Narrativa com interferência

Para quem?

Pessoas com fluência leitora

Condições necessárias

Uma sala com espaço para que todos se movimentem.

Materiais necessários

Um abajur ou equipamento de iluminação, equipamento de som

Como acontece?

Quantas maneiras será que podemos narrar um acontecimento?

Essa proposta busca explorar as diferentes maneiras de narrarmos um mesmo acontecimento, partindo de um texto escrito. O texto pode ser retirado da literatura, do jornal ou escrito pelos alunos, desde que cada um tenha o seu. O tamanho do texto deve ser pequeno, para ser possível realizar a narrativa diversas vezes.

Caso o grupo de alunos seja muito grande, poderá ser dividido em dois ou três, para que todos possam fazer a narrativa sem tanta espera.

A intensão é de encontrarmos diferentes maneiras de narrarmos algo, dando entonações e sentidos variados. Para isso poderíamos usar somente diferentes motivações, buscando alterar a forma de narrar, mas vamos provocar mudanças no espaço que interfiram na narrativa.

Vamos centrar em duas interferências principais: em uma delas vamos alterar a luz do ambiente, o que poderá ser feito com um abajur que diminua a claridade ou com um equipamento usado em festas que projete diferentes luzes no espaço.

A segunda interferência será com o som, colocando músicas ou ruídos que interfiram na narrativa.

É muito importante fazer uma roda de conversa ao final e escutar o que os participantes tem a dizer sobre como as interferências no espaço alteraram a narrativa, tanto na condição de narradores, como de quem escuta.

Qual é a música?

Para quem?

Pessoas com mais de 5 anos.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Aparelho de som com diferentes sons e músicas.

Como acontece?

Esta proposta pode ser feita como um exercício de improvisação ou como parte da construção de um personagem dentro da montagem de uma peça teatral.

A primeira coisa a fazer é definir qual a personagem que cada aluno irá representar e saber quais as características desta personagem.

Após esta definição, crie ações básicas e cenas curtas para que a personagem possa improvisar. Podemos considerar ações básicas:

Caminhar

Comer

Trocar de roupa

Dormir

Tomar banho

 

As cenas curtas dependem da personagem, mas pode ser:

  • Um almoço de trabalho ou de estudo
  • Uma conversa ou uma briga com alguém
  • Um momento de compra em uma loja qualquer
  • Participando de um jogo

As ações básicas, assim como as cenas curtas serão feitas com diferentes músicas, de tal forma que a música auxilie o aluno a identificar as características e a maneira de agir da personagem.

Música da personagem

Você tem uma música tema para você? Pergunta difícil, né?

Talvez você tenha uma música tema para uma fase de tua vida, quem sabe uma música que te acompanha em muitos momentos.

Foto de VisionPic .net no Pexels

A música tema de um personagem pode ser utilizada com diferentes propostas. Pode ser uma maneira de caracterizar a personagem, então se é uma personagem romântica, terá uma música tema romântica nos momentos que ela aparece em cena.

Também pode ser uma música para marcar um tipo de ação. Esta escolha é bastante comum no teatro infantil, utilizando-se de repetições sonoras ou musicais para marcar a repetição da entrada de uma personagem, por exemplo: sempre que o lobo aparece, uma mesma música é tocada.

A música tema também poderá ser usada somente em alguns momentos de atuação da personagem, já que se espera que qualquer personagem passe por diferentes emoções no decorrer de uma peça, neste caso, a música tema pode ter relação com a principal característica da personagem, por exemplo:

  • A personagem é uma moça gentil e delicada, então a música escolhida como música tema remete a estas características. Porém no momento que ela está brigando com sua irmã, a música não tocará.
  • O personagem é um coelho muito ligeiro e sua música tema é em um ritmo bem veloz, porém no momento que ele dorme e não vê suas roupas serem roubadas, não tocará a música tema.

A escolha de música tema é uma possibilidade, mas está longe de ser uma obrigatoriedade. Muitas montagens não se utilizam deste recurso e muitas sonoplastias são feitas inclusive sem música.

Vale a pena utilizar este recurso quando a peça pede por isso e, também pode ser utilizado como parte da caracterização da personagem, mesmo que depois não se utilize na apresentação.

