O grupo

  Quando pensamos em teatro quase sempre pensamos em grupo teatral. Algumas montagens são realizadas por um único ator ou atriz, mas mesmo neste caso é comum ter uma equipe de apoio e de criação que trabalha para sua realização.

Quando pensamos em escola, quase sempre pensamos em grupo, em classe, em turma, ainda que boa parte do trabalho seja realizado individualmente, por um único aluno ou aluna, mas mesmo neste caso existe uma equipe que propõe, dá suporte, acompanha.

Muitos de nós aprendemos a viver em grupo na escola, ainda que tenhamos outros grupos com os quais convivemos, como a família, a rua, a igreja, o clube… Mas apesar da escola ter tanta importância para este aprendizado fundamental na sociedade atual, será que ela se dedica como poderia neste ensinamento?

A possibilidade de vivenciar o teatro dentro da escola oferece para os alunos uma maneira diferente de viver o grupo por algumas razões. A primeira delas é que na criação teatral todos trabalham para uma produção comum, não há disputa; e ter alguém que seja reconhecido como muito melhor não ajuda na montagem teatral. De maneira geral, uma boa peça é aquela na qual todo o elenco atua bem, onde não percebemos alguém que não representa da melhor maneira porque uma boa peça não nos dá tempo de “olhar de fora”, já que estamos envolvidos com a cena.

A segunda razão que diferencia o trabalho teatral é o fato de que ele é corporal. O corpo participa pouco das aulas escolares. Desde muito pequenas, as crianças aprendem a controlar seus corpos para conseguir suportar horas em uma mesma posição, com atividades que solicitam o uso dos olhos e das mãos, além do pensamento. O trabalho teatral pede corpo! E ao pedir que os alunos se expressem corporalmente, também pede que eles se relacionem corporalmente. Ao encenar fazemos gestos, movimentos, tocamos os corpos de nossos colegas, vivemos gestos junto com o outro que ampliam as possibilidades de conhecê-lo a partir de outra percepção.

A terceira razão é que o teatro explora emoções e sentimentos. Muitas áreas de conhecimento podem lidar com emoções e sentimentos, mas poucas vezes o fazem, e ainda assim conseguem explorar conceitos variados, mesmo que de maneira mais pobre do que poderiam. Mas fazer teatro sem se emocionar não dá. Podemos pensar que a emoção é do personagem e algumas vezes é, mas mesmo assim, o ator precisa senti-la para poder expressá-la.

Viver coletivamente experimentando sentimentos com o corpo possibilita uma confiança que transforma uma classe em grupo. Se juntamos isso à alegria da criação coletiva, podemos entender o motivo de depois de uma apresentação teatral os alunos comemorarem com tantos abraços e beijos.

Alunos em cena: Comparando meu corpo com o teu

Para quem?

Todas as idades, a partir de 1 ano.

Condições necessárias

Uma sala com espaço para que todos se movimentem

Materiais necessários

Nenhum

Imagem do arquivo da autora

Como acontece?

Proponha que os alunos caminhem pela sala e no momento que você der um sinal, que pode ser batendo palma ou qualquer outro som, eles irão comparar a parte do corpo que você disser com a de um colega.

Você poderá dizer diferentes partes do corpo, tais como: braço direito, bochechas, pés, orelha esquerda, barriga e assim por diante.

Dependendo do grupo que você trabalha, a parte do corpo escolhida poderá ser próxima ao tronco ou nas extremidades. A ideia é que eles comparem as partes encostando umas às outras, portanto algumas podem causar muita vergonha nos participantes.

Se você estiver trabalhando com pré-adolescentes e adolescentes é importante possibilitar o contato entre meninos e meninas, sem que a proposta ganhe um caráter excessivamente sexualizado. Esta idade é de grandes descobertas corporais e para que todos se sintam bem em uma proposta como esta é importante ressaltar que estão todos conhecendo seus colegas de uma forma que pressupõe confiança, portanto que devem evitar comentários que impeçam a confiança.

Para aquecer

Uma possibilidade de aquecimento para esta proposta é a realização de uma atividade de auto-percepção. Peça que todos deitem no chão ou em colchonetes e sintam cada parte do próprio corpo enquanto você vai narrando-as. O ritmo da narrativa é dado pelo grupo, caso demonstrem impaciência, vá mais rápido, do contrário, permita que eles sintam de forma mais tranquila.

Uma maneira de criar um clima de calma e introspecção é colocando uma música tranquila e deixando o ambiente com pouca luz.

Você pode pedir que todos fechem os olhos e respirem profundamente para começar, mas não obrigue ninguém a se manter de olhos fechados, pois algumas pessoas se sentem muito inseguras ao perder a visão.

Lembre-se que o teu tom de voz irá criar um ambiente de maior calma e concentração, portanto busque formas de falar que inspirem confiança e entrega. Mesmo que alguns participantes dispersem ou façam piadas (o que é frequente com crianças e adolescentes) não assuma um tom de bronca, pois ninguém relaxa com alguém bravo controlando suas ações.