Desafio “Todos em cena” – Carro, balão, foguete, trem…

Bom dia pessoal, chegamos no dia 4 do nosso desafio e ontem cada um fez sua viagem para vários planetas.

Hoje vamos investigar os meios de transportes que existem no nosso planeta, aqui na Terra!

Faça uma lista de todos os meios de transporte que você conhece, podem ser transportes terrestres, marítimos e aéreos. Você pode escrever ou desenhar cada um deles, mas o mais importante é você colocar cada um deles em cena.

Para coloca-los em cena, você precisa saber das características de cada um: de que material é feito, como se movimenta, se faz barulho ou não, se sai algum cheiro e tudo o mais que você conseguir descobrir.

E quando você já souber, corpo em movimento: faça pequenos transportes dentro da tua casa. Você pode ir do quarto até a cozinha e de lá para a sala, ou pode ir de uma parede para a outra. Escolha quem você irá transportar, pode ser um boneco, um bichinho ou mesmo um objeto que precise ser levado de um lugar para outro.

Lembre-se de mudar teu meio de transporte! Você pode começar sendo uma bicicleta, passar a ser uma canoa, depois um balão e quantos mais meios de transporte você conhecer!

Minha amiga Suca, do Lero o Mundo, me contou que lá tem boas ideias de desenho de transportes hoje. Dá uma espiada: https://leromundo.com.br/

Desafio “Todos em cena” – Viajando no espaço sideral!

Você já teve vontade de viajar? Já viajou para lugares muito diferentes da tua cidade? Ou será que você nunca foi nem para outro bairro?

Hoje nosso monstro vai fazer uma viagem, mas antes disso vamos conversar para descobrir onde as pessoas da tua casa já foram. Pergunte para teus pais, teus irmãos, pessoas que estão com você em casa, quais são os lugares para onde elas já foram. Peça para elas contarem um pouco sobre um destes lugares. Não precisa ser um país distante, pode ser uma praça bonita, uma rua legal ou um cantinho do qual ela se lembre.

Como todos nós não podemos sair de casa, essa será uma viagem intergaláctica!

Será que em outros planetas também chegou o corona vírus? Acho que não, então lá vamos nós, viajar para o espaço sideral!

Você pode vir sendo você mesmo ou pode ser o teu monstro ou monstra que faça esta viagem. O mais importante é começar se preparando para levantar voo! Não esqueça de fazer uma contagem regressiva: 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, voandoooooo!!!

Voa alto, com todo teu corpo, para chegar lá no espaço e aproveita para olhar tudo o que tem no espaço. Você pode dar uma primeira parada na lua e lembre que lá a gente se move de maneira bem diferente, como se nosso corpo estivesse cheio de ar, como se a gente tivesse virado uma bexiga.

Depois da lua, vai visitando outros planetas e em cada um você deve se movimentar de uma maneira diferente: pode ser que em um deles todos tenham que se arrastar, em outro tenhamos que rolar, em mais um a gente se movimente como se fossemos bonecos de pau e muitas outras possibilidades que você vai inventar.

Quando já tiver passeado por muitos planetas (você pode pesquisar quais são os planetas do Sistema Solar) e já estiver cansado, é hora de voltar para casa!

Na volta, dá uma passada no Ler o mundo: https://leromundo.com.br/, minha amiga Suca tem dado um monte de ideias legais para desenhar.

Ops, não esquece de lavar as mãos assim que chegar, para nenhum corona te pegar!

 

Desafio “Todos em cena” – Uma casa para teu monstro

Todas as pessoas moram em algum lugar! Todos os seres e até mesmo os objetos também. E os monstros? Devem morar em lugares diferentes como eles.

A proposta de hoje é de que você comece observando a tua moradia, a tua casa. Observe não apenas com os olhos, mas também com os ouvidos e com o nariz. Perceba a tua casa comparando-a com teu corpo. Quantos de você cabem na tua cama? E no teu quarto? Será que você consegue encostar em duas paredes da tua cozinha de braços abertos?

Observe também outras casas. Vá até a janela e veja quais casas você consegue espiar. Como será que os moradores de lá vivem? Procure nos livros e na internet outras maneiras de viver diferentes da tua. Você pode pesquisar casas de vários lugares do mundo ou casas de bichos.

Junte tudo o que você observou e pesquisou e construa a casa do teu monstro. Ela pode ter um tamanho bem variado, pode ser uma casona se você tiver muito espaço, mas pode ser uma casa em cima da tua cama ou até mesmo bem menor! Casas debaixo da escada ou de mesas costumam ser muito aconchegantes!

