Sons e sensações

Para quem?

Todas as idades.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Um aparelho de som.

 

Imagem disponível em https://www.clausvonoertzen.com/works/

Como acontece?

Inicie esta proposta com todos os participantes deitados de forma relaxada. Informe que colocará diferentes sons e que eles devem imaginar uma cena para cada som colocado. É importante que sejam escolhidas músicas diferentes e também sons variados, como do fundo do mar ou de uma britadeira furando o chão. Depois deste momento de escuta imaginativa, faça uma roda e peça que compartilhem as imagens provocadas pelos sons. Esta conversa é muito interessante para que o grupo possa perceber que os estímulos sonoros não causam as mesmas imagens mentais, nem as mesmas sensações.

Depois desta primeira proposta, forme grupos e dê uma mesma orientação para uma cena improvisada, que pode ser cotidiana ou fantástica, o que importa é a possibilidade de perceberem a maneira pela qual o som interfere na cena.

Alguns exemplos de cenas possíveis são: um jantar em família, uma viagem em um foguete, uma caminhada na floresta, uma reunião de trabalho etc.

Cada grupo irá definir quem é quem na cena e algumas referências espaciais. Lembre-se que será a mesma cena para todos, o que vai mudar é o som que será tocado em cada uma delas.

Depois de feitas todas as improvisações, converse novamente com todos questionando quais as interferências decorrentes do som.

Para continuar

Uma possibilidade de desdobramento desta proposta é de que seja dado um sentimento predominante para a cena e cada grupo escolha a música ou o som que será utilizado para auxiliar na composição da cena e na caracterização do sentimento proposto.

O silêncio no corpo

Para quem?

Adolescentes e adultos.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Nenhum.

 

“O Grito” de Edvard Munch, disponível em http://enciclopedia.itaucultural.org.brComo acontece?

Esta proposta parte do jogo “Tensão silenciosa”, de Viola Spolin.

Inicie solicitando que todos fiquem parados em pé, sem poder se movimentar, nem falar. Vá orientando que gritem com todas as partes do corpo, que gritem com os pés, as pernas etc., até que possam gritar com a voz. Prepare-se para ouvir um grito forte, pois esta proposta acumula muita tensão até que os participantes possam de fato gritar.

Depois desse momento, peça que fiquem em duplas e expressem diferentes emoções sem falar nada, somente pelos gestos e expressões.

Conclua com a realização de cenas improvisadas nas quais cada grupo terá que definir uma cena em que tenham que atuar sem falar. O motivo da ausência da fala poderá variar, pode ser provocada por uma situação externa, como terem que fazer silêncio para não serem descobertos por ladrões em sua casa ou uma motivação interna, como um sentimento que impeça a fala.

Mão com mão

Para quem?

Qualquer idade.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Nenhum.

Como acontece?

Proponha aos alunos que deitem no chão, ou em colchonetes, e que relaxem por um tempo. Para isso, pode ser colocada uma música, mas será melhor se for feito um relaxamento orientado, no qual eles fechem os olhos e você vá nomeando cada parte do corpo de seus alunos que devem ir se soltando.

A seguir, peça que eles toquem todas estas partes do próprio corpo, que toquem seus pés, pernas, barriga, costas, braços, rosto e mãos. A última parte a ser sentida é a própria mão, onde eles irão perceber de forma mais detalhada cada parte, a temperatura, as marcas, as diferentes texturas.

Ainda com os olhos fechados, peça que alcancem as mãos de um colega, apenas de um e sintam suas mãos, também explorando as diferentes partes, percebendo as texturas, os cantinhos, os detalhes. Este toque deve acontecer como se cada um estivesse contando de si para o outro e, ao mesmo tempo, escutando do outro o que ele te diz. É um movimento de conhecer e deixar conhecer.

Esta proposta pode ser um pouco incomoda, pois gera bastante intimidade. Vale a pena dar um tempo para que os participantes contem como foi participar dela. Mesmo quando trabalhamos com crianças pequenas, permitir que elas verbalizem como se sentiram é dar a oportunidade de que expliquem o que sentiram, o que poderá fazer com que fiquem mais confortáveis com esta situação.

Apesar do estranhamento que pode causar, esta é uma proposta que permite que o grupo se conheça melhor e tenha mais confiança uns nos outros.

 

Para variar

Esta proposta também pode ser feita com os pés.

