Ver a lua ou o dedo do ator?

No livro “O ator invisível”, Yoshi Oida conta

“no teatro kabuqui, há um gesto que indica ‘olhar para a lua’, quando o ator aponta o dedo indicador para o céu. Certa vez, um ator, que era muito talentoso, interpretou tal gesto com graça e elegância. O público pensou: ‘Oh, ele fez um belo movimento’. Apreciaram a beleza de sua interpretação e a exibição de seu virtuosismo técnico.

Um outro ator fez o mesmo gesto: apontou para a lua. O público não percebeu se ele tinha ou não realizado um movimento elegante; simplesmente viu a lua”

O que será que faz com que um dos atores atue com tanta beleza que ficamos atentos aos seus gestos, a seu corpo, a suas expressões?

A princípio, uma atuação assim pode parecer a mais desejada de todas, afinal, quem não quer conseguir essa beleza gestual? Mas será essa a principal função do teatro? Será para ver a virtuose da artista que vamos ao teatro? Ou vamos para ver a lua?

Oida termina sua frase dizendo: “Eu prefiro este tipo de ator: o que mostra a lua ao público. O ator capaz de se tornar invisível.”

Eu concordo com ele, vou ao teatro para ver a lua, ainda que possa me encantar com a beleza de um gesto. Quando uma montagem teatral me leva para além do real, vivo algo que minha vida não me dá sem a arte.

R.I.P. – Uma história de amor

Assisti “R.I.P. – Uma história de amor” em janeiro na Sala Glória Rocha, em Jundiaí. Apresentação domingo de tarde, horário nobre para crianças e lá fui eu sem nenhuma criança ao meu lado, na certeza de que me divertiria com o novo espetáculo da Cia. de Teatro de Jundiaí, um dos corpos artísticos do município.

O motivo da minha certeza de diversão é por ser uma peça com a direção de Carla Candiotto. Apenas confirmei o que já previa. Delícia de espetáculo, bom para ir com crianças e na falta delas, vá da mesma forma.

No Instagram @culturajundiaí você encontra a seguinte sinopse:
“O espetáculo se passa em um vilarejo qualquer, no cemitério, no dia do ano em que os familiares vão homenagear seus antepassados. Nesse cenário, Mário decide declarar seu amor e propor casamento para Maria, mas isso só é possível se ele o fizer sob as bênçãos de sua mãe. A cada tentativa de aproximação, Mário deve enfrentar seu rival Enrico, o Talarico, que também busca cativar o amor de Maria, utilizando-se de inúmeras artimanhas. Maria terá então que decidir se aceita o amor de uma alma gêmea ou de uma alma penada. Quem será que leva a melhor?”

A montagem conta com um belo cenário, que possibilita toda a movimentação dos personagens que entram e saem de seus túmulos, em um dinamismo característico dos trabalhos desta diretora.

Outra característica presente é a repetição de situações cômicas que vão se tornando mais engraçadas pela própria repetição, que se faz presente espacialmente nas cenas com a mãe, que pode ser vista na imagem abaixo.

Toda a montagem está bem cuidada, figurinos bacanas, com destaque para as saias maravilhosas desta cena.

As máscaras são lindas e os atores fizeram um ótimo trabalho de corpo e voz, sem falar no sorriso especial do Enrico. No site da prefeitura de Jundiaí você pode saber mais sobre a cia: “A Cia. de Teatro de Jundiaí é um corpo artístico ligado à Unidade de Gestão de Cultura (UGC), criado em 2010 a fim de promover a oferta cultural nos eventos gratuitos promovidos pela Prefeitura, além de valorizar a produção e o trabalho artísticos no Município.

Nas últimas temporadas, sob a direção artística de Carla Candiotto, a companhia apresentou diversas montagens, como “Robin Hood”, uma divertida e humorada adaptação do clássico infantil, além de espetáculos junto aos demais corpos artísticos da Prefeitura, como “Clássicos em Movimento”, concerto cênico e visual em comemoração ao aniversário do Teatro Polytheama, em que, por meio da encenação dos atores e bailarinos pela técnica de “tableau vivant”, fez a reprodução de telas e afrescos famosos.

Além das apresentações do Teatro, a Cia. de Teatro de Jundiaí também tem levado seus espetáculos a diversas escolas municipais de Educação Básica (EMEB), encantando os olhares de milhares de alunos da rede municipal de ensino.

Já na temporada virtual 2020, mesmo durante o período de isolamento social, a Cia. de Teatro apresentou a Quarentena de Histórias, com contações de histórias produzidas e editadas pelos atores da companhia e com as participações especiais de convidados às sextas-feiras.”

Fique de olho nas próximas apresentações e não perca!