Arrume a casa de teu monstro ou tua monstra, coloque algum objeto para que ela fique mais parecida com ele ou mesmo um desenho!

Depois é só aproveitar e fazer tudo o que você quiser lá!

Aproveite para ver as possibilidades de desenhos sobre monstros no Ler o mundo: https://leromundo.com.br

Apresentações teatrais na Educação Infantil

As apresentações teatrais são muito frequentes na Educação Infantil. Possivelmente pela idade das crianças e sua condição de, por vezes, não saber relatar oralmente o que faz na escola, ou ainda, por não existirem provas de verificação de aprendizagem nesta faixa etária (ainda bem!). O fato é que muitas escolas de Educação Infantil estão buscando maneiras de apresentar para os pais o trabalho feito no decorrer do ano.

“Amantes no céu azul” de Marc Chagall

As apresentações artísticas costumam ser escolhidas para que as crianças possam demonstrar o quanto dominam melhor seus movimentos e sua fala, para que possam demonstrar a capacidade de aprender uma música ou uma sequência coreográfica. Já falei sobre este tema no post “É preciso apresentar uma peça para os pais?”, que você pode acessar em http://teatronasaladeaula.com.br/e-preciso-apresentar-uma-peca-para-os-pais/ .

Na Educação Infantil precisamos entender inicialmente que as crianças estão na fase de vivenciar o faz-de-conta e que o brincar de fazer-de-conta que é alguém que ela não é, é fundamental para sua compreensão do mundo, para sua elaboração sobre o que acontece em sua vida, para vivenciar, em um espaço protegido, as muitas situações que ela precisa compreender para saber como vive-las na realidade.

O sentido do faz-de-conta para a criança pequena denota que a presença de plateia não é uma necessidade, ao contrário, pode ser uma grande limitação para o ato de brincar. Quem já viu uma criança interromper sua brincadeira quando nota que está sendo observada?

Floresta de Paul Cézanne

Então, como apresentar uma peça para pais de crianças da Educação Infantil?

Tornando-os parte da brincadeira!

Fazer com que os pais interajam e desta forma possam observar o desenvolvimento de seus filhos é uma ótima solução para apresentar “uma peça teatral” nesta fase da vida.

Isto parece muito sem graça para você?

Então transforme a brincadeira propondo um espaço ficcional, permitindo o uso de figurinos e adereços, incluindo uma trilha sonora. Crie um ambiente ficcional no qual alunos e pais possam interagir e demonstre tudo o que as crianças puderam aprender e se desenvolver desta maneira. Junto ao aprendizado, os pais poderão observar o quanto seus filhos podem criar e se divertir dentro da escola!

Explorando máscaras

Para quem?

Crianças da educação infantil e fundamental I

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Máscaras para todos os alunos

Como acontece?

Disponível em https://bandnewsfmcuritiba.com/exposicao-reune-mascaras-africanas-em-curitiba/

Organize a sala com um círculo de máscaras e peça para os alunos sentarem na frente de uma delas. A escolha do local para sentar deverá ser de acordo com a máscara de interesse. É possível que algumas máscaras sejam iguais ou todas diferentes umas das outras.

A escolha por utilizar máscaras de personagens conhecidos, como super-heróis pode gerar conflitos, mas não necessariamente.

Peça que inicialmente cada um coloque sua máscara e dialogue com seu colega, sentado ao seu lado, buscando falar e mover-se conforme o personagem. Caso não sejam máscaras de personagens conhecidos, proponha que observem a máscara por um tempo, e possam desta forma descobrir algumas características deste personagem.

É importante ressaltar que a caracterização se dará no decorrer da conversa e de toda a proposta.

Proponha então, que caminhem pela sala buscando formas particulares destes personagens andarem e que, conforme um sinal dado por você, eles irão parar em frente a um colega e contar algo sobre a vida deste personagem.

Esta exploração poderá ter diferentes desdobramentos, com a criação de cenas ou com a troca das máscaras.

Para continuar

Proponha que façam grupos e definam um encontro destes personagens, que poderá ser uma festa, uma reunião de trabalho, um passeio na floresta ou em qualquer outro local que faça sentido para os personagens. Depois de definido poderão improvisar a cena, buscando interagir com as características do personagem criado.

A Trágica História do Rei Édipo

Assisti esta peça no Sesc Jundiaí, dia 28 de setembro, um dia depois de sua estreia.

Quando a peça começou gostei tanto dos figurinos, que pensei que seria o que mais me encantaria em toda a montagem! Eles são lindos  e permitem um olhar para as personagens, especialmente para o coro, que mistura a tragicidade deste texto com o fato de serem pessoas da cidade de Tebas. As máscaras permitem que você descubra quão significativo pode ser este recurso na criação de um personagem.