Confiar no outro

Para quem?

Qualquer idade.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Nenhum.

Como acontece?

Inicie este trabalho com uma roda na qual cada um irá fazer um pouco de massagem no colega que está na sua frente, invertendo a direção depois de um tempo de modo que a pessoa que recebeu a massagem retribua para seu colega.

Depois disso, separe a turma em trios e proponha o jogo “João bobo”. Esta é uma brincadeira tradicional que pode ser feita com um boneco que é empurrado de um lado para o outro, mas neste caso a proposta é que todos experimentem ser o boneco.

Algumas pessoas podem ter muito medo de ficar em uma situação tão vulnerável e não devemos ignorar seu medo. Uma solução para isso é que nunca se perca o contato corporal, isto é, que quando as mãos de um dos que empurra o “João bobo” irá se soltar, as mãos dos outros já devam estar tocando o corpo.

Os jogadores podem estar muito próximos de quem balança, o que não permitirá um balanço tão grande, e se afastarem pouco a pouco, conforme a confiança ficar maior. Um cuidado necessário é que os trios sejam de pessoas com uma estatura semelhança, não é fácil para uma pessoa muito pequena segurar alguém muito maior que ela. Isso também vale para a diferença de peso, as pessoas muito pesadas devem ficar com as mais fortes, pois do contrário corre-se o risco de não conseguir aguentar o peso.

Uma orientação importante para quem fará o “João Bobo” é manter seu corpo reto e firme, o “João bobo” tem flexibilidade nos tornozelos, mas não é um boneco articulado, que se requebra inteiro.

Se você for trabalhar com adolescentes no período de desenvolvimento pleno, vale ficar atento para a composição dos trios. Meninas em fase de crescimento dos seios são muito sensíveis e pode ser muito dolorido ser empurrada nesta região, sem falar na vergonha e na sensação de invasão que tal fato pode provocar.

Esta é uma brincadeira que promove a confiança quando feita com o cuidado necessário. E diverte muito!

Para continuar

Depois de ter feito em trios, com uma situação de maior controle e o grupo já estiver mais confiante em deixar seus corpos nas mãos dos colegas, faça com o grupo todo, com uma pessoa no centro e uma roda de pessoas para jogá-la e acolhê-la.

Mudando de personagem

Para quem?

De 11 a 14 anos.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Nenhum.

Imagem disponível em http://www.fashionbubbles.com/arte-e-cultura/relquias-teatro-grego/

Como acontece?

A proposta deste jogo é que uma mesma pessoa possa representar diferentes personagens.

Comece com um aquecimento no qual todos terão que caminhar e conforme é feito um sinal, que pode ser uma palma, eles devem alterar sua forma de caminhar para o personagem solicitado. Este personagem será indicado por você, alguns exemplos são: um pai, uma criança pequena, um velho, um palhaço, um DJ, uma bailarina, uma tia gorda, um cego…

Depois do aquecimento, divida o grupo em dois ou três de maneira que se crie pequenos grupos de sete a dez pessoas, e entregue para cada um desses grupos uma cena parcialmente definida.

Um exemplo possível é: a cena ocorre em uma balada, nela está presente um barman, um faxineiro, um porteiro, cinco adolescentes, um pai e uma mãe. O conflito é de um dos adolescentes ter ido à balada sem a autorização dos pais e estes chegam no meio do programa e levam ele/ela embora.

Proponha para o grupo que cada integrante mude de personagem três vezes no meio da encenação, com um sinal que será dado por você. O ideal é que cada personagem tenha um adereço que o caracterize, desta maneira ao mudar de personagem, o adereço também será trocado. O que deve ser ressaltado neste jogo é que cada um deve buscar os gestos e fala do personagem que passa a representar, sempre que mude de personagem.

Alguns exemplos de adereço podem ser: um bigode para o pai, uma echarpe para a mãe, uma vassoura para o faxineiro, um copo para o barman, um boné ou um fone de ouvido para os adolescentes. A escolha dos adereços pode ser feita juntamente com os alunos, conversando sobre qual o objeto que melhor caracterizará o personagem.

Este jogo pode ser confuso nas primeiras vezes que for jogado, mas com a experimentação os alunos perceberão as diferentes possibilidades de representação que esta proposta oferece, além de notarem que um pai pode ser representado de muitas maneiras, já que pais, adolescentes ou faxineiros são pessoas com múltiplas variações.

