Narrativa com interferência

Para quem?

Pessoas com fluência leitora

Condições necessárias

Uma sala com espaço para que todos se movimentem.

Materiais necessários

Um abajur ou equipamento de iluminação, equipamento de som

Como acontece?

Quantas maneiras será que podemos narrar um acontecimento?

Essa proposta busca explorar as diferentes maneiras de narrarmos um mesmo acontecimento, partindo de um texto escrito. O texto pode ser retirado da literatura, do jornal ou escrito pelos alunos, desde que cada um tenha o seu. O tamanho do texto deve ser pequeno, para ser possível realizar a narrativa diversas vezes.

Caso o grupo de alunos seja muito grande, poderá ser dividido em dois ou três, para que todos possam fazer a narrativa sem tanta espera.

A intensão é de encontrarmos diferentes maneiras de narrarmos algo, dando entonações e sentidos variados. Para isso poderíamos usar somente diferentes motivações, buscando alterar a forma de narrar, mas vamos provocar mudanças no espaço que interfiram na narrativa.

Vamos centrar em duas interferências principais: em uma delas vamos alterar a luz do ambiente, o que poderá ser feito com um abajur que diminua a claridade ou com um equipamento usado em festas que projete diferentes luzes no espaço.

A segunda interferência será com o som, colocando músicas ou ruídos que interfiram na narrativa.

É muito importante fazer uma roda de conversa ao final e escutar o que os participantes tem a dizer sobre como as interferências no espaço alteraram a narrativa, tanto na condição de narradores, como de quem escuta.

Iluminação com lanternas

Qual o papel da iluminação teatral?

Podemos pensar em vários, mas de maneira bem simplificada, pode-se dizer que é colocar luz naquilo que importa na cena.

Foto de Vaishnav Devadas no Pexels

E quem decide o que importa na cena?

Quase sempre quem decide é a companhia ou o/a diretor/diretora. Ao menos são eles que costumam decidir o que será iluminado e junto com a pessoa responsável pela iluminação, colocarão a luz naquilo que acharem necessário.

Mas para onde se destina o olhar do público, é cada pessoa que escolhe.

E se além de escolher para onde irá seu olhar, a pessoa puder escolher também qual cena ou pedaço de cena será iluminado?

A ideia de iluminar uma peça com lanternas surge desta perspectiva, de fazer a plateia participante nas escolhas sobre o que deve ser iluminado e o que deve ficar no escuro.

 

 

Foto de S Migaj no Pexels

Claro que para isso acontecer, a plateia precisa estar próxima da cena e ter uma lanterna na mão. Para quem faz apresentações teatrais em espaços escolares ou espaços que não são teatros, pode ser uma solução interessante seja pela proximidade com a cena, permitindo uma melhor audição da mesma, seja porque muitas vezes faltam equipamentos de iluminação.

E lanterna na mão, atualmente, todo mundo tem, mesmo que seja só a do celular!

Luz ou escuro

Para quem?

Este jogo funciona melhor com adolescentes ou crianças após os 10 anos, mas pode ser feito com os menores também, dependendo da capacidade de improvisação do grupo.

Condições necessárias:

Uma sala escura

Materiais necessários:

Lanternas (podem ser de celular)

 

Como acontece?

Proponha que o grupo se divida em duplas e a improvisação acontecerá com 3 ou 4 duplas por vez, os demais serão plateia.

Cada dupla ficará em um espaço delimitado da sala ou do palco, caso você tenha um. Este espaço pode ser delimitado com marcas no chão, para que a dupla não se movimente e não se aproxime das demais.

As duplas irão escolher quais os personagens de cada um e irão improvisar uma cena com estes personagens, por exemplo:

  • Um vendedor e um comprados em uma banca de frutas. A cada improvisação eles poderão estar conversando sobre a compra, discutindo sobre algum produto ou preço ou até mesmo brigando por um ter sido acusado de ladrão.

Uma pessoa de fora das cenas irá controlar a luz. Caso você tenha a disponibilidade de estar em um teatro com canhões de luz que apontem para os espaços de cada dupla, use este recurso. Não tendo, use uma lanterna que irá iluminar uma dupla por vez.

As duplas não saberão qual será a ordem e quanto tempo ficarão na luz ou no escuro. A ideia é que cada dupla explore sua capacidade de improvisar e lidar com a surpresa de ser a sua vez inesperadamente.

Para que possa ser uma surpresa, quem ilumina não poderá seguir uma ordem e nem ficar sempre o mesmo tempo com a luz em cada uma das duplas. É possível que em algum momento a iluminação dure um minuto e em outro seja somente de 20 segundos.

