Espetáculo feito para bebês, que propõe uma linguagem para esta faixa etária e que alcança seu objetivo, mantendo o interesse destes seres tão pequeninos. Assisti a esta apresentação em um dia quente, no V Festival Internacional de Teatro para Bebês, promovido pelo grupo Sobrevento, em São Paulo. A sala estava cheia de bebês e seus pais e foi encantador observar a forma pela qual os bebês acompanharam a apresentação.
Foto de Diego Bressani retirada do site do grupo.
A peça é poesia pura e apresenta gestos e falas do universo dos bebês. A sinopse, que pode ser conferida em www.achadouros.com, diz: “O ser humano e sua chegada no mundo. Vestígios de degradação ou matéria prima para criação? Um universo a ser desvendado. A percepção de si, do outro, das diversas formas de vida. A construção das relações. O poder imaginativo que leva à transformação e à reorganização da realidade. Duas personagens convidam o público a aventurar-se com elas em seu quintal imaginário. Através de encenação poético-teatral o espetáculo conduz a uma arqueologia das memórias da infância e convida o espectador a escrever sua própria história.” A escolha de objetos simples, a inexistência de ruídos ou sons que assustam os bebês, assim como os figurinos delicados e tranquilos, nos faz sentir que estamos em uma proposta elaborada para bebês, feita por pessoas que conhecem seu público. Neste espetáculo não colocamos os bebês na tensão do excesso, na exposição ao susto, ao ritmo acelerado permeado por músicas estridentes. Não! Não é um espetáculo que se aproxime de uma propaganda que berra para chamar a atenção das crianças Ao contrário, toda sua poesia é oferecida com delicadeza, com calma, com repetições, tão presentes nesta fase da vida.
Foto de Diego Bressani retirada do site do grupo.
A simplicidade dos gestos e o tempo oferecido à fruição denotam o conhecimento deste grupo sobre o universo infantil! Para quem quiser saber mais, acesse o site acima indicado e veja a equipe que elaborou este trabalho:
Elenco: Caísa Tibúrcio e Nara Faria Direção: José Regino Dramaturgia: Criação coletiva Criação musical: Caísa Tibúrcio e Nara Faria Figurino: José Regino Cenografia: Chico Sassi Iluminação: Marcelo Augusto Produção geral: V4 Cultural Produção executiva: Pedro Caroca Assistente de Produção: Tiana Oliveira Designer gráfico: Jana Ferreira Fotografia: Débora Amorim e Diego Bresani Registro Videográfico e Edição: Fabiano Morari
Improvisar é um termo cotidianamente utilizado quando se quer expressar que não nos preparamos para algo e precisamos resolver um problema de última hora. Nesta concepção, a ideia de improvisar está bastante associada à falta de preparo e à provável falta de qualidade. Mas também traz a ideia de algo que será feito sem um roteiro prévio e, neste aspecto, se aproxima do conceito de improvisação teatral.
Improvisação do grupo que pesquisei no meu mestrado
A improvisação pode acontecer em diferentes áreas do conhecimento e é bastante frequente na Arte. Os músicos ou os dançarinos improvisam em muitas de suas apresentações, o que significa que nem tudo o que fazem foi previamente ensaiado. No teatro, a improvisação pode ocorrer no momento da apresentação, e alguns espetáculos são estruturados de forma a que a improvisação ocorra permanentemente.
Foto retirada do site do grupo.
Um grupo teatral que tem como base a improvisação é a Cia. do Quintal. Em seus espetáculos, eles unem a improvisação e o palhaço, e as cenas são criadas com a participação do público. No espetáculo Jogando no quintal, os atores são palhaços e a cena é ambientada como um jogo de futebol. Os palhaços-atletas são divididos em times. Além deles, há um árbitro-palhaço e uma banda de músicos-palhaços, que cria sons e melodias ao vivo. As cenas são criadas com as sugestões de temas dadas pelo público. Esse é um exemplo de espetáculo que tem a improvisação em sua estrutura, mas pela descrição é possível perceber que os atores não entram em cena sem ter nenhuma ideia do que ocorrerá. Existe uma proposta que sustenta a cena, que dá um caminho por onde a peça se desenvolverá, mas cada cena é criada no momento em que ocorre. Você pode conhecer um pouco mais sobre a Cia. do Quintal passeando pelo site http://www.ciadoquintal.com.br.
