Para imaginar cenas

Será que você é destas professoras que sempre está imaginando uma cena teatral? Ou acha isso uma coisa dificílima de fazer?

A proposta desta aula é uma maneira de promover uma explosão de imagens e todas elas em formato de teatro!

Para quem?

Qualquer pessoa de mais de 5 anos

Condições necessárias

Uma sala com espaço para que todos se movimentem, também pode ser ao ar livre.

Materiais necessários

Aparelho de som

Como acontece?

Esta proposta terá uma ação corporal somada a um estímulo verbal, que deverá gerar a imaginação de diferentes cenas.

A primeira orientação a ser dada é que os alunos devem imaginar as cenas, como se elas estivessem acontecendo em um palco teatral, mas sem que esta condição atrapalhe sua imaginação, isto é, se começarem a imaginar em outro espaço, devem deixar a imagem fluir.

Proponha diferentes ações corporais, que sejam de simples realização, para que o foco permaneça no que será imaginado e não em conseguir realizar a ação. Alguns exemplos de ações corporais:

  • Andar pela sala
  • Sentar de pernas cruzadas
  • Deitar de barriga para baixo
  • Pular
  • Levantar os braços
  • Ficar com o corpo encolhido
Foto de Felix Mittermeier no Pexels

Enquanto estas ações são feitas, uma de cada vez, proponha um estímulo verbal, que poderá ser relativo a um sentimento, uma sensação, um fato, um lugar ou o que vier na sua imaginação. Alguns exemplos de estímulos:

  • Um frio congelante
  • Uma pessoa com muito medo sozinha
  • Um pulo de paraquedas
  • Muito calor na praia
  • Um jardim florido
  • Um encontro amoroso

Você irá propor que os alunos façam uma destas ações, junto com um estímulo, então é possível que enquanto todos estão andando o estímulo seja o de uma pessoa com muito medo sozinha.

Esta junção das ações corporais, com os estímulos verbais irá provocar o imaginário para as cenas teatrais.

Você poderá juntar a isso o uso de músicas que criem diferentes climas.

Para fazer mais?

Um desdobramento possível desta proposta é que a cada momento imaginário, sejam feitos encontros de duplas que irão contar o que cada um imaginou, um para outro, possibilitando que as imagens sejam compartilhadas e criem interferências na imaginação dos outros.

 

Édipo em Colono

Édipo é famoso por muitos motivos e você poderá saber sobre o primeiro livro da trilogia de Sófocles, chamada Trilogia Tebana, lendo este post.

Édipo em Colono é continuação de Édipo Rei e irá narrar as desventuras de Édipo depois da tragédia que faz com que morra Jocasta e ele fique cego.

Édipo vai embora de Tebas e acompanhamos seu sofrimento, assim como Antígona, sua filha.

A presença dos deuses e do destino se faz evidente nesta peça, assim como nas demais da trilogia.

Vemos também a relação de pai e filha, a força de ambos em manter a dignidade, apesar das inúmeras provações pelas quais passam.

ÉDIPO em COLONO, de Jean-Antoine-Théodore Giroust.

No momento da morte de Édipo, Antígona fala:

“Ele morreu em solo estranho de acordo com sua própria vontade. Seu leito está oculto para sempre e ao nosso luto não faltarão lágrimas. Meus olhos, pai, não param de chorar sentidamente, e não sei – ai de mim! Se terá fim esta tristeza imensa que me deixaste. Querias morrer em solo estranho, mas, por que morreste assim, tão só, longe dos meus cuidados?”

Ainda que o texto nos apresente situações e crenças de um período e uma região da civilização humana, nos fala de sentimentos e conflitos vividos por todos nós.

A Travessia de Maria e seu irmão João

A companhia Artur-Arnaldo conseguiu uma solução muito interessante e envolvente para este formato possível de fazer teatro que estamos vivendo, no qual podemos viver a cena, a representação e a troca por meio das telas vistas de maneira online.

Em sua montagem podemos observar a adaptação feira do conto João e Maria com o encanto de um espetáculo feito de cuidados e de delicadeza.

A versão presencial foi premiada em 2019 pela APCA e nesta versão podemos ver parte deste espetáculo, mesmo que pelas telas. Mas, o mais interessante é a maneira pela qual fazem uso da virtualidade, incluindo a possibilidade de irmos até a floresta, de entremearmos simbologia com realidade e de vermos este jogo acontecer por meio da cena virtual.

Com um cenário lindo, que mistura a construção de casa com a projeção de luzes que ampliam esta casa de bonecos, com personagens bonecos, vividos pelas atrizes em sua duplicidade, vamos vendo este espetáculo criar duplos mais uma vez na solução virtual.