Eu adoro este texto, foi o que eu escolhi para estreia aqui no blog da aba dramaturgia, onde comento diferentes textos teatrais, veja em http://teatronasaladeaula.com.br/dramaturgia/. Assistir uma montagem de Édipo é sempre um risco, risco de não alcançar a potência do texto, risco de não ser tão boa quanto outras já vistas.

Esta me cativou logo de cara com os figurinos, o jogo de luz foi o segundo aspecto que me permitiu adentrar as cenas e já seria o bastante para recomendar que você saia de casa para ir ao teatro!

Mas as cenas finais emocionaram! Tanto Jocasta (interpretada por Victória Camargo), como Édipo (interpretado por Felipe Hofstatter) dão conta da contundência deste momento tão trágico que é a descoberta de Édipo sobre si mesmo.

As fotos deste post são de André Leão, disponíveis em https://www.facebook.com/praxisreligarte/

Se você não conhece o texto, leia! Se você nunca viu esta peça montada, não perca a chance. Não fosse está uma postagem curta, eu poderia falar sobre o Tirésias e o menino, que fazem um jogo no qual os dois se amalgamam ou sobre a menina do coro que canta lindamente. Se quiser saber mais, não perca a próxima apresentação. Para conhecer sobre o trabalho do grupo, entre em https://www.facebook.com/praxisreligarte/

 

Cia. De Teatro Práxis-ReligArte

Adaptação e Direção: Alexandre Ferreira

Cenário, Figurino e Adereços: Juliana Fernandes e Vinícius Ribela

Iluminação: José Luiz Fagundes

Sonoplastia: Alexandre Ferreira

Ser_Tão de Origem

Assisti a esta peça rodeada de adolescentes em Louveira, em uma manhã gelada deste mês de agosto. A peça começou e eu me incomodei com a luz da plateia que continuava acesa, pensando se alguém teria esquecido de apagá-la. Vicio de professora-diretora que fica pensando em tudo de uma apresentação, mesmo quando não é responsável por ela! Mas aos poucos já estava dentro das histórias que resgatam a origem desta região que é hoje dividida em várias cidades, mas que já foi somente Jundiaí, cidade que adotei como minha morada.

Gostei das histórias, as cenas são poéticas, mas gostei ainda mais da perspectiva histórica proposta. A concepção de que a história se constrói nas diferentes versões apresentadas é sutilmente repetida na fala de um dos personagens. A peça nos coloca na condição de integrantes de uma reunião que decidirá qual a versão oficial sobre a fundação da cidade e eu já estava gostando muito das possibilidades apresentadas nas cenas por vezes engraçadas, por vezes intensas ou românticas.

As fotos deste post são de Gabriel Santos

Mas eu gostei mesmo de como ela termina! No programa podemos ler: “O convite é para olharmos o passado buscando entender a complexidade das relações de poder que escrevem a História, exercício que nos parece fundamental para a construção do futuro e, sobretudo, para a percepção de que a história não está dada. Que está em fazimento no instante agora, que somos responsáveis por ela e que os muitos futuros possíveis resultam de pequenas escolhas individuais.”

E foi, no final da peça que pudemos desejar um futuro para este grupo de pessoas que se encontrou no Salão de Eventos da Secretaria de Cultura de Louveira, expressando nossos desejos para uma comunidade, onde ninguém passe fome, onde a desigualdade não exista, onde as pessoas tenham direito à educação, onde o acesso à arte seja para todos, onde possamos assistir peças de teatro que nos emocionem e nos façam desejar!

Para saber onde serão os próximos espetáculos, você pode acessar https://sertaodeorigem.wixsite.com/sertaodeorigem?fbclid=IwAR0_M4Qeun6SNU3qafF811BKmPtPBnHInHkeQSQBAvoQgdkv6bfQztRNQ6g Não perca!

Ficha técnica:

Direção: Alice Possani

Dramaturgia: Tábata Makowski

Elenco: André Farias, Caroline Ungaro, Cristiano Meirelles, Tábata Makowski e Victória Camargo

 

Moinho sem vento

A motivação de postar esta peça veio dos dois posts anteriores, nos quais falo sobre o silêncio na cena.

Esta peça foi escrita por mim em 1998, quando eu morava em Barcelona e pesquisava as possíveis relações do uso da proposta de Rudolf Laban no preparo do ator para a cena.

