Édipo é famoso por muitos motivos e você poderá saber sobre o primeiro livro da trilogia de Sófocles, chamada Trilogia Tebana, lendo este post.
Édipo em Colono é continuação de Édipo Rei e irá narrar as desventuras de Édipo depois da tragédia que faz com que morra Jocasta e ele fique cego.
Édipo vai embora de Tebas e acompanhamos seu sofrimento, assim como Antígona, sua filha.
A presença dos deuses e do destino se faz evidente nesta peça, assim como nas demais da trilogia.
Vemos também a relação de pai e filha, a força de ambos em manter a dignidade, apesar das inúmeras provações pelas quais passam.
No momento da morte de Édipo, Antígona fala:
“Ele morreu em solo estranho de acordo com sua própria vontade. Seu leito está oculto para sempre e ao nosso luto não faltarão lágrimas. Meus olhos, pai, não param de chorar sentidamente, e não sei – ai de mim! Se terá fim esta tristeza imensa que me deixaste. Querias morrer em solo estranho, mas, por que morreste assim, tão só, longe dos meus cuidados?”
Ainda que o texto nos apresente situações e crenças de um período e uma região da civilização humana, nos fala de sentimentos e conflitos vividos por todos nós.
Acredita-se que o teatro de sombras surgiu ainda quando os seres humanos viviam nas cavernas, com suas sombras projetadas pelo fogo que os aquecia. Possivelmente uma das primeiras formas teatrais, a sombra nos acompanha permanentemente, sempre que uma luz incide nos nossos corpos.
Brincar com as sombras é algo permanente no cotidiano de muita gente, esteja ou não fazendo teatro. A exploração da própria sombra permite que qualquer pessoa conheça mais sobre seu corpo. Esta experimentação faz com que ela explore diferentes movimentos e gestos corporais, muitas vezes ampliando seu repertório de possibilidades, por estar “escondido” pela sombra, o que é um recurso positivo para quem que tem muita vergonha em expor seu corpo perante o grupo.
As formas teatrais se modificaram muito no decorrer do tempo e da história do teatro, do uso de bonecos recortados, com varetas de manipulação, temos hoje diferentes soluções de projeção dos corpos e de transparências que possibilitam narrativas diversas.
Seja qual for a solução a ser utilizada, a sombra nos coloca diante do mistério e incluir o mistério em nossas criações é algo necessário para sabermos que o desconhecido faz sempre parte do criativo.
Para conhecer mais sobre esta linguagem, você pode acessar o Clube da Sombra neste link ou conhecer o Grupo Fios de Sombra.
Uma mesa e duas cadeiras. Com este cenário percorremos a história de Mary Anning. A iluminação nos conduz, junto com todas as transformações do uso destes objetos de cena pelos diferentes espaços que a peça nos coloca.
As três atrizes se transformam nos diferentes personagens e nos falam das pesquisas e descobertas feitas por Mary, de sua família, e da dificuldade vivida para que pudesse se afirmar como cientista em um mundo no qual as mulheres não tinham permissão de ser nada, além de donas de casa.
A morte, uma personagem apresentada de maneira bem humorada, tomando chás em cada pessoa que se vai, é figura presente, excessivamente presente para uma mesma família, mas que se mostra como quase uma amiga.
As cenas são poéticas e o final é de uma beleza surpreendente. No decorrer de toda a peça vemos a paixão de Mary e a montagem teatral faz jus a esta paixão pela maneira como apresenta o encantamento da personagem, mas também os objetos de sua paixão, os monstros marinhos da época dos dinossauros.
O espetáculo tem dramaturgia original construída a quatro mãos – da diretora Rhena de Faria e das atrizes e integrantes da Companhia Delas Cecília Magalhães, Julia Ianina e Thaís Medeiros. A direção de arte é de Mira Haar, a iluminação de Wagner Freire e a trilha sonora original de Artur Decloedt. A equipe conta ainda com a consultoria do Prof. Dr. Luiz Eduardo Anelli, do Instituto de Geociências da USP.
Não há dúvida de que é um espetáculo que poderá inspirar muitos meninos e meninas a percorrerem suas curiosidades!
Eu assisti na programação do “Festival A gente que fez” que você poderá acompanhar até o final de março. Para conhecer mais sobre o grupo e seus vários trabalhos, acesse o site da companhia aqui.
Esta resposta não é simples, afinal crianças tem muitas idades e são diferentes entre si, assim como os adultos.
É muito importante ter em mente que a maioria das maquiagens são feitas com produtos químicos que podem ser danosos para a pele e para a saúde de crianças e quanto menores, pior o efeito.
Então a primeira resposta para esta pergunta é, só devem usar alguma maquiagem as crianças que tem certeza de não ter nenhuma reação alérgica.