Encenando para todos os lados

Para quem?

De 7 anos em diante.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Nenhum.

Imagem disponível em http://bhfazcultura.pbh.gov.br/content/arena-da-cultura

Como acontece?

Essa proposta tem como principal objetivo explorar no aluno/ator a percepção de que representamos com o corpo todo e que uma cena pode ser vista de muitos pontos de vista.

O teatro de Arena é muito bom para explorarmos esta concepção, porém, na falta de um teatro de arena em seu espaço de trabalho, podemos colocar a plateia de todos os lados da sala. Se a sua sala de trabalho não é redonda, não há nenhum problema, pois a plateia pode ficar em volta da cena, seja em uma sala quadrada ou retangular. O ideal é que ninguém fique muito longe do espaço de encenação.

Divida os alunos em cinco grupos, de tal forma que quatro deles serão plateia e um estará encenando. Será feito um revezamento entre todos os grupos, de maneira a que todos atuem e todos observem de diferentes pontos da sala.

A cena a ser apresentada pode ser alguma já elaborada anteriormente, ou uma improvisação proposta para este momento. O que importa é que o grupo se dê conta de que a cena é vista de muitos pontos de vista e que, portanto, o seu corpo deve estar todo em cena, não tendo uma preocupação apenas com a frente do corpo ou com o rosto.

Este formato irá solicitar do grupo uma movimentação em várias direções.

É importante que, ao fim de cada encenação, os quatro grupos da plateia comentem se conseguiram acompanhar a representação, ou se alguém se sentiu de fora da apresentação. Estes comentários breves permitirão que o próximo grupo se aperceba melhor de toda a plateia.

É mais interessante que cada grupo apresente duas ou três cenas breves, pois a cada apresentação ou improvisação poderá, cada vez mais, dar-se conta das diferentes soluções a serem exploradas.

Para saber mais

Vale a pena mostrar para o grupo uma apresentação que tenha ocorrido em um teatro de arena. Caso seja possível ir a um teatro de arena, perfeito! Mas não tendo nenhuma apresentação na qual o grupo possa observar as soluções encontradas por atores, é possível assistir a um vídeo ou mesmo ver fotos. O contato com obras teatrais que se assemelhem ao que está sendo solicitado para os alunos ampliará os recursos deles para a encenação.

Muitos gestos possíveis

Para quem?

De 7 anos em diante, que sejam leitores

Condições necessárias

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários

Nenhum

Pina Bausch Tanztheater Wuppertal no espetáculo “A Sagração da Primavera”, disponível em http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI89786-8224,00-PINA+BAUSCH+SEM+PINA+BAUSCH.html

Como acontece?

Esta proposta se inicia com um aquecimento corporal no qual você irá pedir que cada participante expresse um sentimento de três formas diferentes. Esta solicitação pode ser feita com um jogo de estátua, na qual cada um terá que fazer um gesto para raiva, paixão, decepção e todos os sentimentos que você selecionar. Depois que fizer uma vez, repita o sentimento e peça outro gesto que o represente. Esta solicitação pode ser feita diversas vezes.

Depois deste aquecimento, divida o grupo em trios e entregue uma cena curta para cada trio, com frases simples para que eles possam decorar sem dificuldade.

Cada integrante do trio deverá falar no máximo três frases, para que eles possam trabalhar no gesto e não se preocupar tanto com a fala.

Peça que elaborem a cena, investigando os gestos que farão em todo o desenvolver da cena, não apenas quando estão falando.

Depois que todo o grupo tiver apresentado suas cenas, entregue uma consigna para cada um que oriente sua gestualidade, tais como: exagerado, contido, estabanado, hesitante, etc.

Peça, então, que os grupos refaçam a cena, agora com gestos de acordo com as consignas e quando apresentarem as novas cenas, converse sobre as diferenças percebidas e sobre a possibilidade de fazer a mesma cena com outros gestos.

Para variar

Neste jogo o que importa é a percepção de que podemos encontrar muitas maneiras de nos expressarmos corporalmente com um mesmo texto.

Outra possibilidade de variação deste jogo é pedir que os gestos se contraponham ao texto, provocando um conflito entre fala e gesto.

Esta proposta poderá gerar conversas sobre a caracterização dos personagens e sobre o que dizemos com nossos corpos independentemente de nossa fala.

 

Mudando o tom

Para quem?