 

Ficha técnica

Direção: Carla Candiotto
Direção musical: Natália Nery
Direção do movimento: Gisele Calazans
Direção de máscaras: Rodrigo Veloso
Assistência de direção: Ellen Navarro
Texto: Victor Mendes
Elenco: Kels Feitosa, Laura Mignorin, Letícia Resende, Lucas Ramos, Sid Alves e Thaís Hilário
Máscaras: Bruno Dante
Figurino: Christiane Galvan
Composição musical: Natália Nery, Carla Candiotto, Victor Mendes, Lucas Ramos e Sid Alves
Produção de trilha sonora: Túlio Crepaldi
Mixagem e masterização: Túlio Crepaldi
Cenário e adereços: Marco Lima
Cenotecnica: JFcenografia
Equipe cenotecnia: Vinicius Ribela
Texturizacão, pintura de arte e adereços: Juliana Fernandes
Assistente de arte e produção cenografica: Katê Goldoni e Andrew Nazário
Marcenaria: Giba Oliveira
Iluminação: Iaiá Zanatta
Operação de som: Pedro Cavallaro
Criação: Carla Candiotto, Ellen Navarro, Gisele Calazans, Kels Feitosa, Laura Mignorin, Letícia Resende, Lucas Ramos, Natália Nery, Rodrigo Veloso, Sid Alves e Thaís Hilário
Equipe de produção: Carol Reto, Gio Baraldi, Luana U, Renata Campos, Heloísa Oliveira

As fotos deste post foram captadas no site da Cultura Jundiaí

 

Palcos em Todos os Lugares

por Caroline Ungaro – série TEATRO: HISTÓRIA ATRAVÉS DOS PALCOS DA CIDADE

Teatros, escolas, clubes, escolas livres, igrejas, associações, bares, casas noturnas, coretos… Existem palcos em todos os lugares.

Aqui em Jundiaí não é diferente, os palcos estão por todos os lugares. Ao longo da pesquisa para esse projeto, ao colocar uma lente de aumento para a existência dos palcos na cidade, encontrei também espaços pequenos, destinados ao ensino e pesquisa de arte, que possuem palcos pequenos, que podem entrar na definição de “teatro de bolso”:

De maneira geral, o formato “teatro de bolso”, bastante comum em grandes centros onde a arte é melhor difundida, trata-se de um espaço físico de teatro que comporta um público de aproximadamente 50 pessoas na plateia e tem uma estrutura de equipamentos de sonorização, projeção, iluminação e caixa cênica.(definição no site Mídia Mais)

Seguem alguns espaços, com esse tipo de estrutura de palco: Ballet Teatro Oficina; a Cia. Fênix; Teatro da EAJ – Paineiras; Fermata escola de música; (criados a partir dos anos 2.000) Associação Pio X (criado nos anos 1970). Esses espaços têm: palco frontal com urdimentos, iluminação cênica e sonorização; plateia com cadeiras, poltronas ou arquibancada. Na Atuará escola de teatro, desde 2017, tem uma sala multiuso com: piso de madeira coberto por linóleo preto; possibilidade de colocação de pernas de tecido para fazer as coxias em palco frontal; iluminação cênica e sonorização simples. No Ateliê Casarão, todo o espaço é multiuso!

 

Nos clubes e associações os palcos são maiores, frontais, geralmente fazem parte de grandes salões para festas, com cadeiras móveis para que o espaço tenha múltiplos usos, a maioria deles foram formados no início do século XX. Temos este modelo em: Clube Uirapuru; Clube dos Veteranos; Clube São João; Clube dos Metalúrgicos. O Clube Jundiaiense e o Clube Grêmio CP têm dois palcos, nos salões sociais, um na sede central e outro na sede de campo. No Tênis Clube tem um palco no ginásio, atrás da trave do gol, que já foi palco de diversos eventos. E encontramos muitos outros palcos na listagem da página Turismo da Prefeitura de Jundiaí. Destaco aqui o palco do Clube 28 de Setembro, o mais antigo do estado de São Paulo, fundado logo após a abolição da escravatura no Brasil, no século XIX. 

Palcos muito antigos, são os coretos, pequenos pavilhões cobertos, geralmente em formato arena, presentes em praças de cidades de todo o Brasil. Aqui em Jundiaí temos coretos arenas: na praça da Igreja Nossa Senhora da Conceição (Vila Arens); no Parque Comendador Antônio Carbonari. Na Praça do Coreto tem um modelo frontal, construído nos fundos da Igreja Matriz Nossa Senhora do Desterro e certamente há outros, que ainda não chegaram à minha atenção. 