Outro aspecto a ser considerado é a razão pela qual a maquiagem poderá ser utilizada.
Neste caso, vou elencar três possibilidades:
A primeira é a maquiagem como função embelezadora, bastante usada por mulheres adultas. Neste caso, entendo ser desnecessário o uso da maquiagem, já que é improvável que uma criança precise disfarçar uma ruga ou uma pela machucada pelo tempo. Outro motivo para o não uso com esta função é o fato de não adultizarmos as crianças. Crianças não precisam ter cílios alongados ou um blush para ficar rosadas. Quase sempre elas são rosadas! E não há motivo para utilizarmos maquiagens que deixem seus rostos parecidos com o de adultos.
A segunda função é de transformação em personagens, isto é, maquiagens que busquem modificar o rosto para parecer alguém diferente da criança, como um animal, uma pessoa velha, um elemento da natureza, como uma árvore ou uma pedra. A maquiagem neste caso pode ser um grande aliado na criação de personagens e poderá ajudar a criança em uma encenação.
A terceira função é de exploração do próprio rosto, possivelmente utilizado em jogos exploratórios, quando a criança pode perceber como a intervenção de uma maquiagem pode transformar o rosto e as expressões feitas. Este trabalho com a maquiagem pode ser usado na construção de um personagem ou apenas como um exercício cênico.
A maquiagem é um recurso que oferece muitas possibilidades e vale a pena ser explorado. Para as peles mais sensíveis e os bebês, uma opção é o uso de tintas feitas com alimentos, pois estas são menos agressivas e permitem a exploração pelos pequenos que costumam levar tudo à boca.
Esta proposta pode ser feita como um exercício de improvisação ou como parte da construção de um personagem dentro da montagem de uma peça teatral.
A primeira coisa a fazer é definir qual a personagem que cada aluno irá representar e saber quais as características desta personagem.
Após esta definição, crie ações básicas e cenas curtas para que a personagem possa improvisar. Podemos considerar ações básicas:
Caminhar
Comer
Trocar de roupa
Dormir
Tomar banho
As cenas curtas dependem da personagem, mas pode ser:
Um almoço de trabalho ou de estudo
Uma conversa ou uma briga com alguém
Um momento de compra em uma loja qualquer
Participando de um jogo
As ações básicas, assim como as cenas curtas serão feitas com diferentes músicas, de tal forma que a música auxilie o aluno a identificar as características e a maneira de agir da personagem.
Você tem uma música tema para você? Pergunta difícil, né?
Talvez você tenha uma música tema para uma fase de tua vida, quem sabe uma música que te acompanha em muitos momentos.
A música tema de um personagem pode ser utilizada com diferentes propostas. Pode ser uma maneira de caracterizar a personagem, então se é uma personagem romântica, terá uma música tema romântica nos momentos que ela aparece em cena.
Também pode ser uma música para marcar um tipo de ação. Esta escolha é bastante comum no teatro infantil, utilizando-se de repetições sonoras ou musicais para marcar a repetição da entrada de uma personagem, por exemplo: sempre que o lobo aparece, uma mesma música é tocada.
A música tema também poderá ser usada somente em alguns momentos de atuação da personagem, já que se espera que qualquer personagem passe por diferentes emoções no decorrer de uma peça, neste caso, a música tema pode ter relação com a principal característica da personagem, por exemplo:
A personagem é uma moça gentil e delicada, então a música escolhida como música tema remete a estas características. Porém no momento que ela está brigando com sua irmã, a música não tocará.
O personagem é um coelho muito ligeiro e sua música tema é em um ritmo bem veloz, porém no momento que ele dorme e não vê suas roupas serem roubadas, não tocará a música tema.
A escolha de música tema é uma possibilidade, mas está longe de ser uma obrigatoriedade. Muitas montagens não se utilizam deste recurso e muitas sonoplastias são feitas inclusive sem música.
Vale a pena utilizar este recurso quando a peça pede por isso e, também pode ser utilizado como parte da caracterização da personagem, mesmo que depois não se utilize na apresentação.
O ambiente no qual vivemos está repleto de sons. Os sons do nosso cotidiano variam de acordo com o lugar onde vivemos, com o espaço onde estamos e com o horário do dia ou da noite.
Quando pensamos na situação fictícia que é a da cena teatral, podemos optar por reproduzir a sonoridade realista, reproduzindo com a maior fidelidade possível o espaço ficcional que está sendo representado ou não.
A escolha por fazer uma cena realista está centrada na concepção de teatro que acreditamos e na função social do teatro.
Podemos nos utilizar dos sons de maneira a criar um espaço imaginário, recurso muito utilizado quando os espaços representados são difíceis de serem criados com o cenário, por exemplo:
A cena se passa em uma floresta e a montagem não possuí recursos para a criação de um cenário realista de floresta. Desta maneira o som pode criar o reconhecimento espacial.