O uso improvisação em cena não é algo novo e num outro post falarei sobre esta história, mas quero comentar sobre a improvisação antes da apresentação, a apresentação como uma forma de se expressar. Alguns autores escreveram sobre diferentes formas de representar. Existe muita pesquisa sobre o trabalho do ator. Você pode saber mais sobre esse assunto pesquisando alguns dos encenadores que apresentaram propostas e perceber a diferença entre eles. Dois nomes muito conhecidos entre os vários existentes são o do russo Constantin Stanislavski (1863-1938) e o do inglês Peter Brook (1925). Alguns autores escreveram sobre diferentes formas de representar. Existe muita pesquisa sobre o trabalho do ator. Você pode saber mais sobre esse assunto pesquisando alguns dos encenadores que apresentaram propostas e perceber a diferença entre eles. Dois nomes muito conhecidos entre os vários existentes são o do russo Constantin Stanislavski (1863-1938) e o do inglês Peter Brook (1925). Uma autora que escreveu muitas propostas de jogos teatrais tendo a improvisação como base foi a norte-americana Viola Spolin (1906-1994). Nos seus livros é possível encontrar muitos jogos e descobrir maneiras de explorar essa forma teatral, essa forma de criação que pode ocorrer para a criação das cenas ou, como na Cia. do Quintal, ser uma proposta que permanece até o final da apresentação. Na proposta de Spolin, a improvisação irá ocorrer por meio dos Jogos, claramente sintetizados por Ingrid D. Koudela: Spolin sugere que o processo de atuação no teatro deve ser baseado na participação em jogos. Por meio do envolvimento criado pela relação de jogo, o participante desenvolve liberdade pessoal dentro do limite de regras estabelecidas e cria técnicas e habilidades pessoais necessárias para o jogo. À medida que interioriza essas habilidades e essa liberdade ou espontaneidade, ele se transforma em um jogador criativo. Os jogos são sociais, baseados em problemas a serem solucionados. O problema a ser solucionado é o objeto do jogo. As regras do jogo incluem a estrutura (Onde, Quem, O Que) e o objeto (Foco) mais o acordo de grupo (Koudela: 1990:43). Esta não é a única maneira de improvisar, outros autores e encenadores trabalham a improvisação tendo diferentes perspectivas e diferentes maneiras de propor. Vale a pena conhecer um pouco para poder escolher o que é mais adequado para você e para seu grupo de alunos.
Improvisação do grupo que pesquisei no meu mestrado
Por que a improvisação é uma forma importante de ensinar teatro? Da mesma forma que acontece na cena teatral, quando criamos este espaço de improvisação na escola, possibilitamos aos alunos que encontrem soluções pessoais para a elaboração de cenas, para a criação de personagens, para que encontrem os gestos necessários. Se não ofereço uma definição prévia sobre como a cena deve ocorrer, possibilito que muitas soluções sejam exploradas, levando à criação. Outro aspecto significativo na improvisação é a prontidão. Quando não temos um roteiro prévio, precisamos encontrar soluções à partir dos recursos que temos e que muitas vezes nem sabemos que estavam ali. Neste sentido, improvisar é um exercício que exige a capacidade de me virar, de encontrar nos cantos do meu corpo soluções para o que é necessário fazer. Por fim, a presença é outro conceito que será explorado na improvisação. Se não estamos presentes, atentos ao espaço, a si mesmo e às pessoas com quem estou improvisando, nada irá acontecer. Nesse sentido, a improvisação pode ser interessante quando o objetivo da atividade com os alunos é o desenvolvimento da criatividade, a busca de soluções para um problema, o desenvolvimento da prontidão e da presença. Essas habilidades são importantíssimas para a realização de várias ações cotidianas, nas quais precisamos encontrar soluções para quando a vida não ocorre conforme o planejado, ou para a criação em outras áreas de conhecimento, como a produção de texto ou ainda, a capacidade de trabalhar em grupo, ouvindo o outro.Muito mais poderíamos falar sobre este tema, que é vasto, mas paro por aqui e volto a ele em outros momentos!