Rudolf Laban foi um teórico da dança e do movimento, e em suas pesquisas definiu quatro fatores de movimento: tempo, espaço, fluência e peso/força. A combinação destes fatores geram diferentes qualidades de movimento, chamadas por ele de dinâmicas de movimento. São oito as dinâmicas possíveis: bater, cortar, pulsar, sacudir, pressionar, torcer, deslizar e flutuar.

A explicação sobre este estudo seria longa, mas os nomes das ações são autoexplicativos, sendo possível compreender qual o movimento utilizado.

Realizo esta pequena introdução sobre o estudo de Laban pois nesta peça fiz uso desta nomenclatura para definir as diferentes qualidades de movimento.

Nesta leitura é possível perceber um texto teatral que propõe a cena e a movimentação dos atores sem que haja nenhuma fala. Espero que você faça esta leitura e consiga imaginar a cena, pensando em diferentes soluções teatrais para uma possível montagem deste texto dramatúrgico.

Foto disponível em https://pixabay.com/pt

 

 MOINHO SEM VENTO

Obra gestual em um ato

Personagens:

Carlos

Luiza

Coro de oito mulheres

 

A peça se passa em 1998, Carlos tem 33 anos e Luiza, 35.

 Um quarto que contém uma cama de casal, uma cadeira e uma mesa. A cama é colocada no fundo do palco, mas deixando espaço para que os atores se movimentem por trás. A mesa é colocada na parede esquerda, em frente, e a cadeira na parede direita. A porta da quarto fica ao lado da cadeira. Um coro de mulheres de costas, todas estão penduradas no teto por suas barrigas de mulheres grávidas.

 CARLOS: Com um papel em sua mão direita, anda da cadeira para a mesa, com passo direto, rápido e forte. A cada cinco passos, para, dobra o papel que tem nas mãos quase rasgando, olha na direção da porta e retorna a andar.

CORO: (de costas) Não queira protegê-la, Carlos, não tente.

LUIZA: Aparece de pé na porta, que está ao lado da cadeira.

Todo o CORO gira de tal maneira que se vê a barriga de todas as mulheres.

CORO: Passa a mão direita sobre a barriga, desenhando a redondeza de sua gravidez com movimentos de flutuar e se abraça, olhando sua barriga, com um movimento de pulsar, tornando a flutuar, duas vezes seguidas. Para de movimentar e mantém as mãos na barriga, olhando para Luiza.

LUIZA: Entra no quarto, para depois de dar dois passos, passa a mão em sua barriga com o mesmo movimento do coro e estende as mãos na direção de Carlos.

CARLOS: Dá um giro, ficando de costas para Luiza, apoia as duas mãos na mesa e vai lentamente apoiando os cotovelos, o peito, até se ajoelhar. Repete este mesmo movimento cada vez com mais velocidade.

LUIZA: (enquanto Carlos se ajoelha) Corre por todo o quarto, saltando a cadeira e por cima da cama, com movimentos rápidos e leves. Suas duas mãos sobem pela barriga, giram (como um moinho) desde o mais próximo de seu corpo até o mais distante, para depois se abrir e voltar para a barriga.

LUIZA: Para diante de Carlos, gira-o para si, pega suas mãos e as coloca sobre sua barriga.

CARLOS: Tira as mãos, com movimento forte e rápido.

LUIZA: Afasta seu corpo o máximo possível de Carlos, sem dar nenhum passo e para congelada com as mãos sobre a barriga.

CARLOS: Passa as mãos sobre a barriga de Luiza, com movimentos de pressionar, de cima para baixo.

CORO: Faz movimentos de proteção ao seu corpo, intercalados com movimentos de afastar qualquer pessoa que se aproxime, olhando para o lado, com medo.

LUIZA: Dá quatro passos para trás e abraça com força a própria barriga.

CARLOS: Caminha lentamente em direção à Luiza e passa novamente as mãos sobre sua barriga.

LUIZA: Dá dois passos para trás, abraçando sua barriga, com menos força.

CARLOS: Caminha lentamente em direção à Luiza e passa novamente as mãos sobre sua barriga, com mais força.

LUIZA: Dá um passo para trás e abraça sua barriga sem força alguma.

CARLOS: Caminha lentamente em direção à Luiza e passa novamente as mãos sobre sua barriga, com mais força.

LUIZA: Deixa de caminhar, continua abraçada a sua barriga.

CARLOS: Repete incessantemente, cada vez com mais força, o movimento de passar as mãos “limpando” sua barriga.

LUIZA: Vai lentamente, mudando o abraço na barriga para os seios, até chegar na cabeça, em um abraço que cobre seus olhos.