Todas as idades, desde que já falem.

Condições necessárias

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários

Nenhum

Imagem de Estevam Gomes, disponível em http://www.estevamgomes.com.br/

Como acontece?

Escolha algumas frases, que podem ser de um diálogo ou frases soltas, independentes uma das outras.

Distribua uma frase para cada participante e peça que eles busquem diferentes maneiras de falar esta mesma frase.

Se você estiver trabalhando com pessoas que sabem ler, estas frases podem estar escritas e serem entregues em um pedaço de papel. Caso esteja trabalhando com crianças pequenas ou adultos não alfabetizados é possível escolher uma frase curta por pessoa. Para todos a frase não deve ser muito longa.

Peça que cada um explore algumas maneiras diferentes de dizer e que compartilhe com o grupo as formas encontradas, ao menos duas delas.

Trabalhe então diferentes estímulos para modificações na maneira de falar, tais como: colocar pausas entre as palavras, prolongar algumas letras, repetir palavras, variar a altura, associar a emoções e todas as variações que você encontrar.

Depois deste exercício no qual todos estarão realizando concomitantemente, peça que eles elaborem novamente diferentes maneiras de falar a frase e compartilhem outra vez com o grupo.

Para continuar

Como continuidade desta proposta, peça que eles se reúnam em pequenos grupos nos quais criem uma cena com estas frases, estabelecendo um diálogo entre eles. É importante lembrá-los que cada um poderá dizer a frase mais de uma vez, explorando as diferentes formas de falar.

Plateia interage com a cena

Para quem?

Todas as idades, a partir de 5 anos.

Condições necessárias

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários

Nenhum

Como acontece?

Coloque a plateia em uma roda com a cena no meio.

A cena poderá ser uma proposta de improvisação na qual os alunos que começam a cena combinam quem são eles, como por exemplo: uma mãe explicando para um filho como fazer um bolo ou um chefe reclamando com sua funcionária sobre um trabalho mal feito.

Depois que a cena se inicia a plateia poderá interagir com a cena, entrando como personagens novos, que poderão permanecer na cena ou sair em um tempo curto.

Caso o grupo de alunos tenha dificuldade em se organizar para que entre apenas uma pessoa de cada vez, dando tempo para que a cena incorpore este novo personagem, é possível que você coordene as entradas de cena, fazendo um sinal que seja identificado como a permissão para entrar.

Um combinado importante neste jogo é de que os participantes deem oportunidade para todos entrarem, evitando desta forma que somente os mesmos participem das cenas, fazendo com que os mais tímidos fiquem de fora.

Para variar

Uma possibilidade neste jogo é que você sugira algum acontecimento na cena. Esta sugestão é muito bem vinda quando a cena está repetitiva.

Como exemplo de sugestões a serem dadas para a cena da mãe ensinando o filho a fazer um bolo:

  • O forno começou a pegar fogo, pois ficou muito tempo aceso.
  • Um ladrão entra em casa.
  • O telefone toca informando que a avó do menino foi para o hospital.

A foto deste post está disponível em https://serravallenaafricadosul.blogspot.com.br/2014/08/folclore-e-cultura-brasileira.html

Alunos em cena: todos dirigem a cena

Para quem?

Todas as idades, a partir de 9 anos.

Condições necessárias

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários

Nenhum

Como acontece?

Divida o grupo de alunos em quatro mesas, como se estivessem em um restaurante. Peça para cada grupo escolher um assunto para conversar e definir qual a relação entre eles, se são um casal, mãe e filha, colegas de trabalho, vizinhos, etc.

Proponha que uma pessoa da classe dirija a cena, colocando foco em uma mesa de cada vez. Este foco pode ser colocado com o uso de uma lanterna, que iluminará a mesa em destaque ou apenas falando o número da mesa que deverá falar alto, de forma a compartilhar sua conversa com a plateia.

A pessoa que dirige deverá alternar as mesas tendo em conta a necessidade de deixar a cena interessante, o que significa buscar momentos das conversas que valham a pena ser compartilhados e também dar oportunidade para todas as mesas.

O diretor ou diretora também poderá dar orientações aos atores/jogadores, de forma a potencializar algum conflito ou para que percebam em quem está o foco.

Este jogo permite que os alunos percebam o todo da cena e está baseado no jogo “Dar e Tomar” da Viola Spolin.