Criando figurinos

O figurino de uma peça pode ser um enorme problema ou uma grande ajuda na construção de um personagem

Para quem?

Qualquer pessoa de mais de 5 anos

Condições necessárias

Preferencialmente uma sala com espelhos.

Materiais necessários

Tecidos flexíveis, peças de roupas, adereços como lenços, colares, chapéus.

Como acontece?

A criação de um figurino poderá acontecer como um simples exercício para melhor compreensão de possibilidades ou como uma maneira de definir o figurino de um personagem dentro de uma montagem que já está sendo feita com o grupo de alunos.

Esta proposta é para criação de figurinos de uma montagem.

Caso o espaço no qual você leciona possuí um baú de figurinos, ótimo! Do contrário você terá que fazer uma coleta de materiais para este momento, que poderá ser feita como uma proposta da escola de maneira geral ou com o grupo de alunos que estão participando desta montagem teatral.

Peça que todos levem para a escola as peças de roupas ou tecidos que podem utilizar para seu personagem e também as que puderem emprestar para qualquer outro personagem.

Junto com o grupo, organize estas peças por tipos:

  • Blusas
  • Calças
  • Vestidos
  • Saias
  • Colares
  • Chapéus
  • Tecidos
  • Sapatos, etc.

Caso um aluno tenha trazido algo especificamente para o seu personagem, não coloque no meio destas outras peças, para não correr o risco de que um colega escolha algo que já estava destinado para outro.

Proponha que os alunos experimentem soluções, compondo o figurino com uma nova peça por vez e a cada nova peça será feita uma improvisação relâmpago, que pode ser de um pedaço de uma cena ou de propostas específicas para todos os personagens, tais como:

  • Saindo da cama
  • Almoçando
  • Encontrando um amigo
  • Andando com pressa

Estas ações breves tem por objetivo fazer com que cada um perceba se esta peça escolhida se acomodou no personagem ou não.

Lembre-se que as escolhas podem ser muitas e as trocas também. Esta exploração de figurino não deverá acontecer em um único momento, mas é possível que alguns personagens encontrem seu figurino logo de cara, enquanto outros precisarão de muitas experimentações.

Para saber mais?

Vale a pena apresentar aos alunos diferentes imagens de figurinos para um mesmo personagem, para que eles ampliem sua perspectiva sobre as possíveis soluções.

Desafio “Todos em cena” – Criar um detetive

Você já jogou detetive? Já assistiu “Detetives do prédio azul”?

A brincadeira de hoje é uma mistura de investigação com cores.

Você vai virar um detetive e a primeira coisa a fazer é montar um figurino.

E por falar nisso, você sabe o que é um figurino? Se não sabe, leia o post “É preciso figurino para fazer teatro?” que lá eu explico muito bem o que é um figurino de teatro.

Para montar o figurino de detetive, você vai primeiro escolher uma cor e um nome para o teu detetive, pode ser que você queira ser a Senhorita Rosa ou talvez o Senhor Verde, quem sabe você quer ser a Madame Azul? Como você já percebeu, cada nome é de uma cor e o figurino do teu ou da tua detetive será com o máximo de peças de cores desta única cor escolhida.

Você pode fazer uma composição, usando peças de cores de vários tons, então você terá uma variedade cromática de uma mesma cor.

Pense nas características do teu personagem, como ele se movimenta, do que ela gosta, quais as expressões que faz, se é jovem ou velho e tudo o mais que você puder criar sobre o teu detetive.

Depois de experimentar se movimentar como tua personagem e já estiver com teu figurino pronto, é hora de investigar! E a tua primeira investigação será sobre as cores!!!

Faça um mapa de cores da tua casa, observe quais cores são os móveis, os enfeites, os objetos, os utensílios de cozinha e vá anotando para terminar tua investigação com um enorme desenho colorido de tudo o que você investigou!

Desafio “Todos em cena” – Criando figurinos

Hoje é dia de figurino no nosso desafio!

Você conhece a palavra figurino? Figurino é muito parecido com fantasia. A gente costuma chamar de fantasia quando é para o carnaval ou para uma festa à fantasia e de figurino quando é para o teatro.

Como nosso desafio é para fazermos um pouco de teatro todo dia, vamos criar figurinos.

Foto da autora no Museu do Amanhã

Comece juntando peças de roupas e adereços para teus figurinos. Você pode pegar uma camiseta da tua mãe ou do teu pai, um cinto, um chapéu ou boné, um colar, um lenço, um vestido e todas as coisas que você encontrar e que podem formar um baú para figurinos.

