Teatro para bebês

Nas vezes que assisti uma peça de teatro para bebês foi difícil saber para onde olhar, se para a cena ou para os bebês!

Como diz Luiz André Cherubini no documentário do Grupo Sobrevento – A Bailarina, que você pode acessar neste link, é incrível a capacidade dos bebês de se maravilharem e se encantarem com coisas bem simples.

Esse maravilhamento, tão característico dos bebês, que estão permanentemente descobrindo o mundo onde estão, se evidencia na maneira pela qual se relacionam com um espetáculo teatral que consegue criar uma forma que se comunique com eles. É muito emocionante ver a intensidade deste encontro!

Grupo Sobrevento

E o que é teatro para bebês?

Uma resposta para essa pergunta seria no mínimo uma demonstração de presunção deste blog, afinal, como qualquer forma teatral, é muito difícil criar definições que não sejam visões limitadoras de uma criação artística, mas vamos tentar dar alguns contornos que ajudem a compreender.

Um aspecto fundamental para saber o que pode ser um bom espetáculo para bebês é saber mais sobre os bebês, sobre seus interesses e as diferentes maneiras com que se relacionam no mundo.

Ter como premissa que o bebê é uma pessoa com um enorme potencial poético, que se emociona de forma estética, que é sensível e que entende emoções é um bom início de caminho.

Reconhecer que os bebês estão no mundo há pouco tempo e que os sentidos são um potente canal de exploração do mundo também é parte da compreensão desta linguagem.

Scaratujas, Cia. Catarsis

Por fim, respeitar a delicadeza desta fase da vida, sem que se ofereça uma explosão de sons e cores, como se o bebê precisasse do excesso é um reconhecimento de suas características. Bebês precisam de muito no sentido de que qualquer espetáculo precisa ter muito o que dizer, ser poético e conhecer o seu público, mas precisa de pouco se pensamos em quantidade de estímulos. São seres sensíveis, mas muito atentos ao que estão vivendo!

Você pode ler neste blog comentários sobre as peças Achadouros, do Grupo Sobrevento e Scaratuja, da Catarsis. E assim que puder, leve um bebê ao teatro e se encante junto com ele!

Teatro para bebês: Scaratuja

Difícil dizer o que é mais encantador, se a montagem feita para os bebês ou a expressão deles enquanto assistem à apresentação.

Assisti à peça Scaratuja na Semana Mundial do Brincar, no SESC Jundiaí, e a maior parte do público parecia ter menos de um ano, mas foi lindo ver a atenção que prestavam aos atores e a vontade de interagir quando possível!

Na página do grupo encontramos uma narrativa sobre a construção deste espetáculo:

“Dentre as inúmeras ideias suscitadas, neste primeiro trabalho optamos pela linguagem não verbal, pela exploração do corpo e espaço e pela relação estabelecida entre a criança e as imagens.
Partindo de um emaranhado de linhas, traços, pontos e círculos, temos a ideia central do espetáculo.

Os “rabiscos” ou garatujas vão ganhando complexidade ao longo da encenação que coincide com o desenvolvimento das crianças, estimulando o crescimento cognitivo e expressivo.

Um tapete tátil com diferentes texturas nos serve como palco, é o chão; a base da cena e ao final torna-se uma área de investigação para o público mirim.”

É nesse tapete com diferentes tons de branco que os dois atores entram, envoltos em um tecido de onde aos poucos saem e, enquanto exploram movimentos, que me fizeram imaginar um pintinho prestes a sair de um ovo, um menino comentou: “O pé dele vai quebrar!”.  Acho que ele se referia ao tecido, que para mim ficou parecendo uma casca de ovo.

No decorrer das cenas os atores se utilizam de diferentes objetos: fitas, elásticos, uma bolinha macia e vermelha, arames encapados e felpudos que são manipulados, virando brincadeira entre eles, estabelecendo parceria e interação também com o público.

A pesquisa de gestos e de sons denota o conhecimento do universo dos bebês. A suavidade domina a cena, o que não significa lentidão ou monotonia. Os ritmos dos gestos variam, mas respeitam o tempo do bebê.

A repetição se faz presente, e em vários momentos fiquei com vontade de brincar junto com eles, de rolar naquele tapete macio e cheio de surpresas.