Os coretos são palcos muito comuns em praças de Igrejas. Coloco atenção para o fato de que as igrejas em si possuem palcos, geralmente com sonorização profissional e plateia com cadeira, bancos e até poltronas, já vi algumas até com iluminação profissional. Para terminar, apresento um novo espaço de cultura que está surgindo em Jundiaí, na Serra do Japi, Espaço Japi, que contempla a Igreja da Santa Clara. Já estão acontecendo alguns eventos por lá. 

Este ciclo de artigos termina por aqui, mas a nossa jornada continua no Instagram o projeto. Está sendo uma caminhada longa, lenta e muito satisfatória. Agradeço à parceria da Lelê Ancona, em abrigar todos os artigos da série aqui no Circularte! 

 

E você? Você conhece algum palco aqui da cidade de Jundiaí? 

E da sua cidade? 

E na sua escola, quais palcos existem?

Se conhecer algum palco, tira uma foto e me manda no instagram @palcos.da.cidade, ou marca a sua foto com a #palcosdejundiai e #palcosaomeuredor. Não usa redes sociais? Mande um e-mail: umnucleodeteatro@gmail.com

Vamos dar luz a esses espaços lindos, dentro e fora de nós. 

 

*Este artigo faz parte do projeto “Teatro: história através dos palcos da cidade”, de Caroline Ungaro, realizado com recurso do Edital de Fomento Direto a Profissionais do Setor Cultural e Criativo no Estado de São Paulo – ProAC2021, e apoiado por Circularte Educação, UM núcleo de teatro e Atuará escola de teatro. Ao longo do projeto, será publicada uma série de artigos sobre alguns dos principais tipos de espaços para apresentações cênicas que a humanidade criou, trazendo, como exemplos dessas construções, palcos que existem na cidade de Jundiaí hoje, buscando mostrar a diversidade de palcos que existem na região central e nas periferias da cidade, e incentivar as pessoas a procurarem os palcos que existem ao seu redor. Também será lançada uma videoaula que ficará disponível no canal do YouTube da Atuará escola de teatro. A videoaula será um convite para conhecermos e ocuparmos os espaços da cidade, em especial os possíveis palcos, fazendo com que sejamos espectadores e/ou fazedores de arte; será também um chamado ao fato de que a criação artística acontece através da pesquisa, do estudo, do conhecimento e que ela pode estar bem próxima de nós; por fim, será um incentivo para olharmos as estruturas arquitetônicas como um caminho para compreender a arte cênica, essa ação humana tão potente. #ProAC2021

 

Palcos Escolares

por Caroline Ungaro – série TEATRO: HISTÓRIA ATRAVÉS DOS PALCOS DA CIDADE

Ver e ser visto. 

Como essas ações tão fundamentais para a humanidade são tratatas na educação formal?

Esse artigo faz parte de uma pesquisa (em andamento) sobre os palcos da cidade de Jundiaí. Como parte desta pesquisa, eu e Luisa (assistente desse projeto), entramos em em contato com diversas escolas e instituições (por telefone, por e-mail, por mensagem), buscamos sites e informações, visitamos nossas memórias. E, assim, fomos refletindo sobre a importância dos palcos em nossa vida escolar. 

No palco tudo pode se encontrar: o pensamento, a literatura, as línguas, a educação física, a matemática, as ciências, as artes… 

No palco tudo pode ter: texto, figurino, cenário, movimento, ritmo, canto, iluminação, música…  

No palco podemos dar sentido a muitas coisas, porque são tantas as habilidades que as artes do palco (conhecidas como artes da cena ou artes cênicas) podem utilizar para produzir um espetáculo, que o conhecimento toma forma, se materializa e ganha utilidade. 

Há diversas escolas com palcos aqui na cidade, aqui estão listadas algumas delas. Mas ainda são poucas perto do número de escolas que existem. 

Alguns palcos antigos estão em escolas estaduais: a EE Bispo Dom Gabriel Paulino Bueno Couto tem um prédio anexo com um auditório amplo; a EE Doutor Antenor Soares Gandra possui um auditório integrado ao prédio escolar; a EE Siqueira de Moraes possui um auditório pequeno, com um palco de madeira. 

Conheço duas escolas municipais que têm palcos nos pátios internos, formando estruturas interessantes: a EMEB Marcos Gasparian tem um palco no pátio interno, do tipo semi-arena, embaixo das escadarias, no qual fiz uma apresentação da aula de artes quando estava no Ensino Fundamental; a EMEB Professor Luiz Biela de Souza também tem um palco semi-arena, no pátio interno; já vi uma apresentação de professoras acontecendo lá!