Vai experimentando as roupas e criando personagens com elas. Você pode fazer de duas formas, uma delas é montar um figurino, olhar para ele, se movimentar com ele e perceber de qual personagem este figurino ficaria bom. Ou pode escolher primeiro a personagem e criar um figurino para ela.

Você pode fazer vários figurinos, mas não esquece de depois fazer algumas cenas com eles!

Desafio “Todos em cena” – Mudando tuas roupas

Você já reparou como as pessoas se vestem de formas tão diferentes?

Se você estuda em uma escola ou trabalha em um lugar que tem uniforme, não é estranho encontrar as pessoas fora de lá e ver como elas se vestem? Os uniformes deixam todo mundo parecido, mas mesmo assim, tem gente com cabelo curto, tem gente com cabelo bem comprido, tem gente que coloca enfeite na cara, nos dedos, nos pulsos, até mesmo no tornozelo.

É gostoso ser parecido com os amigos que a gente mais gosta e se vestir como eles, mas tem momentos que a gente quer ser bem diferente de qualquer pessoa e estar arrumado de um jeito muito pessoal, não é?

A brincadeira de hoje é a gente se transformar em um monte de personagens só com a roupa que está vestindo.

Te parece impossível?

Vai lá, começa mudando a altura da calça, o jeito que arruma a blusa e tudo o mais que você inventar.

Depois de experimentar formas de usar a tua roupa, pensa em um personagem, pode ser uma profissão, como um advogado e então você arruma tua roupa para ficar parecendo um advogado. Também pode ser algum parente, como uma tia-avó, e você vai mudar tua roupa para ficar parecendo uma tia-avó. Também podem ser personagens de quadrinhos, de filmes, de histórias, de contos de fadas e todos mais que você quiser.

Imagem disponível em: http://fecomercio-ap.sicomercio.org.br/

Não esquece de experimentar como cada um dos personagens criados de movimenta e fala.

Depois desta brincadeira você verá que com as roupas que você já tem é possível ser um monte de gente além de você mesmo.

Alunos em cena: Transformando sua roupa

Esta proposta tem como objetivo trabalhar com as possibilidades de transformação das roupas, criando figurinos para cena.

Para quem?

Todas as idades, a partir de 6 anos.

Condições necessárias

Uma sala com espaço para que todos se movimentem.

Materiais necessários

Nenhum

 

Foto realizada em minha pesquisa de pós-doutorado.

Como acontece?

 

Proponha que os alunos façam duas filas, com uma criança de frente para outra, que será seu par no jogo. O motivo de estarem em fila, e não espalhados pela sala, é manter mais atenção no seu par e não se dispersar com os demais participantes. Porém, caso a sala não comporte uma fila grande, separe-os em duplas.

Peça que observem seu par em detalhes e, depois de terem observado atentamente, virem-se de costas. Nessa posição, cada um irá provocar três mudanças na sua forma de se vestir. Feitas as mudanças, irão voltar-se para seu par e um descobrirá as mudanças feitas pelo outro.

Esta proposta poderá se repetir diversas vezes, ao menos três, para que eles encontrem dificuldade em se transformar, deixem de fazer somente mudanças sutis e comecem a fazer outras mais evidentes.

Embora parte deste jogo esteja na graça em fazer mudanças não tão evidentes, para que o parceiro descubra, testando assim a capacidade de observação atenta, um dos objetivos é também explorar as possibilidades de transformação da própria roupa: investigar as múltiplas formas de uso das mesmas peças de roupa, para variara aparência e provocar efeitos diversos daqueles a que os jogadores estão acostumados.

A cada vez que as mudanças forem identificadas, o jogador voltará a utilizar suas roupas da forma inicial, e você orientará o grupo a que se observem com mais atenção. A dificuldade de identificação das mudanças fará com que os alunos se deem conta de detalhes que não foram observados.

Este jogo está baseado no Jogo das Três mudanças, proposto por Viola Spolin.

Para continuar

Um desdobramento deste jogo é pedir que cada participante escolha um personagem e caracterize-o de forma diferente, alterando sua forma de se vestir.

Ainda como continuidade, é possível oferecer diferentes adereços para a caracterização do mesmo personagem. Essa diversidade de soluções permitirá que todos percebam não só as múltiplas soluções para caracterizar um personagem, mas também a utilização do figurino como recurso diretamente relacionado aos gestos que o personagem irá fazer.

