Este post é continuação do último, no qual falo sobre o trabalho do diretor. Desta vez falarei sobre a ação do diretor no trabalho do ator.
Quando o diretor escuta o grupo sobre a escolha sobre o que apresentar e como apresentar, precisará escutar também sobre a definição dos personagens.
Esta questão não é muito simples, pois é comum que dentro de um grupo muitas pessoas queiram fazer o mesmo personagem e entendo que a melhor opção para esta situação é a experimentação de vários personagens por várias pessoas, em diferentes improvisações.
No caso de teatro-educação, precisamos ter em mente que nosso objetivo central é o aprendizado e a vivência teatral, o que certamente resultará em uma apresentação potente. Dessa maneira não vale a pena termos como preocupação central se a pessoa que irá representar um determinado personagem se parece fisicamente com ele ou ela.
Qualquer pessoa pode representar qualquer personagem, exatamente porque é uma representação e não uma tentativa de viver a realidade. Portanto a primeira preocupação a ser deixada de lado é a da semelhança física.
Outro aspecto importante a ser considerado após a escolha dos personagens é o percurso para que esse personagem passe a existir.
A pergunta central de quem está dirigindo deve ser: quais as proposições que posso fazer para que estas pessoas encontrem a melhor maneira de representar estes personagens?
Existem muitos caminhos possíveis. Eu acredito que a improvisação é o mais potente dentre eles, já que possibilita a experimentação para se chegar a uma forma, que será sempre mutável, mesmo quando o espetáculo está pronto, ainda que em pequenas proporções.
Vale a pensa pensar em propostas que explorem os diferentes aspectos do trabalho do ator, tendo em vista:
- Os gestos e movimentos do personagem
- As expressões faciais
- A fala, que engloba tanto a compreensão do texto, quanto a maneira de falar
- A ocupação do espaço, que dialoga com o cenário e com os demais atores
O que compreendo como fundamental é a visão de que o diretor irá criar propostas para que os atores criem os personagens e irá dialogar com estas criações, dando seu ponto de vista, propondo novas soluções, integrando o trabalho de toda a equipe, mas não irá agir como se os atores fossem suas marionetes e como se a criação do personagem fosse atribuição do diretor, tendo o ator somente a função de colocar em prática aquilo que já foi criado.