Alunos em cena: conhecendo a própria voz

Para quem?

Todas as idades, a partir de 3 anos.

Condições necessárias

Uma sala fechada, a mais silenciosa possível

Materiais necessários

Aparelho de som e músicas com diferentes cantores

As imagens deste post são recortes da boca de Milton Nascimento e de Gal Costa.

Como acontece?

Comece esta proposta mostrando algumas músicas nas quais seja perceptível a diferença da voz de alguns cantores. É importante fazer uma seleção bem diversificada, para que os alunos possam ouvir estas diferentes maneiras de usar a voz.

Você pode mostrar algumas e perguntar se é de um homem ou de uma mulher, pois alguns cantores e cantoras tem a voz tão grave ou tão aguda, que ficamos na dúvida. Um exemplo desta possível confusão é a cantora Cássia Eller, que pode parecer um homem. Dois exemplos de cantores brasileiros que possuem uma enorme abrangência entre o grave e o agudo são Milton Nascimento e Gal Costa.

Depois de ouvir esta diversidade de vozes, proponha um jogo de imitação, no qual eles irão imitar algumas destas vozes. Toque um trecho de uma música e peça para que todos imitem. Depois de imitarem por algum tempo peça que percebam qual a forma de cantar que foi mais confortável.

Tendo explorado a variação na altura (grave e agudo), é possível também explorar o volume (alto e baixo) além do ritmo (lento e rápido). Vale a pena brincar um pouco com estas diferentes formas de falar, usando esta diversidade na fala e não apenas no canto.

Para variar

Caso você trabalhe com crianças pequenas, pode ser muito divertido imitar sons de animais e do meio ambiente, observando quais sons são mais graves e quais são mais agudos.

Outra possibilidade é escutar os sons dos instrumentos e perceber a diversidade de cada um deles.

Até onde chega minha voz?

Como fazer que o público escute o que está sendo dito em cena?

Esta preocupação é bastante frequente no trabalho com não atores e quando são crianças, ainda mais.

Podemos pensar uma resposta para esta questão que vai em dois sentidos, que podem parecer opostos, mas são complementares.

A primeira resposta para esta questão está em dimensionar o tamanho do espaço e o número de pessoas da plateia. Isto significa que se queremos que as crianças se apresentem em público sem o uso de amplificação por meio de microfones, não podemos esperar que o alcance de suas vozes será semelhante ao de um adulto e muito menos de um ator ou atriz.

A dificuldade desta amplificação natural se deve ao fato de que o corpo das crianças não tem o mesmo tamanho do que o dos adultos e que a dificuldade em projetar a voz, em ampliá-la é muito maior nestas condições.

Você pode pensar: mas elas gritam tanto e tão alto! Sim, elas gritam alto, porém uma cena não é feita com personagens gritando, o que significa que não é possível resolver este problema no grito!

Consequentemente, aqui vai a primeira dica: adeque o espaço ao potencial das crianças! Apresentações em lugares menores, com um público menos numeroso e mais próximo da cena garante a possibilidade de que as crianças sejam ouvidas.

O segundo aspecto a ser considerado é o trabalho que precisa ser feito para que as crianças e adolescentes saibam projetar a voz e torná-la mais audível. Este trabalho será composto de diferentes exercícios de percepção e de uso da voz no qual cada um descubrirá as variáveis possíveis e a altura (me refiro ao mais grave ou mais agudo) adequada ao seu timbre.

Conhecer a própria voz é condição para poder projetá-la mais e ser mais audível.

Até aqui falamos de apenas um aspecto do trabalho com a voz, que explora possibilidades de ser ouvido em cena. Ainda falta falar sobre maneiras de trabalhar a expressão da voz, mas isto ficará para outro post.

E como este blog é voltado, principalmente, para professores e professoras, lembrem-se que mesmo não trabalhando no palco, a tua voz é um dos principais instrumentos de trabalho. Você conhece a tua? Sabe como projetá-la? Caso nunca tenha estudado tua voz, não perca tempo! Não deixe que ela se acabe!