Sons do ambiente

O ambiente no qual vivemos está repleto de sons. Os sons do nosso cotidiano variam de acordo com o lugar onde vivemos, com o espaço onde estamos e com o horário do dia ou da noite.

Quando pensamos na situação fictícia que é a da cena teatral, podemos optar por reproduzir a sonoridade realista, reproduzindo com a maior fidelidade possível o espaço ficcional que está sendo representado ou não.

A escolha por fazer uma cena realista está centrada na concepção de teatro que acreditamos e na função social do teatro.

Podemos nos utilizar dos sons de maneira a criar um espaço imaginário, recurso muito utilizado quando os espaços representados são difíceis de serem criados com o cenário, por exemplo:

A cena se passa em uma floresta e a montagem não possuí recursos para a criação de um cenário realista de floresta. Desta maneira o som pode criar o reconhecimento espacial.

Também é possível a utilização de sons que remetem ao ambiente, porém de maneira distorcida, para criar um efeito dramático, por exemplo:

  • Um gigante se aproxima e o som de seus passos é altíssimo, muito mais alto do que seria, caso gigantes andassem por aí!
  • Um trem está quase atropelando uma personagem e o som do trem também é aumentado, para criar uma enorme expectativa. Na sequência o som do trem pode ser abaixado drasticamente e ouviremos apenas o grito da personagem, quando se depara com seu atropelamento iminente.

O que percebemos com as escolhas sonoras para a cena é que elas poderão ou não reproduzir o ambiente representado, mas sempre teremos que escutar quais são os sons que estão no nosso imaginário!

Sons que criam clima

Uma cena é criada com muitos elementos e o som é um deles!

A ideia de clima, termo usado para as variações do tempo, se relacionam também às sensações, aos sentimentos. São muitos os elementos que criam um clima, além do som, na vida e na cena: o clima que se evidencia na luminosidade é um deles, um dia de chuva provoca sentimentos diferentes de um dia ensolarado. Nosso humor e nossos sentimentos são afetados pelos climas.

Se pensarmos em cenas da vida cotidiana, veremos quanta mudança de clima uma música pode promover.

Você facilmente consegue imaginar uma cena romântica com uma música de fundo, igualmente romântica! Dificilmente o romantismo permanece com um barulho de furadeira para criar o clima.

Já se você quer criar uma sensação de perturbação, poderá escolher uma música dissonante.

Um tango do Astor Piazzolla é uma ótima maneira de criarmos um clima de angústia, ou talvez de paixão!

O melhor exemplo de todos é o clima criado pelas músicas de suspense, sem as quais é muito difícil criar a sensação de expectativa que o suspense pede.

Criar climas nas cenas por meio de músicas ou sons é um recurso importante não apenas para a cena final, que será vista pelo público, mas também nos ensaios, para que os atores e atrizes encontrem o tom da cena.

Aproveite dos ruídos e das músicas para a criação de cenas com climas diversos!

Histórias na rádio

Será que você algum dia ouviu uma novela de rádio? Ou ouviu uma história apenas gravada?

A brincadeira de hoje é essa: criar uma história somente com sons.

Você pode começar escolhendo qual história irá usar para a tua gravação. Pode ser a história de um livro, pode ser uma peça de teatro ou pode ser uma história criada por você.

Claro que você poderá fazer a gravação somente com improvisações, sem um roteiro prévio, mas será muito mais difícil.

Foto de pexels-skitterphoto

Portanto a primeira parte é ter toda a história escrita como um roteiro. Por exemplo:

“Narrador: A tarde estava cinzenta e parecia que a chuva não tardaria a chegar. (Som de vento ao fundo) Marina já estava cansada de ler o texto que precisava terminar naquela tarde. (som de página virando)

Marina: Lucas, o que você tá fazendo? (gritando)

(som de vento e trovão)

Marina: Lucas!!!! Por que você não vem aqui?