Os duplos da cena vistos nos personagens e no cenário, se tornam duplos na possibilidade de serem João e Maria no teatro e na floresta. Um permear permanente que nos mostra a potência do teatro, como linguagem metafórica, que pode estar contida no formato virtual, mas não deixa de trazer a intensidade da representação.

Hoje é o prezo final para assistir o espetáculo gratuitamente e baixar o material educativo. Você poderá acessar aqui .

Dramaturgia livremente inspirada no conto João & Maria de Neil Gaiman – Carú Lima, Júlia Novaes, Luisa Taborda e Soledad Yunge

Roteiro – Luisa Taborda e Soledad Yunge

Direção – Soledad Yunge

Assistente de filmagem e continuísta – Ana Matie Elenco – Carú Lima e Júlia Novaes

Diretor de Fotografia – Edson Kumasaka

Cenário – Rafael Souza Lopes

Figurinos – Rogério Romualdo

Trilha Sonora Original – Pedro Cury

Iluminação – Júnior Docini

Concepção e Direção de bonecos – Carú Lima

Direção de Produção: Soledad Yunge

A imaginação no teatro

Como eu imagino uma cena? Ou um personagem? Ou um cenário?

Por que é importante imaginar?

A imaginação é fundamental para vivermos, não apenas para fazer teatro. Imaginar é um processo mental que nos permite ir além do que somos e do que vivemos. Vigotsky, em seu livro “Imaginação e arte na infância” nos fala que “o cérebro não se limita a ser um órgão capaz de conservar ou reproduzir nossas experiências passadas, é também um órgão combinador, criador, capaz de reelaborar e criar com elementos de experiências passadas, novas regras e aproximações… É, precisamente, a atividade criadora do homem que o faz um ser projetado para o futuro, um ser que contribui para criar e que modifica seu presente.”

Imaginar é uma maneira de estarmos em transformação, por isso é uma ação fundamental em todos os aspectos da vida e não somente no fazer teatral.

Mas claro que para fazer teatro é necessário imaginarmos e como imaginamos?

Vou me deter na imaginação de um personagem que seja de uma criação coletiva e não de um personagem já definido por um autor.

Foto da atriz Louise Brooks, por volta de 1929. Fonte: Library of Congress.

Para imaginar este personagem partirei sempre do meu repertório pessoal. Uma boa maneira de entender o que significa isso é pensar que se eu quero imaginar uma artista dos anos de 1920 que vivia em Paris, eu partirei de algumas suposições e algumas informações. Para isto tenho que saber:

  • Como é uma mulher?
  • Qual a idade desta mulher?
  • Sei que ela é artista, mas é pintora, bailarina, atriz, cantora…?
  • É uma artista rica ou pobre?

 

 

 

 

Estas primeiras perguntas poderiam ser feitas para qualquer personagem de qualquer época e lugar, mas preciso saber mais informações para poder imaginar esta personagem que vive nos anos de 1920, em Paris:

  • O que acontecia no mundo das artes em Paris nos anos 1920?
  • Como se vestiam as mulheres desta época?
  • Como falavam? Sobre quais assuntos?
  • Quais lugares frequentavam?
  • Como se divertiam?

Sempre imaginamos partindo do nosso repertório e por isso é tão importante ampliarmos nosso repertório, não apenas para termos mais conhecimentos que nos levem a compreender melhor nosso passado e nosso presente, mas para podermos imaginar nosso futuro. E também nossos personagens!!!

Se você ficou com vontade de conhecer mais sobre esta época, poderá ver um filme muito divertido que se chama “Meia Noite em Paris” dirigido por Woody Allen e também as pinturas de várias artistas desta fase, como Berthe Morisot e Céline Marie Tabary.

Luz ou escuro

Para quem?

Este jogo funciona melhor com adolescentes ou crianças após os 10 anos, mas pode ser feito com os menores também, dependendo da capacidade de improvisação do grupo.

Condições necessárias:

Uma sala escura

Materiais necessários:

Lanternas (podem ser de celular)

 

Como acontece?

Proponha que o grupo se divida em duplas e a improvisação acontecerá com 3 ou 4 duplas por vez, os demais serão plateia.

Cada dupla ficará em um espaço delimitado da sala ou do palco, caso você tenha um. Este espaço pode ser delimitado com marcas no chão, para que a dupla não se movimente e não se aproxime das demais.

As duplas irão escolher quais os personagens de cada um e irão improvisar uma cena com estes personagens, por exemplo:

  • Um vendedor e um comprados em uma banca de frutas. A cada improvisação eles poderão estar conversando sobre a compra, discutindo sobre algum produto ou preço ou até mesmo brigando por um ter sido acusado de ladrão.

Uma pessoa de fora das cenas irá controlar a luz. Caso você tenha a disponibilidade de estar em um teatro com canhões de luz que apontem para os espaços de cada dupla, use este recurso. Não tendo, use uma lanterna que irá iluminar uma dupla por vez.