 

Nas escolas particulares, pesquisei: o Teatro Wagner Nacarato, na escola Divina Providência, que possui palco italiano e plateia em níveis (um espaço lindo!); o salão de eventos da escola Santa Felicidade, com um palco de madeira bem antigo e bem bonito, e a plateia em um único nível  (porque o espaço que ela ocupa era um clube ou associação); a escola Waldorf Angelim, que tem um pátio interno, com cobertura e laterais abertas, com plateia em níveis e palco na parte mais baixa, revelando um fundo pitoresco para o pomar da escola; o colégio São Vicente, que possui um teatro com 420 lugares para a plateia; a escola da Fundação Antônio Antonieta Cintra Gordinho, que tem um auditório muito interessante, próximo ao refeitório, com um palco pequeno e alto; a escola Domus, possui um anfiteatro. 

 

 

E tem as escolas técnicas e as faculdades: o teatro da UNIP; o Anfiteatro Unianchieta na Faculdade Anchieta; o Anfiteatro Liliana Paschoal Venchiarutti na ETECVAV; o anfiteatro na ETECBEST; o auditório da Faculdade de Tecnologia de Jundiaí (Fatec) Deputado Ary Fossen; o auditório e os anfiteatros da Faculdade de Medicina de Jundiaí; os Anfiteatros 1 e 2 na Faculdade Anhanguera; auditório do Senac.

 

Palcos de escolas são espaços repletos de memórias. Eles abrigam conhecimentos e emoções que estão se desenvolvendo, experimentando. Eles acolhem inícios e finais de processos, recepção de calouros e formaturas. São palcos diversos, que correspondem às expectativas e sonhos dos que passaram, dos que continuam e que serão transformados. 

Em Jundiaí há 327 escolas cadastradas na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Do berçário ao ensino superior, passando também pelas escolas técnicas. 

Arte é um campo de conhecimento na Base Nacional Comum Curricular que abarca as artes cênicas. Imaginem a nossa cidade com 327 palcos!

Certamente nossos teatros estariam repletos em todos os espetáculos. 

 

E você? Você conhece algum palco aqui da cidade de Jundiaí? 

E da sua cidade? 

E na sua escola, quais palcos existem?

Se conhecer algum palco, tira uma foto e me manda no instagram @palcos.da.cidade, ou marca a sua foto com a #palcosdejundiai e #palcosaomeuredor. Não usa redes sociais? Mande um e-mail: umnucleodeteatro@gmail.com

Vamos dar luz a esses espaços lindos, dentro e fora de nós. 

 

*Este artigo faz parte do projeto “Teatro: história através dos palcos da cidade”, de Caroline Ungaro, realizado com recurso do Edital de Fomento Direto a Profissionais do Setor Cultural e Criativo no Estado de São Paulo – ProAC2021, e apoiado por Circularte Educação, UM núcleo de teatro e Atuará escola de teatro. Ao longo do projeto, será publicada uma série de artigos sobre alguns dos principais tipos de espaços para apresentações cênicas que a humanidade criou, trazendo, como exemplos dessas construções, palcos que existem na cidade de Jundiaí hoje, buscando mostrar a diversidade de palcos que existem na região central e nas periferias da cidade, e incentivar as pessoas a procurarem os palcos que existem ao seu redor. Também será lançada uma videoaula que ficará disponível no canal do YouTube da Atuará escola de teatro. A videoaula será um convite para conhecermos e ocuparmos os espaços da cidade, em especial os possíveis palcos, fazendo com que sejamos espectadores e/ou fazedores de arte; será também um chamado ao fato de que a criação artística acontece através da pesquisa, do estudo, do conhecimento e que ela pode estar bem próxima de nós; por fim, será um incentivo para olharmos as estruturas arquitetônicas como um caminho para compreender a arte cênica, essa ação humana tão potente. #ProAC2021

Palcos de Todos Nós

por Caroline Ungaro – série TEATRO: HISTÓRIA ATRAVÉS DOS PALCOS DA CIDADE

 

Jundiaí é uma cidade que cada vez mais investe em arte e cultura. Não apenas o poder público, mas também a sociedade civil (cada um de nós) e a classe artística se organizam para que a cidade seja mais artística e cultural. Esse movimento não é de hoje. Assim como os palcos foram se transformando ao longo da história, os nossos palcos, aqui da nossa cidade, também estão em constante transformação. 

 

Desde os anos 1990, a classe artística da cidade tem se organizado para trabalhar junto à prefeitura para a criação de políticas públicas culturais, para a fiscalização e cobrança de melhorias. Esse movimento civil levou à criação do Conselho Municipal de Cultura, que mais tarde se tornou o Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) e que hoje está criando, junto à Unidade de Gestão de Cultura (UGC), o Plano Municipal de Cultura. 

 

Em mais de 30 anos, muitas histórias podem ser contadas, todas com numerosos protagonistas e infinitos coadjuvantes. Neste artigo, vou tratar da história dos nossos palcos públicos, presentes em espaços municipais de uso comum, na forma de uma linha do tempo, que se inicia com o primeiro palco público municipal e que segue até os dias de hoje: 

 

1953: O Parque Comendador Antônio Carbonari foi inaugurado. Em um dos pavilhões há um grande palco, em estilo semi-arena. Na parte externa do parque há dois coretos (palcos estilo arena). Esses palcos recebem apresentações nas feiras,  exposições, eventos e na tradicional Festa da Uva. 

