Alunos em cena: Sons do corpo

Esta proposta tem como objetivo explorar os sons produzidos pelo corpo e pela voz.

Para quem?

Todas as idades

Condições necessárias

Uma sala com espaço para que todos se movimentem

Materiais necessários

Nenhum

Foto retirada de http://barbatuques.com.br/pt/

Como acontece?

Proponha aos alunos a exploração dos sons que o corpo pode produzir. É importante diferenciar os sons produzidos pelos gestos daqueles emitidos pela voz. Em cada um deles temos muitas variáveis possíveis: produzimos sons batendo uma parte do corpo contra outra, como as palmas ou as mãos nos braços, nas pernas, na barriga, na cabeça ou em qualquer outra parte. Também podemos produzir sons esfregando diferentes partes do corpo. A fricção das palmas das mãos não é igual àquela produzida somente pelos dedos ou pelos pés.

Outra maneira de produzirmos sons corporais resulta do contato do corpo ou de partes dele com objetos ao nosso redor, como o chão, a mesa, a parede. Claro que esta proposta pode se ampliar enormemente, ao toque de muitos objetos, gerando múltiplos e diversos sons, mas então estaremos tirando o foco dos sons do corpo.

Na exploração dos sons produzidos pela voz, podemos trabalhar a imitação de diferentes sons do meio ambiente. Proponha aos alunos alguns e depois peça que façam sugestões.

Em todas estas explorações sonoras é possível ter em mente as variações decorrentes dos parâmetros do som, isto é: altura, intensidade, duração e timbre. Para explorá-los, brinque com o ritmo, faça um som mais alto e mais baixo ou mais grave e mais agudo.

Esta proposta pode ser repetida muitas vezes, pois novas descobertas sonoras serão feitas, outros sons serão gerados, com diferentes maneiras de explorá-los. É bom lembrar que a diversidade sonora e a consciência de que podemos utilizar muitos recursos com o corpo e com a voz são importantes instrumentos  para criar diferentes personagens.

Dica

A audição de sons, seja do meio ambiente, seja de gravações reproduzidas com esse propósito poderá ampliar enormemente a diversidade das experimentações. Muitas vezes, a criação fica restrita porque os alunos têm pouco repertório musical e sonoro. Aprender a escutar é uma ótima maneira de ampliar as possibilidades criativas.

Um grupo musical que se utiliza de diferentes sons corporais é o Barbatuques. Se você nunca ouviu nada deles, vale a pena conhecer e, quem sabe, depois mostrar também aos seus alunos! Para conhecer mais, veja: http://barbatuques.com.br

O som da cena

Talvez seja estranho pensar no som da cena! Cena teatral tem som? O som não é apenas a fala dos personagens? O som da cena também pode ser chamado de sonoplastia, e podemos compreender o que é a sonoplastia a partir da escuta dos sons que existem nas nossas “cenas” cotidianas.

Vivemos rodeados de sons. Se você escutar o lugar onde está neste momento,  perceberá que, por mais silencioso que seja, está repleto de sons. Murray Schafer denominou esta situação de “paisagem sonora”. Quem se interessar por este assunto encontrará diversas publicações a respeito – há muito material a pesquisar.

Jean-Jacques Roubine, em seu livro A linguagem da encenação teatral (1998, Editora Zahar), afirma:

Os naturalistas foram os primeiros a se interrogar sobre a sonorização do espaço cênico. E se a tradicional música de cena habitualmente usada para manter um certo clima durante as pausas impostas pelas mudanças de cenários lhes aparecia como um artifício parasitário do qual era necessário se livrar, a sonoplastia, pelo contrário, era capaz, na sua opinião, de interferir com eficiência para reforçar a ilusão visual através de sua verdadeira paisagem sonora.

Os recursos para compor o ambiente sonoro são muitos e vão variar conforme a proposta da peça: pode existir a intenção de que a sonoplastia leve a plateia a se sentir no espaço no qual a cena ocorre, mas também se pode desejar que a sonoplastia traduza as emoções dos personagens, recurso bastante utilizado nas novelas. Ou, ainda, a sonoplastia pode buscar um contraponto, causando um estranhamento entre o que se vê e o que se ouve – tudo dependerá, como eu já disse, da proposta da montagem.

O uso de músicas, ruídos, canto, sejam eles executados ao vivo, pelos atores, sejam gravações reproduzidas durante a apresentação, é possível e bastante comum. Porém, é importante pensarmos que existe, inclusive, a escolha por não utilizar nenhuma sonoplastia, também como parte da concepção da cena. Seja o som pensado e escolhido ou o som do espaço no qual a apresentação ocorre, ele fará parte da cena.

Para saber mais:

Se você quer conhecer mais sobre o assunto, pode pesquisar no livro A sonoplastia no teatro, de Roberto Gil Camargo, ou na tese de Fabio Cintra, A musicalidade como arcabouço da cena: caminhos para uma educação musical no teatro, que estabelece relações entre a música e a cena teatral, enfocando a improvisação como espaço comum (Disponível aqui.)