A imagem deste post está disponível no site Luz, Tecnologia e Arte, onde você poderá conhecer muito sobre o tema da iluminação. Acesse aqui.

Alunos em cena: Iluminando partes do corpo

Esta proposta tem como objetivo explorar a luz, percebendo  outras formas de ver o corpo

Para quem?

Todas as idades, a partir de 2 anos.

Condições necessárias

Uma sala escura com espaço para que todos se movimentem

Materiais necessários

Lanternas

 

As fotos deste post são do acervo da autora.

Como acontece?

Distribua uma lanterna para cada participante e peça que eles fiquem um tempo em silêncio no escuro, sem fazer nada. Este tempo é somente para que o grupo se acostume com a falta da iluminação e possa perceber o espaço com a ausência de luz.

Caso você esteja trabalhando com crianças muito pequenas e o espaço disponível for muito escuro, é importante diminuir a luz aos poucos e, no caso de ter alguém com medo, deixar um pequeno foco de luz, que pode ser de uma das lanternas, até que eles se acostumem com a escuridão.

Proponha então que todos utilizem a lanterna para iluminar uma parte do próprio corpo, percebendo quais as transformações que ocorrem na maneira de verem seus corpos, com este foco de luz.

Além de explorar o foco em várias direções, cada um deverá explorar diferentes movimentos corporais que criarão novas formas, que por sua vez, serão percebidas de maneira diversa conforme o posicionamento da lanterna.

Uma variação interessante desta proposta é pedir que metade do grupo somente assista e depois troquem de posição. A observação de quem se movimenta permite um novo olhar para os corpos dos colegas e seus movimentos. Esta divisão pode não dar certo para crianças pequenas.

Para continuar

Um desdobramento possível deste jogo é colocar as lanternas nas mãos de quem está assistindo e, então serão eles que escolherão o que querem iluminar.

O que vou iluminar?

A cena teatral pode ocorrer em qualquer espaço. Muitas vezes ocorre na rua, sob a luz do sol, que é uma luz tão poderosa que dificilmente podemos concorrer com ela! Mas quando estamos fechados entre quatro paredes e cobertos por um teto, ter uma luz que ilumine o espaço é condição para que possamos ver o que ocorre nele.

Foto disponível em www.funarte.gov.br

Até 1879 a luz elétrica não existia, o que significa que as apresentações teatrais eram feitas com a iluminação solar ou com a luz proveniente do fogo e de outras maneiras de manter um lampião aceso, como querosene ou gás, por exemplo. Muitos teatros pegaram fogo por esta condição.

A dificuldade em acender e apagar os lampiões ou semelhantes fez com que por muito tempo todo o espaço teatral permanecesse iluminado, não havendo distinção entre palco e plateia, no que diz respeito a iluminação.

Nestes quase cento e cinquenta anos, desde a descoberta da luz elétrica, muitos recursos foram inventados, criando múltiplas possibilidades para a cena. Entretanto, apesar da grande diversidade tecnológica, a pergunta sobre o que vou iluminar permanece.

Se não queremos fazer da montagem teatral um show de luzes, precisaremos escolher onde colocar luz conforme as necessidades que a cena pede.

Não há dúvida de que ter um teatro com muitos recursos é a delícia da maior parte dos encenadores. Poder experimentar qual luz se adequa mais a cada cena, com as variedades de cores, as multiplicidades de recortes e de focos é algo que enriquece a cena. Se além do equipamento o grupo contar também com um bom iluminador, que irá se debruçar na análise das necessidades, tendo já um conhecimento sobre as possibilidades técnicas, e criando soluções para a cena. Aí então, chegamos aos céus e com um foco de luz iluminando o caminho.

Mas se teu trabalho é em uma escola na qual teu único recurso é a luz branca do teto, lembre-se que existem abajures e lanternas para darem graça à nossa vida e à nossa cena.

O mais importante ao pensarmos a luz da cena é explorarmos as necessidades que a cena pede. Se a cena pede escuro, mas só pode ser feita em uma sala iluminadíssima, você terá que descobrir outros recursos para que o escuro chegue neste espaço cheio de luz.

Só não deixe que a falta de recursos se transforme em pobreza para a tua imaginação. Veja quais as cores e os tons que a cena pede; quais os recortes de luz, o enquadramento necessário e se ponha a explorar possibilidades, sem abandonar este campo da cena porque te falta equipamentos. Afinal, só vale apagar a luz do interruptor da escola, quando tivermos uma chama acesa!