As duplas não saberão qual será a ordem e quanto tempo ficarão na luz ou no escuro. A ideia é que cada dupla explore sua capacidade de improvisar e lidar com a surpresa de ser a sua vez inesperadamente.

Para que possa ser uma surpresa, quem ilumina não poderá seguir uma ordem e nem ficar sempre o mesmo tempo com a luz em cada uma das duplas. É possível que em algum momento a iluminação dure um minuto e em outro seja somente de 20 segundos.

A imagem deste post está disponível no site Luz, Tecnologia e Arte, onde você poderá conhecer muito sobre o tema da iluminação. Acesse aqui.

Mary e os Monstros Marinhos

Uma mesa e duas cadeiras. Com este cenário percorremos a história de Mary Anning. A iluminação nos conduz, junto com todas as transformações do uso destes objetos de cena pelos diferentes espaços que a peça nos coloca.

As três atrizes se transformam nos diferentes personagens e nos falam das pesquisas e descobertas feitas por Mary, de sua família, e da dificuldade vivida para que pudesse se afirmar como cientista em um mundo no qual as mulheres não tinham permissão de ser nada, além de donas de casa.

Foto Maria Tuca Fanchin

A morte, uma personagem apresentada de maneira bem humorada, tomando chás em cada pessoa que se vai, é figura presente, excessivamente presente para uma mesma família, mas que se mostra como quase uma amiga.

As cenas são poéticas e o final é de uma beleza surpreendente. No decorrer de toda a peça vemos a paixão de Mary e a montagem teatral faz jus a esta paixão pela maneira como apresenta o encantamento da personagem, mas também os objetos de sua paixão, os monstros marinhos da época dos dinossauros.

Foto Camila Picolo

O espetáculo tem dramaturgia original construída a quatro mãos – da diretora Rhena de Faria e das atrizes e integrantes da Companhia Delas Cecília Magalhães, Julia Ianina e Thaís Medeiros. A direção de arte é de Mira Haar, a iluminação de Wagner Freire e a trilha sonora original de Artur Decloedt. A equipe conta ainda com a consultoria do Prof. Dr. Luiz Eduardo Anelli, do Instituto de Geociências da USP.

Não há dúvida de que é um espetáculo que poderá inspirar muitos meninos e meninas a percorrerem suas curiosidades!

Foto Camila Picolo

Eu assisti na programação do “Festival A gente que fez” que você poderá acompanhar até o final de março. Para conhecer mais sobre o grupo e seus vários trabalhos, acesse o site da companhia aqui.

Maquiagem teatral para crianças

Criança deve usar maquiagem?

Esta resposta não é simples, afinal crianças tem muitas idades e são diferentes entre si, assim como os adultos.

É muito importante ter em mente que a maioria das maquiagens são feitas com produtos químicos que podem ser danosos para a pele e para a saúde de crianças e quanto menores, pior o efeito.

Então a primeira resposta para esta pergunta é, só devem usar alguma maquiagem as crianças que tem certeza de não ter nenhuma reação alérgica.

Outro aspecto a ser considerado é a razão pela qual a maquiagem poderá ser utilizada.

Neste caso, vou elencar três possibilidades:

A primeira é a maquiagem como função embelezadora, bastante usada por mulheres adultas. Neste caso, entendo ser desnecessário o uso da maquiagem, já que é improvável que uma criança precise disfarçar uma ruga ou uma pela machucada pelo tempo. Outro motivo para o não uso com esta função é o fato de não adultizarmos as crianças. Crianças não precisam ter cílios alongados ou um blush para ficar rosadas. Quase sempre elas são rosadas! E não há motivo para utilizarmos maquiagens que deixem seus rostos parecidos com o de adultos.

A segunda função é de transformação em personagens, isto é, maquiagens que busquem modificar o rosto para parecer alguém diferente da criança, como um animal, uma pessoa velha, um elemento da natureza, como uma árvore ou uma pedra. A maquiagem neste caso pode ser um grande aliado na criação de personagens e poderá ajudar a criança em uma encenação.

A terceira função é de exploração do próprio rosto, possivelmente utilizado em jogos exploratórios, quando a criança pode perceber como a intervenção de uma maquiagem pode transformar o rosto e as expressões feitas. Este trabalho com a maquiagem pode ser usado na construção de um personagem ou apenas como um exercício cênico.

A maquiagem é um recurso que oferece muitas possibilidades e vale a pena ser explorado. Para as peles mais sensíveis e os bebês, uma opção é o uso de tintas feitas com alimentos, pois estas são menos agressivas e permitem a exploração pelos pequenos que costumam levar tudo à boca.