 

1981: A Sala Glória Rocha, que tem estrutura de semi-arena, plateia de 334 lugares, foi inaugurada em 28 de março dentro do Centro das Artes. Fechada desde 2013, aguarda reinauguração agora em 2023. Esse palco mora na minha história, pois nele assisti a uma peça de teatro pela primeira vez, por volta de 1989 e, em 1996, aconteceu a minha estreia como atriz. A Sala Glória Rocha foi o principal palco municipal até 1996. 

1982: O Museu Histórico e Cultural de Jundiaí passou a habitar o casarão na Rua Barão de Jundiaí e dentro dele foi criada a Sala Jahyr Accioly de Souza, um salão auditório com capacidade para 80 pessoas. Palco simples, recebe diversos tipos de expressões artísticas. Já assisti nele belas apresentações de música instrumental e de corais. 

1996: O Teatro Polytheama, que funcionou de 1911 a 1975 como um espaço privado, foi reinaugurado (depois de 21 anos fechado), em 13 de dezembro de 1996, como um teatro municipal e com plateia de 1.124 lugares. Participei da programação de reinauguração como atriz, assim como muitos artistas jundiaienses. Palco italiano majestoso que recebe espetáculos de todas as linguagens artísticas. Lindo para se apresentar, mágico para assistir. 

 

2004: O Anfiteatro do Parque da Cidade, inaugurado em 21 de abril, possui arquibancada em níveis, gramada; possui capacidade para mais de 200 pessoas e tem como fundo de palco as águas da represa. A Arena do Jardim Botânico foi inaugurada em 29 de dezembro. Visual natural belíssimo, capacidade de público variável.

 

2008: O Auditório Maria Albertina, no Centro Jundiaiense de Cultura Josefina Rodrigues da Silva (Jorosil), possui plateia com 80 lugares. Todo em madeira, é bastante aconchegante para reuniões e encontros. 

 

2012: O Auditório da Biblioteca Municipal Nelson Foot, com plateia de 89 lugares, em nível, foi inaugurado em 22 de setembro. Recebe diversos tipos de eventos, inclusive artísticos. 

 

2016: O Teatro da Pracinha da Cultura do Vista Alegre é um espaço multiuso com piso de madeira, que comporta plateia de 60 lugares e foi inaugurado em 28 de maio.

2018: A Sala Jundiaí, palco do Espaço Expressa, na Unidade de Gestão de Cultura de Jundiaí, foi montada com plateia de 150 lugares. Hoje é um espaço de uso amplo e democrático. 

2021: O Espaço multiuso na Fábrica das Infâncias Japy, inaugurado em 18 de dezembro, com plateia variável, já recebeu diversas manifestações artísticas e culturais. A Arena Capivara, no Parque Mundo das Crianças, é um espaço amplo e livre. 

  

Pensando assim, linearmente, podemos sentir a evolução dos palcos na cidade, em quantidade e em qualidade; e podemos vislumbrar desejos e passos para o futuro. 

 

Você pode conhecer ou até utilizar esses palcos; para isso, entre em contato com os órgãos responsáveis e se informe sobre os horários e regras de cada um deles.  

Se conhecer algum palco, tira uma foto e me manda no instagram @palcos.da.cidade, ou marca a sua foto com a #palcosdejundiai e #palcosaomeuredor. Não usa redes sociais? Mande um e-mail: umnucleodeteatro@gmail.com

Vamos dar luz a esses espaços lindos, dentro e fora de nós. 

 

*Este artigo faz parte do projeto “Teatro: história através dos palcos da cidade”, de Caroline Ungaro, realizado com recurso do Edital de Fomento Direto a Profissionais do Setor Cultural e Criativo no Estado de São Paulo – ProAC2021, e apoiado por Circularte Educação, UM núcleo de teatro e Atuará escola de teatro. Ao longo do projeto, será publicada uma série de artigos sobre alguns dos principais tipos de espaços para apresentações cênicas que a humanidade criou, trazendo, como exemplos dessas construções, palcos que existem na cidade de Jundiaí hoje, buscando mostrar a diversidade de palcos que existem na região central e nas periferias da cidade, e incentivar as pessoas a procurarem os palcos que existem ao seu redor. Também será lançada uma videoaula que ficará disponível no canal do YouTube da Atuará escola de teatro. A videoaula será um convite para conhecermos e ocuparmos os espaços da cidade, em especial os possíveis palcos, fazendo com que sejamos espectadores e/ou fazedores de arte; será também um chamado ao fato de que a criação artística acontece através da pesquisa, do estudo, do conhecimento e que ela pode estar bem próxima de nós; por fim, será um incentivo para olharmos as estruturas arquitetônicas como um caminho para compreender a arte cênica, essa ação humana tão potente. #ProAC2021

 

PALCOS AO REDOR

por Caroline Ungaro – série TEATRO: HISTÓRIA ATRAVÉS DOS PALCOS DA CIDADE

 

Olhar ao redor e perceber o que o mundo nos oferece não é uma tarefa óbvia. 