Também é possível a utilização de sons que remetem ao ambiente, porém de maneira distorcida, para criar um efeito dramático, por exemplo:
Um gigante se aproxima e o som de seus passos é altíssimo, muito mais alto do que seria, caso gigantes andassem por aí!
Um trem está quase atropelando uma personagem e o som do trem também é aumentado, para criar uma enorme expectativa. Na sequência o som do trem pode ser abaixado drasticamente e ouviremos apenas o grito da personagem, quando se depara com seu atropelamento iminente.
O que percebemos com as escolhas sonoras para a cena é que elas poderão ou não reproduzir o ambiente representado, mas sempre teremos que escutar quais são os sons que estão no nosso imaginário!
Escolha uma cena com duas pessoas conversando. É possível partir de uma cena já escrita ou de um tema para uma conversa, como por exemplo:
Duas amigas decidindo para onde irão viajar nas férias
Um casal de namorados conversando sobre um filme que acabaram de assistir
Um pai e uma filha conversando sobre as notas que ela teve na escola.
Proponha uma improvisação para uma destas cenas e escolha três músicas muito diferentes para tocarem durante a cena. Além de música, é possível também colocar um ruído ou um som, como o som de uma tempestade, o barulho de uma britadeira ou uma buzina muito alta.
Observe como o som interfere na cena, qual o clima que ele promove e se altera o desenrolar das ações e dos diálogos.
Caso vocês escolham fazer este exercício com uma cena que já esteja escrita, não será possível observar alterações na fala, porém a intensão do que está sendo dito pode ser modificada pela maneira como o texto será dito.
Escreva em um pedaço de papel diferentes horários do dia e da noite, que podem ser horas de relógio ou momentos relacionados ao horário, como: hora do almoço, começo da madrugada, ao amanhecer, etc.
Divida os alunos em pequenos grupos e peça que cada um escolha um dos papeis com um horário definido. Cada aluno irá escolher uma ação que permita à plateia identificar qual o horário sorteado por ele/ela. Embora estejam em pequenos grupos, esta atividade é individual e pode ser feita com uma pessoa por vez, porém caso seja um grupo de alunos muito grande, será cansativo fazer com um de cada vez.
Posicione o grupo em uma relação de palco e plateia. Para isso não é necessário ter um espaço com um palco construído, basta que seja estabelecido qual o lugar do palco e da plateia na sala de aula.
Depois que todos tiverem feito a proposta individualmente, agrupe-os em quartetos ou quintetos e peça que escolham ou sorteiem novamente um horário, porém desta vez todos irão estar na mesma cena, no horário escolhido.
As cenas serão definidas parcialmente, definindo quem eles são, onde estão e qual o motivo para estarem naquele horário juntos. O restante será improvisado. Por exemplo:
Um grupo de vizinhos na rua, no meio da madrugada, porque um motorista bateu o carro no portão de uma das casas, derrubando-o.
Uma família almoçando, às 13h.
Após a improvisação das cenas, os comentários poderão observar o quanto os horários ficaram evidentes.
Para fazer mais
É possível dar continuidade a esta proposta, associando uma emoção ao horário, nos papeis sorteados, tanto para o que será feito individualmente, como em grupo.
OBS: Esta proposta partiu do jogo homônimo proposto por Viola Spolin.
“Escrita e estreada em 1966, em São Paulo, no Bar Ponto de Encontro, transferindo-se em seguida para o Teatro de Arena, SP. Estreia no Rio de Janeiro em 1967.Na temporada no Teatro de Arena, SP, em 1967, Ademir Rocha foi substituído por Berilo Faccio. Ainda nesse ano, a mesma montagem se apresentou no Teatro da Rua (Rua Augusta, 2203, SP), como a primeira parte de um programa duplo, cuja segunda parte era Zoo Story, de Edward Albee. DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA é uma das peças mais montadas do autor. Foi também encenada na França, na Alemanha, na Inglaterra, nos Estados Unidos, em Cuba, além de adaptações para cinema.”
Esta explicação sobre a peça, assim como outras sobre a obra de Plínio Marcos pode ser vista no site www.pliniomarcos.com.
A Enciclopédia do Itaú Cultural define o autor da seguinte forma: Plínio Marcos de Barros (Santos, São Paulo, 1935 – São Paulo, São Paulo, 1999). Autor. Renovador dos padrões dramatúrgicos, através de enfoque quase naturalista que imprime aos diálogos e situações, sempre cortantes e carregados de gírias de personagens oriundas das camadas sociais periféricas, torna o palco, a partir dos anos 1960, uma feroz arena de luta entre indivíduos sob situações de subdesenvolvimento.