A vida de William Shakespeare

A peça que vou comentar hoje é da Cia. Vagalum Tum Tum e eu assisti no Festival “A gente que fez”, que é um festival onde crianças prepararam o festival para crianças. Vale muito a pena acompanhar a programação do festival, mas isto é assunto para outro post!

Imagem retirada de @catarsisproducoes

Podemos conhecer um pouco da história da companhia no seu site e peguei um trecho desta história para colocar aqui: “A Cia. Vagalum Tum Tum foi fundada em 2001 por Ângelo Brandini e Christiane Galvan, com a proposta de pesquisar as técnicas do palhaço inseridas no cotidiano contemporâneo e o olhar deste arquétipo para adaptar as histórias de William Shakespeare para crianças e jovens. Nestes 19 anos de história desenvolvemos uma linguagem própria e original construída através da diversidade de conhecimento de cada profissional que trabalha conosco, vindos do teatro, do circo, da música e a condução artística do trabalho feita pelo diretor e dramaturgo Angelo Brandini, que tem ampla formação nas áreas citadas.”

“A Vida de William Shakespeare” é uma série, algo que podemos chamar de teatro nesta pandemia na qual não podemos estar no mesmo espaço físico que atores e demais pessoas da plateia, mas podemos estar no mesmo espaço virtual.

Nesta apresentação o que mais fazemos é nos divertir! A forma pela qual a vida do Wil, apelido dado ao famoso Shakespeare, é contada, diverte e informa. Não importa que você já saiba tudo sobre esta pessoa que viveu há tanto tempo e que escreveu tantas peças famosas, porque o bom mesmo é ver as caras e caretas feitas pela Christiane Galvan para explicar o que acontece nesta longa história.

A leveza com que o grupo se remete às tragédias, os recursos lúdicos utilizados demonstram que é um grupo que sabe quem são as crianças, respeitando suas características e sua inteligência.

Assistir online e poder conversar com a dupla de atores, junto com uma plateia cheia de crianças equilibrou a ausência do calor do teatro cheio, me diverti muito com a apresentação e com os comentários depois. Quer ver, hoje você ainda consegue, mas corre!!! Para informações e acesso sobre o festival, acesse aqui.

Caso você não tenha visto no festival, poderá acompanhar os episódios, será lançado um por semana, toda quinta as 19h! A estréia será no dia 18/03, no youtube da Cia. Vagalum Tum Tum.

Qual é a música?

Para quem?

Pessoas com mais de 5 anos.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Aparelho de som com diferentes sons e músicas.

Como acontece?

Esta proposta pode ser feita como um exercício de improvisação ou como parte da construção de um personagem dentro da montagem de uma peça teatral.

A primeira coisa a fazer é definir qual a personagem que cada aluno irá representar e saber quais as características desta personagem.

Após esta definição, crie ações básicas e cenas curtas para que a personagem possa improvisar. Podemos considerar ações básicas:

Caminhar

Comer

Trocar de roupa

Dormir

Tomar banho

 

As cenas curtas dependem da personagem, mas pode ser:

  • Um almoço de trabalho ou de estudo
  • Uma conversa ou uma briga com alguém
  • Um momento de compra em uma loja qualquer
  • Participando de um jogo

As ações básicas, assim como as cenas curtas serão feitas com diferentes músicas, de tal forma que a música auxilie o aluno a identificar as características e a maneira de agir da personagem.

Sons do ambiente

O ambiente no qual vivemos está repleto de sons. Os sons do nosso cotidiano variam de acordo com o lugar onde vivemos, com o espaço onde estamos e com o horário do dia ou da noite.

Quando pensamos na situação fictícia que é a da cena teatral, podemos optar por reproduzir a sonoridade realista, reproduzindo com a maior fidelidade possível o espaço ficcional que está sendo representado ou não.

A escolha por fazer uma cena realista está centrada na concepção de teatro que acreditamos e na função social do teatro.

Podemos nos utilizar dos sons de maneira a criar um espaço imaginário, recurso muito utilizado quando os espaços representados são difíceis de serem criados com o cenário, por exemplo:

A cena se passa em uma floresta e a montagem não possuí recursos para a criação de um cenário realista de floresta. Desta maneira o som pode criar o reconhecimento espacial.

Também é possível a utilização de sons que remetem ao ambiente, porém de maneira distorcida, para criar um efeito dramático, por exemplo:

  • Um gigante se aproxima e o som de seus passos é altíssimo, muito mais alto do que seria, caso gigantes andassem por aí!
  • Um trem está quase atropelando uma personagem e o som do trem também é aumentado, para criar uma enorme expectativa. Na sequência o som do trem pode ser abaixado drasticamente e ouviremos apenas o grito da personagem, quando se depara com seu atropelamento iminente.

O que percebemos com as escolhas sonoras para a cena é que elas poderão ou não reproduzir o ambiente representado, mas sempre teremos que escutar quais são os sons que estão no nosso imaginário!