A parte boa: a tarefa não é óbvia, é bastante trabalhosa, mas acaba por ser muito recompensadora.

Neste artigo, convido todos a olhar ao redor, observar a sua rua, o seu bairro, a sua escola, até mesmo a sua casa, e buscar, nesses lugares tão comuns a cada um de nós, possíveis palcos.

Por exemplo: eu moro no setor Oeste de Jundiaí. Nesse setor há muitos bairros. Olhando para a minha rua, que é sem saída, sempre imagino um grande palco, tipo um picadeiro de circo idílico, uma semi-arena com uma mata verde ao fundo. Imagino belas cenas acontecendo ao pôr do sol enquanto os proprietários dos últimos terrenos da rua ainda não decidiram construir casas e emparedar o fundo do meu palco de rua.

Andando mais um pouco, há uma rotatória esquisita, bem pouco redonda, mas que imagino como um palco urbano, com performances contemporâneas, trazendo poesia para os carros e pedestres que passam por lá.

A 3 ou 4 quadras de distância, tem um Centro Esportivo e Cultural, pleno de cultura do esporte e ainda com pouco de cultura artística. Nele, dentro do ginásio, atrás da trave do gol, com ecos de bolas e disputas, há um palco com piso de madeira (é lindo quando os pisos são de madeira) repleto de histórias possíveis. Ao lado desse primeiro ginásio tem outro ginásio, amplo, com o piso coberto por um enorme quadrado de tapetes de e.v.a., no qual acontecem os treinamentos de ginástica artística e também poderiam acontecer aulas de teatro. O espaço me parece perfeito para isso: de um lado uma sala de ensaio; do outro, o palco.

Andando mais duas quadras, tem um terreno público vazio, que há muitos anos é usado como palco para a celebração da Páscoa com a encenação da Paixão de Cristo pela comunidade católica da região. Um terreno precioso, tornado sagrado uma vez por ano, através de uma encenação teatral!


Pouco depois, temos uma Associação da comunidade japonesa, com uma sede enorme que tem um… palco! Um palco alto que abriga um grupo de taikô. E que poderia receber uma peça, junto do taikô. Leques. Tabis. Nô. Poderia também ter um belíssimo palco de teatro Nô. Pronto. Viu? Comecei a desejar o que não existe.


Fiz o caminho para o norte. Fazendo o caminho para o sul, encontramos um pitoresco espaço à margem de um lago cercado por árvores que parecem cenográficas. Imagino ali performances de dança e de tecidos acrobáticos. Ai, que palco lindo. 

E esse mesmo lago é tão, tão cênico, que, dando a volta nele, num bosque, tem um piso  arredondado, com uma figueira sagrada ao fundo, perfeito para qualquer tipo de ideia artística. Poderia chamar-se… eu não sou muito boa em dar nomes, mas você pode dar. Nesse palco, o da figueira sagrada, eu imaginei tantas vezes a peça teatral SER TÃO DE ORIGEM acontecendo, mas não fiz acontecer. Se você quiser, pode ouvir o áudio drama desta peça e imaginá-la acontecendo nesse lugar, ou em qualquer outro.

Voltando para o oeste, para a avenida que leva para outro canto da cidade, tem o Clube, com um palco dentro do salão de festas; e o Anfiteatro da Escola Técnica Estadual, com um espaço multiuso ladeado por janelas amplas com vista para a mata.  

Mais pra frente ainda, quando a gente pensa que não tem mais rua e o asfalto vira terra,  encontramos um auditório lindo, muito bem cuidado, uma jóia, dentro da fazenda histórica da Fundação. O lugar em si já é uma viagem cultural. Uma beleza!

No caminho que eu percorri para escrever esse artigo, encontrei e imaginei esses palcos. 

Devem existir outros. E podemos imaginar tantos outros. 

E você? Você conhece algum palco aqui da cidade de Jundiaí? 

E da sua cidade? 

E no seu mundo, quais palcos existem?

Se conhecer algum palco, tira uma foto e me manda no instagram @palcos.da.cidade, ou marca a sua foto com a #palcosdejundiai e #palcosaomeuredor. Não usa redes sociais? Mande um e-mail: umnucleodeteatro@gmail.com

Vamos dar luz a esses espaços lindos, dentro e fora de nós. 

