iluminação: Alessandra Domingues.
Direção Técnica: Yuri Fabiano.
Confecção de bonecos e adereços: Zé Valdir Albuquerque
Costureira: Zezé de Castro
Fotos: Deborah Schcolnic.
Direção de Produção: Cristiani Zonzini.
Direção Geral: GpeteanH.

Alunos em cena: conhecendo a própria voz

Para quem?

Todas as idades, a partir de 3 anos.

Condições necessárias

Uma sala fechada, a mais silenciosa possível

Materiais necessários

Aparelho de som e músicas com diferentes cantores

As imagens deste post são recortes da boca de Milton Nascimento e de Gal Costa.

Como acontece?

Comece esta proposta mostrando algumas músicas nas quais seja perceptível a diferença da voz de alguns cantores. É importante fazer uma seleção bem diversificada, para que os alunos possam ouvir estas diferentes maneiras de usar a voz.

Você pode mostrar algumas e perguntar se é de um homem ou de uma mulher, pois alguns cantores e cantoras tem a voz tão grave ou tão aguda, que ficamos na dúvida. Um exemplo desta possível confusão é a cantora Cássia Eller, que pode parecer um homem. Dois exemplos de cantores brasileiros que possuem uma enorme abrangência entre o grave e o agudo são Milton Nascimento e Gal Costa.

Depois de ouvir esta diversidade de vozes, proponha um jogo de imitação, no qual eles irão imitar algumas destas vozes. Toque um trecho de uma música e peça para que todos imitem. Depois de imitarem por algum tempo peça que percebam qual a forma de cantar que foi mais confortável.

Tendo explorado a variação na altura (grave e agudo), é possível também explorar o volume (alto e baixo) além do ritmo (lento e rápido). Vale a pena brincar um pouco com estas diferentes formas de falar, usando esta diversidade na fala e não apenas no canto.

Para variar

Caso você trabalhe com crianças pequenas, pode ser muito divertido imitar sons de animais e do meio ambiente, observando quais sons são mais graves e quais são mais agudos.

Outra possibilidade é escutar os sons dos instrumentos e perceber a diversidade de cada um deles.

Até onde chega minha voz?

Como fazer que o público escute o que está sendo dito em cena?

Esta preocupação é bastante frequente no trabalho com não atores e quando são crianças, ainda mais.

Podemos pensar uma resposta para esta questão que vai em dois sentidos, que podem parecer opostos, mas são complementares.

A primeira resposta para esta questão está em dimensionar o tamanho do espaço e o número de pessoas da plateia. Isto significa que se queremos que as crianças se apresentem em público sem o uso de amplificação por meio de microfones, não podemos esperar que o alcance de suas vozes será semelhante ao de um adulto e muito menos de um ator ou atriz.

A dificuldade desta amplificação natural se deve ao fato de que o corpo das crianças não tem o mesmo tamanho do que o dos adultos e que a dificuldade em projetar a voz, em ampliá-la é muito maior nestas condições.

Você pode pensar: mas elas gritam tanto e tão alto! Sim, elas gritam alto, porém uma cena não é feita com personagens gritando, o que significa que não é possível resolver este problema no grito!

Consequentemente, aqui vai a primeira dica: adeque o espaço ao potencial das crianças! Apresentações em lugares menores, com um público menos numeroso e mais próximo da cena garante a possibilidade de que as crianças sejam ouvidas.

O segundo aspecto a ser considerado é o trabalho que precisa ser feito para que as crianças e adolescentes saibam projetar a voz e torná-la mais audível. Este trabalho será composto de diferentes exercícios de percepção e de uso da voz no qual cada um descubrirá as variáveis possíveis e a altura (me refiro ao mais grave ou mais agudo) adequada ao seu timbre.

Conhecer a própria voz é condição para poder projetá-la mais e ser mais audível.

Até aqui falamos de apenas um aspecto do trabalho com a voz, que explora possibilidades de ser ouvido em cena. Ainda falta falar sobre maneiras de trabalhar a expressão da voz, mas isto ficará para outro post.

E como este blog é voltado, principalmente, para professores e professoras, lembrem-se que mesmo não trabalhando no palco, a tua voz é um dos principais instrumentos de trabalho. Você conhece a tua? Sabe como projetá-la? Caso nunca tenha estudado tua voz, não perca tempo! Não deixe que ela se acabe!