(som de tempestade começando)

Marina: Lucas! (som de cadeira se arrastando que se mistura com uma música de suspense)”

Depois de estar com todo o roteiro pronto, você irá fazer uma pesquisa sonora com objetos e com músicas. Caso você tenha algum instrumento musical, também poderá utilizar. Então teu roteiro ficará com anotações referentes a maneira pela qual você irá fazer os sons. Veja:

“Narrador (minha voz bem grave): A tarde estava cinzenta e parecia que a chuva não tardaria a chegar. (Som de vento ao fundo – feito com folhas de papel) Marina já estava cansada de ler o texto que precisava terminar naquela tarde. (som de página virando – feito com um livro)

Marina (minha voz mais aguda): Lucas, o que você tá fazendo? (gritando)

(som de vento e trovão – apito, papel e gravação para o trovão)

Marina (minha voz cada vez mais aguda): Lucas!!!! Por que você não vem aqui?

(som de tempestade começando – feito com água caindo no balde)

Marina: Lucas! (som de cadeira se arrastando que se mistura com uma música de suspense – feito com cadeira no chão de madeira e a música e a música Sindicato de Media Noche  de Estúdios Talkback)”

Com todo teu roteiro feito, é hora de gravar. Certamente um celular será um ótimo aparelho para gravar e você também pode editar, juntando partes que tenham sido gravadas separadas, se necessário.

Com a história pronta, chame teu público, peça que todos fechem os olhos e aproveitem da tua história sonora!

Desafio “Todos em cena” – Sons dos bichos

Você conhece a música “Bicharia” dos Saltimbancos? Quem fez foi o Chico Buarque. Se você não conhece, aproveita agora e coloca para ouvir. Se você já conhece, ouve novamente para cantar junto!

E nosso desafio será de imitar animais com o corpo e com a voz.

Desta vez vamos começar com a voz e ela vai puxar nosso corpo para o movimento. Vamos lá?

Faça uma lista dos animais que você conhece, fica um pouco em silêncio para escutar se tem o som de algum deles por aí. Talvez de dentro da tua casa você escute um latido, um miado, um passarinho. Se você mora no campo, pode ser que escute uma vaca ou uma galinha.

Foto disponível em Pixabay

Comece imitando os bichos que você já sabe quais são os sons que ele faz e depois disso pesquise os sons feitos por outros bichos para você imitar também.

Lembre-se que é sempre bom cuidar da tua voz, então tome água antes de começar e depois de imitar alguns bichos, toma mais uns golinhos, assim tua garganta não fica seca e você não arranha tuas cordas vocais.

Conforme você for fazendo o som escolhido, vai mudando todo teu corpo para virar um macaco, um tubarão, uma leoa e todos mais que você imitar.

Aos poucos uma selva vai entrar na tua casa. Você pode até fazer uma conversa de bichos com teus vizinhos, pela janela de casa!

Vamos lá bicharada?

Desafio “Todos em cena” – Percussão corporal

Chegou mais um domingo na nossa quarentena. E você, continua em casa? Eu continuo, me protegendo e protegendo meus amigos, minha família, as pessoas de todo nosso país.

Hoje faremos mais uma brincadeira de escutar o mundo. Então comece aquietando teu corpo, deixando ele em silêncio para que você possa escutar.

No nosso país temos o costume de conversarmos todos falando uns junto com os outros, um começa a falar, o outro já fala algo por cima e assim vamos conversando, falando bastante, mas nem sempre escutando tudo o que nos falam, não é?

Tem momentos que até nos chateamos porque estamos falando e não conseguimos chegar até o final, mas muitas vezes nem percebemos que fazemos o mesmo com os outros. Então para termos conversas mais tranquilas, precisamos treinar escutar!

Fique um tempo escutando todos os sons que chegam até você e depois se concentre em apenas um. Agora vamos juntar o ouvir e o falar, mas vamos falar com todo o corpo.

Escolha um som de cada vez e procure fazer este mesmo som com o teu corpo. Você poderá bater as mãos em diferentes partes do corpo ou esfregar ou estalar. Você também pode bater partes diferentes do corpo, como bater uma perna contra a outra. Veja como é diferente o som de uma perna contra outra e o som das mãos nas pernas. Isso que estou propondo também chama percussão corporal.

Foto disponível em https://www.barbatuques.com.br/

Quando você já tiver explorado muitos sons só com o corpo, coloque a voz também e veja quantos sons você consegue imitar.

Se você quiser conhecer um grupo musical que faz músicas com o corpo, pode pesquisar os Barbatuques!

E se você gosta de desenhar, não deixe de ver as dicas da Suca no Delícias de desenhar!