 

*Este artigo faz parte do projeto “Teatro: história através dos palcos da cidade”, de Caroline Ungaro, realizado com recurso do Edital de Fomento Direto a Profissionais do Setor Cultural e Criativo no Estado de São Paulo – ProAC2021, e apoiado por Circularte Educação, UM núcleo de teatro e Atuará escola de teatro. Ao longo do projeto, será publicada uma série de artigos sobre alguns dos principais tipos de espaços para apresentações cênicas que a humanidade criou, trazendo, como exemplos dessas construções, palcos que existem na cidade de Jundiaí hoje, buscando mostrar a diversidade de palcos que existem na região central e nas periferias da cidade, e incentivar as pessoas a procurarem os palcos que existem ao seu redor. Também será lançada uma videoaula que ficará disponível no canal do YouTube da Atuará escola de teatro. A videoaula será um convite para conhecermos e ocuparmos os espaços da cidade, em especial os possíveis palcos, fazendo com que sejamos espectadores e/ou fazedores de arte; será também um chamado ao fato de que a criação artística acontece através da pesquisa, do estudo, do conhecimento e que ela pode estar bem próxima de nós; por fim, será um incentivo para olharmos as estruturas arquitetônicas como um caminho para compreender a arte cênica, essa ação humana tão potente. #ProAC2021

Luz nos Palcos

por Caroline Ungaro – série TEATRO – HISTÓRIA ATRAVÉS DOS PALCOS DA CIDADE

 

O mundo é um palco… começa o solilóquio de Shakespeare em sua peça Como gostais.

A vida é uma peça de teatro… diz um autor desconhecido que tornou sua frase famosa transferindo sua autoria para Charles Chaplin.

As ideias de vida, de mundo, como uma obra de arte, como um drama, e de humanidade como personagem de um espetáculo remontam, segundo um link da wikipedia, aos tempos da Grécia antiga. Poderíamos ter outras referências se fôssemos orientais, africanos ou se nossos antepassados dos povos originários guardassem seus escritos. Mas em todo agrupamento humano, em algum momento, é estabelecida a relação palco-plateia que tem as suas origens na relação narrador-ouvinte. Afinal, arte é a criação de metáforas, é a transmutação da vida. E a vida transformada, é arte. Mas e o palco?

 

O palco causa fascínio e terror. 

Em minhas andanças como educadora teatral, vivencio o chamado das pessoas para o palco: seja para destacar-se pelo prazer ou pela dor. Explico: prazer é quando a pessoa naturalmente tem o impulso de se colocar no mundo como porta-voz de algo, de alguém ou de alguma ideia; dor é quando a pessoa prefere ficar como espectadora, ouvinte, protegida como mais uma na multidão, mas sente que deve enfrentar o desafio de subir no palco e fazer-se ser vista e ouvida. Em ambos os casos, o resultado mais comum é amar e venerar o palco. 

Afinal, o que é o palco? O que é um palco? 

“Palco” é um substantivo masculino que remete principalmente ao ambiente teatral. Sua significação no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa é de um lugar: estrado ou tablado destinado às representações ou para uso variado, geralmente de madeira, fixo ou móvel, e que pode apresentar diversos formatos, de acordo com a localização da plateia. Mas é muito mais do que isso.

Palco pressupõe um lugar de destaque. Algum lugar onde um foco é estabelecido. Uma luz é acesa. Um acordo é feito: nesse lugar, algo importante irá acontecer. Se não tiver destaque, não é palco. 

O primeiro conceito que me chega – e que foi aceito por culturas urbanas de todo o mundo – é o europeu: palco como uma construção arquitetônica, presente em prédios que abrigam espetáculos, shows, reuniões etc. Aqui no Brasil, a arquitetura mais difundida foi a do palco italiano. No final do século 19 e início do século 20, diversos teatros com palco italiano foram construídos pelo Brasil afora: aqui em Jundiaí, foi o Teatro Polytheama, inaugurado em 1911. 

No entanto, não foi sempre assim: antes havia o palco do circo, a semiarena, que circulava por nosso território. No chão de terra batida ou na lona, itinerante. E esse tipo de palco, que nasce em qualquer lugar, teve seu espaço fixo aqui na terra dos Jundiás. Antes de ser Teatro Polytheama, o prédio que ele ocupa já era um espaço de eventos chamado Pavilhão Paulista, com chão de terra batida, preparado para a recepção de trupes circenses e shows, plateia em formato de ferradura e o picadeiro no centro. Sim, o palco do circo tem nome próprio: Picadeiro!