É preciso figurino para fazer teatro?

É preciso figurino para fazer teatro?

Para respondermos a esta pergunta, vamos antes entender o que é o figurino.

Figurino é a roupa, o adereço, o enfeite de cabeça ou de corpo que é utilizado pelos atores quando fazem teatro. Ele pode ter sido escolhido, criado por algum figurinista ou apenas ser a roupa que o ator usava no momento da cena. Mesmo que seja a roupa de ensaio, quando utilizada em cena, passa a ser o figurino escolhido.

Imagem retirada do vídeo O avesso do figurino disponível em https://www.youtube.com/watch?v=bKN9FIKmis8

 

Ao pensarmos desta forma, sempre haverá um figurino em cena, mesmo que seja o uniforme utilizado por alunos em uma sala de aula. Fausto Viana fala sobre figurinos em sua dissertação de mestrado:

“O figurino é qualquer peça que será portada pelo corpo do ator em cena, fazendo parte do conjunto visual que ele apresenta, independente do espaço cênico. A roupa é fundamental e interage com todos os elementos que compões o espetáculo: a iluminação pode alterar a sua cor, a coreografia pode ser prejudicada, o cenário pode apagar seu efeito. Até mesmo uma marcação de cena pode tornar o figurino inútil ou desnecessário, se o ator não aparecer.

E o oposto também é verdadeiro: todas as funções citadas acima podem ser realçadas pelo figurino. Da interação surge um trabalho harmonioso. A luz pode transformá-lo, aumentando ou diminuindo-o! O cenário ganha nova vida com peças de vestuário adequadas. Uma coreografia torna-se mais graciosa com tecidos leves sugerindo múltiplos efeitos aéreos…

Tudo isso para compor o espetáculo teatral.”

O figurino conta muito sobre o personagem, ele possibilita que saibamos mais sobre diversas características como a idade, a classe social ou o estilo de vida, mas não é o figurino que compõe um personagem e sim a interpretação. Por mais incrível que seja um figurino, ele não sustenta um personagem se o trabalho do ator for ruim.

Imagem retirada do texto Trabalho do Figurinista, disponível em: https://issuu.com/indepininstituto/docs/o_trabalho_do_figurinista_-_arquivo

 

Mas como pensarmos o figurino para o ensino de teatro? Será que ele é sempre necessário?

Eu acho que não!

 

 

O trabalho realizado com alunos pode ser feito sem qualquer figurino, pois o que nos interessa primordialmente é a descoberta das possibilidades expressivas. O que mais queremos é que os alunos descubram maneiras de se expressarem corporalmente, explorando gestos que nos contem sobre seus personagens, mesmo sem nenhuma roupa para ajudá-los nesta composição.

Isto significa que não devemos usar figurinos?

Claro que podemos usar figurinos, mas não é uma obrigação! Não deve ser usado em qualquer situação, em qualquer improvisação. E mais importante, não pode chamar mais a atenção que os gestos do ator.

O figurino precisa sem pensado como parte da composição do personagem, portanto ele não pode chegar à cena somente no dia da apresentação, ele tampouco pode ser algo que atrapalhe os alunos nos seus movimentos ou na projeção de sua voz.

Uma das possibilidades é que os alunos construam seus figurinos, seja com o uso de diferentes roupas disponíveis para tal, seja com a ajuda de uma costureira.

Existem figurinos maravilhosos e figurinistas que fazem um trabalho incrível! Vale a pena conhecer um pouco para que você se inspire, mostre para seus alunos e descubra as muitas maneiras possíveis de criar um personagem.

Ocupação cenográfica assinada por Laura Vinci, imagem retirada de: http://mangacenografica.blogspot.com.br/2010/05/

Para saber mais:

Rosane Muniz em Vestindo os Nus (Rio de Janeiro: Editora SENAC, 2004) conta a história do figurino de teatro no Brasil. Relaciona o figurino ao trabalho do ator, à crítica e à direção, analisa o trabalho de Gianni Ratto e de Kalma Murtinho, além de entrevistar diversos figurinistas brasileiros.

 

 

Figurino Teatral e as renovações do século XX (São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010) é um livro que investiga as raízes dos processos contemporâneos da criação de trajes teatrais. Fausto Viana analisa a evolução histórica do figurino no teatro ocidental, pela pesquisa de sete encenadores: Adolphe Appia, Edward Gordon Craig, Konstantin Stanislavski, Max Reinhardt, Antonin Artaud, Bertold Brecht e Ariane Mnouchkine.