Sons e sensações

Para quem?

Todas as idades.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Um aparelho de som.

 

Imagem disponível em https://www.clausvonoertzen.com/works/

Como acontece?

Inicie esta proposta com todos os participantes deitados de forma relaxada. Informe que colocará diferentes sons e que eles devem imaginar uma cena para cada som colocado. É importante que sejam escolhidas músicas diferentes e também sons variados, como do fundo do mar ou de uma britadeira furando o chão. Depois deste momento de escuta imaginativa, faça uma roda e peça que compartilhem as imagens provocadas pelos sons. Esta conversa é muito interessante para que o grupo possa perceber que os estímulos sonoros não causam as mesmas imagens mentais, nem as mesmas sensações.

Depois desta primeira proposta, forme grupos e dê uma mesma orientação para uma cena improvisada, que pode ser cotidiana ou fantástica, o que importa é a possibilidade de perceberem a maneira pela qual o som interfere na cena.

Alguns exemplos de cenas possíveis são: um jantar em família, uma viagem em um foguete, uma caminhada na floresta, uma reunião de trabalho etc.

Cada grupo irá definir quem é quem na cena e algumas referências espaciais. Lembre-se que será a mesma cena para todos, o que vai mudar é o som que será tocado em cada uma delas.

Depois de feitas todas as improvisações, converse novamente com todos questionando quais as interferências decorrentes do som.

Para continuar

Uma possibilidade de desdobramento desta proposta é de que seja dado um sentimento predominante para a cena e cada grupo escolha a música ou o som que será utilizado para auxiliar na composição da cena e na caracterização do sentimento proposto.

Como criar uma sonoplastia?

A sonoplastia é o som da cena, caso você tenha uma ideia muito vaga sobre este assunto, pode ler o post “O som da cena”, publicado neste blog em 26/07/2017, lá você irá encontrar algumas dicas sobre onde pesquisar mais sobre este assunto.

Imagem disponível em https://lugaresdoinvisivel.github.io/objetossonoros.html

Mas se você está no meio de uma montagem e não sabe bem por onde começar para a criação da sua sonoplastia, aqui vão algumas dicas:

A primeira questão a se colocar é qual a função do som na sua cena? Você quer que o som crie um clima ou que cause um estranhamento? Você quer que o som seja uma vinheta de algo que irá ocorrer diversas vezes? Quer incluir músicas temas dos personagens?

Pode ser que a cada uma destas perguntas você tenha tido uma resposta positiva, então talvez seja necessário fazer algumas escolhas para que sua peça não fique uma colcha de retalhos sem qualquer harmonia.

Outro aspecto a definir é sobre quem irá escolher as músicas ou os sons a serem incorporados nas cenas. Uma opção possível é a de contratar um sonoplasta. É possível, mas incomum em montagens escolares. Embora um sonoplasta possa dar contribuições riquíssimas ao trabalho educativo, no caso de não contar com um, você também poderá fazer uma parceria com o/a professor/a de música da escola. Supondo que a escola na qual você trabalhe não tenha ninguém com formação em música, ficamos com o ditado “se não tem tu, vai tu mesma!”. E ainda daremos uma de Polyana e vamos observar as vantagens da sonoplastia ser feita por quem dirige a peça, e quase sempre é responsável também pelo figurino, cenário, iluminação…

A primeira vantagem desta possibilidade é que será uma ótima oportunidade de ampliação do teu repertório musical, que ficará arquivado como mais um recurso a ser usado também em outros trabalhos. A outra vantagem é que você acompanha todo o percurso e poderá saber detalhes que outros desconhecem.

Outra possibilidade é que a sonoplastia seja criada juntamente com os alunos/atores. Eles podem trazer sugestões de músicas para além das suas e a melhor forma de escolher costuma ser realizando a cena com as diferentes sugestões e observar qual ajuda melhor em sua construção.

O uso de instrumentos, objetos sonoros também deve ser considerado, dentre as múltiplas possibilidades. Não seja econômica na experimentação, tente soluções variadas, inclusive aquelas que possam lhe parecer pouco prováveis, pois esta será a melhor maneira de descobrir qual o som que contribui mais para o trabalho dos alunos/atores e também para o diálogo com a plateia.

Não esqueça que o silêncio também é uma escolha possível!