Esta peça é um permanente embate. Os dois personagens Tonho e Paco nos colocam perante o sofrimento da miséria que só vai se intensificando com o decorrer das cenas. A miséria apresentada por Plínio Marcos não é somente a falta de dinheiro, mas falta possibilidades, falta educação, falta sonhos, falta afeto.
O que vemos de sobra é a capacidade do autor em lidar poeticamente com este mundo para o qual pouco se quer olhar e menos ainda viver, mas um espaço que ainda permanece nos cortiços e barracos de nosso país.
Leia o começo da peça para aguçar tua vontade de continuar:
Um quarto de hospedaria de última categoria, onde se vêem duas camas bem velhas, caixotes improvisando cadeiras, roupas espalhadas etc.
Nas paredes estão colados recortes, fotografias de time de futebol e de mulheres nuas.
I ATO
Primeiro Quadro
(Paco está deitado em uma das camas. Toca muito mal uma gaita. De vez em quando, pára de tocar, olha para seus pés, que estão calçados com um lindo par de sapatos, completamente em desacordo com sua roupa. Com a manga dó paletó, limpa dos sapatos. Paco está tocando, entra Tonho, que não dá bola para Paco. Vai direto para sua cama, senta-se nela e, com as mãos, a examina.)
TONHO
Ei! Pára de tocar essa droga. (Paco finge que não houve.)
TONHO
(Gritando.) Não escutou o que eu disse? Pára com essa zoeira!
(Paco continua a tocar.)
TONHO
É surdo, desgraçado? (Tonho vai até Paco e o sacode pelos ombros.)
TONHO
Você não escuta a gente falar?
PACO
(Calmo.) Oi, você está aí?
TONHO
Estou aqui para dormir.
PACO
E daí? Quer que eu toque uma canção de ninar?
TONHO
Quero que você não faça barulho.
PACO
Puxa! Por que?
TONHO
Porque eu quero dormir.
PACO
Ainda é cedo.
TONHO
Mas eu já quero dormir.
PACO
Mas não vai conseguir.
TONHO
Quem disse que não?
PACO
As pulgas. Essa estrebaria está assim de pulgas.
TONHO
Disso eu sei. Agora quero que você não me perturbe.
PACO
Poxa! Mas o que você quer?
TONHO
Só quero dormir.
PACO
Então pára de berrar e dorme.
TONHO
Está bem. Mas não se meta a fazer barulho. (Tonho volta para sua cama, Paco recomeça a tocar.)
TONHO
Pára com essa música estúpida! Não entendeu que eu quero silêncio?
PACO
E daí? Você não manda.
TONHO
Quer encrenca? Vai ter! Se soprar mais uma vez essa droga, vou quebrar essa porcaria.
PACO
Estou morrendo de medo.
TONHO
Se duvida, toca esse troço. (Paco sopra a gaita, Tonho pula sobre Paco. Os dois lutam com violência. Tonho leva vantagem e tira a gaita de Paco.)
PACO
Filho-da-puta!
TONHO
Avisei, não escutou, se deu mal.
PACO
Dá essa gaita pra cá.
TONHO
Vem pegar.
PACO
Poxa! Deixa de onda e dá essa merda.
TONHO
Se tem coragem, vem pegar.
PACO
Pra que fazer força? Você vai ter que dormir mesmo.
TONHO
Antes de dormir, jogo essa merda na privada e puxo a bomba.
PACO
Se você fizer isso, eu te apago.
TONHO
Experimenta.
PACO
Se duvida, joga.
TONHO
Jogo. E daí?
PACO
Então joga.
TONHO
Você só tem boca-dura.
PACO
É melhor você me dar essa merda.
TONHO
Não enche o saco.
PACO
Anda logo. Me dá isso.
TONHO
Não vou dar. (Paco pula sobre Tonho. Esse mais uma vez leva vantagem. Joga Paco longe com um empurrão.)
TONHO
Tá vendo, palhaço? Comigo você só entra bem.
PACO
Eu quero minha gaita.
TONHO
Não tem acordo (Pausa)
(Tonho deita-se e Paco fica onde está, olhando Tonho.)
TONHO
Vai ficar aí me invocando?
PACO
Já estou invocado há muito tempo.
TONHO
Poxa! Vê se me esquece, Paco.
PACO
Então me dá a gaita.
TONHO
Você não toca?
PACO
Não vou tocar.
TONHO
Palavra?
PACO
Juro.
TONHO
Então toma. (Tonho joga a gaita na cama de Paco.) Se tocar, já sabe. Pego outra vez e quebro.
(Paco limpa a gaita e a guarda. Olha o sapato, limpa-o com a manga do paletó.)