Vale a pena conferir! O espetáculo fará nova temporada  de 06 a 27/08, no Teatro Folha – Shopping Pátio Higienópolis, em SP, sempre aos domingos, às 11h. Se você tem a sorte de ter um bebê para levar, não deixe de aproveitar, mas se você, como eu, não tiver um bebê disponível, entre em contato e verifique a possibilidade de assistir sem bebês! Eu pude, e junto comigo estavam várias educadoras.

Para quem quiser saber mais, o site aqui indicado revela muito, inclusive a equipe que elaborou esse trabalho:

As fotos deste post foram retiradas do site do grupo: http://catarsis.com.br/catarsis/scaratuja/

FICHA TÉCNICA
Concepção e direção: Marcelo Peroni
Criação: Aline Volpi, Marcelo Peroni e Vladimir Camargo
Dramaturgia final: Marcelo Peroni
Elenco: Aline Volpi e Vladimir Camargo
Orientação pedagógica: Livia Brigoni Balanin
Apoio Técnico: Ana Paula Castro
Projeto cenográfico e de figurinos: Aline Volpi, Marcelo Peroni e Vladimir Camargo
Projeto de luz: Rodrigo Gatera
Execução cenográfica: Edivaldo Zanotti
Trilha sonora: Poin – Pequena Orquestra Interativa
Músicas originais: Gustavo Finkler
Letrista: Jackson Zambelli
Participação especial trilha sonora: Renata Mattar
Fotos: Lucas Trabachini
Ilustrações: Henrique Brigoni Balanin
Produção: Catarsis Produções
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
Duração espetáculo: 25 minutos
Idioma: linguagem não verbal
Faixa etária recomendada: bebês até 3 anos

Teatro Para Bebês: Achadouros

Espetáculo feito para bebês, que propõe uma linguagem para esta faixa etária e que alcança seu objetivo, mantendo o interesse destes seres tão pequeninos.
Assisti a esta apresentação em um dia quente, no V Festival Internacional de Teatro para Bebês, promovido pelo grupo Sobrevento, em São Paulo. A sala estava cheia de bebês e seus pais e foi encantador observar a forma pela qual os bebês acompanharam a apresentação.

Foto de Diego Bressani retirada do site do grupo.

A peça é poesia pura e apresenta gestos e falas do universo dos bebês.
A sinopse, que pode ser conferida em www.achadouros.com, diz:
“O ser humano e sua chegada no mundo. Vestígios de degradação ou matéria prima para criação? Um universo a ser desvendado. A percepção de si, do outro, das diversas formas de vida. A construção das relações. O poder imaginativo que leva à transformação e à reorganização da realidade.
Duas personagens convidam o público a aventurar-se com elas em seu quintal imaginário. Através de encenação poético-teatral o espetáculo conduz a uma arqueologia das memórias da infância e convida o espectador a escrever sua própria história.”
A escolha de objetos simples, a inexistência de ruídos ou sons que assustam os bebês, assim como os figurinos delicados e tranquilos, nos faz sentir que estamos em uma proposta elaborada para bebês, feita por pessoas que conhecem seu público.
Neste espetáculo não colocamos os bebês na tensão do excesso, na exposição ao susto, ao ritmo acelerado permeado por músicas estridentes. Não! Não é um espetáculo que se aproxime de uma propaganda que berra para chamar a atenção das crianças
Ao contrário, toda sua poesia é oferecida com delicadeza, com calma, com repetições, tão presentes nesta fase da vida.

Foto de Diego Bressani retirada do site do grupo.

A simplicidade dos gestos e o tempo oferecido à fruição denotam o conhecimento deste grupo sobre o universo infantil!
Para quem quiser saber mais, acesse o site acima indicado e veja a equipe que elaborou este trabalho:

 

 

Elenco: Caísa Tibúrcio e Nara Faria
Direção: José Regino
Dramaturgia: Criação coletiva
Criação musical: Caísa Tibúrcio e Nara Faria
Figurino: José Regino
Cenografia: Chico Sassi
Iluminação: Marcelo Augusto
Produção geral: V4 Cultural
Produção executiva: Pedro Caroca
Assistente de Produção: Tiana Oliveira
Designer gráfico: Jana Ferreira
Fotografia: Débora Amorim e Diego Bresani
Registro Videográfico e Edição: Fabiano Morari