 

 

E os palcos de auditórios? Esses são palcos menos teatrais, geralmente mais estreitos e com menos recursos cênicos, feitos para reuniões, conferências, seminários, palestras, formaturas etc. e são muito comuns em escolas públicas e privadas. Na Pinacoteca de Jundiaí, que foi construída como escola estadual, tem um auditório pequeno, mas muito aconchegante. Lá foi onde participei pela primeira vez de um Conselho de Cultura da cidade e isso mudou a minha vida. Posso contar em outro artigo. 

Tem também os palcos de salões de festas, geralmente com acústica ruim, e formato de palco italiano ou misto, muito comuns em Clubes. Eu conheço o do Clube Jundiaiense (sede central e na sede de campo), do Clube Uirapuru e de vários outros. 

E tem os palcos de arena. São os meus preferidos. Eles são tão desafiadores, como a vida. Os olhares ficam por todos os lados. Não tem coxia ou rotunda para nos proteger, é uma delícia assustadora. Conheço duas arenas lindas, cercadas de natureza: uma no Jardim Botânico e outra no Mundo das Crianças. Os teatros gregos e os anfiteatros romanos eram assim, palcos de arena. Anfiteatros como os romanos não temos por aqui, mas eu conheço o Anfiteatro Liliana Paschoal Venchiarutti que fica na Escola Técnica Vasco Antônio Venchiarutti (ETEVAV).

Iluminei aqui apenas alguns tipos de palco para começarmos a nossa conversa. Nos próximos artigos, vou detalhar melhor os que estão apresentados aqui e também apresentar alguns outros.

E você? Você conhece algum palco aqui da cidade de Jundiaí? 

E da sua cidade? 

E no seu mundo, quais palcos existem?

Se conhecer algum palco, tira uma foto e me manda no instagram @palcos.da.cidade, ou marca a sua foto com a #palcosdejundiai e #palcosaomeuredor. Não usa redes sociais? Mande um e-mail: umnucleodeteatro@gmail.com

Vamos dar luz a esses espaços lindos, dentro e fora de nós. 

 

*Este artigo faz parte do projeto “Teatro: história através dos palcos da cidade”, de Caroline Ungaro, realizado com recurso do Edital de Fomento Direto a Profissionais do Setor Cultural e Criativo no Estado de São Paulo – ProAC2021, e apoiado por Circularte Educação, UM núcleo de teatro e Atuará escola de teatro. Ao longo do projeto, será publicada uma série de artigos sobre alguns dos principais tipos de espaços para apresentações cênicas que a humanidade criou, trazendo, como exemplos dessas construções, palcos que existem na cidade de Jundiaí hoje, buscando mostrar a diversidade de palcos que existem na região central e nas periferias da cidade, e incentivar as pessoas a procurarem os palcos que existem ao seu redor. Também será lançada uma videoaula que ficará disponível no canal do YouTube da Atuará escola de teatro. A videoaula será um convite para conhecermos e ocuparmos os espaços da cidade, em especial os possíveis palcos, fazendo com que sejamos espectadores e/ou fazedores de arte; será também um chamado ao fato de que a criação artística acontece através da pesquisa, do estudo, do conhecimento e que ela pode estar bem próxima de nós; por fim, será um incentivo para olharmos as estruturas arquitetônicas como um caminho para compreender a arte cênica, essa ação humana tão potente. #ProAC2021

Todas as coisas maravilhosas

  1. Assistir uma peça que te emociona
  2. Sorvete
  3. Abraços
  4. Encontrar alguém de quem você está morrendo de saudades

Assisti a peça “Todas as coisas maravilhosas” no Teatro Polytheama de Jundiaí, que é um lugar que poderia entrar nessa lista.

Emoção na pele talvez seja a expressão que melhor traduza esta montagem.

Kiko Mascarenhas nos envolve em uma triste e bela narrativa. Faz uma costura entre a tristeza de alguém que sofre de depressão durante muitos anos e das pessoas que acompanham esta jornada difícil de aproximação ao suicídio, e a beleza de tantas coisas que podemos encontrar juntos, quando queremos e conseguimos nos encantar com a potência da vida, da humanidade, do planeta, das relações.

Em uma apresentação na qual a plateia é envolvida de forma respeitosa e carinhosa, com dinamismo e humor, vamos nos aproximando desta realidade complexa que é a vida de tantos nós, que é a vida feita de abismos e listas que nos permitem lembrar pelo que vale a pena continuar.

Mesmo que você não tenha nascido na década de 60, como ele e eu e talvez não reconheça algumas das referências feitas no decorrer de toda a apresentação, a peça nos fala também sobre uma época e mostra, ao final, de forma bastante concreta um universo de objetos que fizeram parte da vida de tantos.

Vale a pena acompanhar e descobrir onde mais você poderá assistir, veja em https://www.facebook.com/todasascoisasmaravilhosas/