CORO: Congela o movimento com os braços deixados ao lado do corpo e as pernas soltas. O rosto e todo o corpo não demonstram nenhuma força muscular, somente a suficiente para manter-se ereta.

CARLOS: Pega Luiza pelas mãos, levando-a em direção à porta.

LUIZA: Senta-se na cadeira com movimento direto, pesado e lento.

CARLOS: Retira Luiza da cadeira, empurrando-a pelas costas com movimentos diretos e delicados.

LUIZA: Caminha pesadamente em direção à cama, onde se deita, deixando-se cair (saco).

CARLOS: Tira Luiza da cama, puxando-a pelos braços e a empurra pelo quarto, mantendo uma mão em sua cabeça e a outra no final da coluna.

LUIZA: Se deixa conduzir mantendo as duas mãos tapando a própria boca.

LUIZA e CARLOS: Caminham lentamente pela quarto, cruzando-o inteiro, até sair pela porta. Enquanto caminham, Carlos vai se colocando ao lado de Luiza, a abraça com o braço que estava em suas costas e tapa sua boca com a outra mão, Luiza permanece com as duas mãos na boca.

Saem do quarto.

CORO: Baixa em direção ao chão, com a barriga desfeita. Mantém-se preso ao teto pela barriga, mas não é mais uma barriga de grávida. Em toda a decida mantém o corpo em estado de absoluta tensão e no rosto expressão de medo. Ao tocar os pés no chão, a expressão do rosto se altera para de tristeza e o corpo perde a tensão.

LUIZA e CARLOS: Entram no quarto.

LUIZA: Olha para Carlos e corre para a esquina do quarto mais distante, onde se coloca de costas, com os braços estendidos para trás.

CARLOS: Caminha em direção à Luiza e toca suas mãos.

LUIZA: Gira, olha Carlos e faz o mesmo que antes.

CARLOS: Repete a ação anterior.

LUIZA e CARLOS: Repetem cada vez com mais velocidade esta mesma ação, até que ambos caem no chão.

LUIZA: Levanta-se, pega um dos travesseiros da cama e sai do quarto.

CORO: Solta-se do tecido “barriga” que lhe prende ao teto e sai do quarto caminhando.

CARLOS: Levanta-se do chão com pequenos movimentos de sacudir, que transformam seu caminhar em um avançar cada vez mais desfeito, até chegar ao primeiro tecido pendurado, puxando-o.

CARLOS: Avança para o próximo tecido com movimentos de torcer que vai se intensificando na força e ampliando por todo seu corpo, até puxar o último tecido. Conforme puxa os tecidos, lentamente vai se atando com eles. Começa pelos braços, seguido das pernas e da cabeça. Depois de puxar o último tecido, se coloca em posição fetal.

O silêncio no corpo

Para quem?

Adolescentes e adultos.

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Nenhum.

 

“O Grito” de Edvard Munch, disponível em http://enciclopedia.itaucultural.org.brComo acontece?

Esta proposta parte do jogo “Tensão silenciosa”, de Viola Spolin.

Inicie solicitando que todos fiquem parados em pé, sem poder se movimentar, nem falar. Vá orientando que gritem com todas as partes do corpo, que gritem com os pés, as pernas etc., até que possam gritar com a voz. Prepare-se para ouvir um grito forte, pois esta proposta acumula muita tensão até que os participantes possam de fato gritar.

Depois desse momento, peça que fiquem em duplas e expressem diferentes emoções sem falar nada, somente pelos gestos e expressões.

Conclua com a realização de cenas improvisadas nas quais cada grupo terá que definir uma cena em que tenham que atuar sem falar. O motivo da ausência da fala poderá variar, pode ser provocada por uma situação externa, como terem que fazer silêncio para não serem descobertos por ladrões em sua casa ou uma motivação interna, como um sentimento que impeça a fala.

O silêncio na cena

Ao pensarmos em uma cena teatral é comum imaginarmos que será permeada pela fala dos personagens, é possível que também nos venha à mente a possibilidade de momentos nos quais a música predomine, mas é pouco comum no nosso imaginário situações nas quais o silêncio tome conta da cena.

Obra de Oswaldo Goeldi, disponível em https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/04/110412_goeldi_exposicao_londres_fn.shtml

O silêncio é algo pouco frequente não apenas no teatro. No nosso cotidiano somos rodeados de sons e para algumas pessoas o silêncio causa incomodo. Existe até uma frase popular que diz: “Este silêncio ensurdecedor!”. Evidentemente esta frase se refere a dificuldade de estar em uma situação de silêncio, que pode causar um desconforto por inúmeras razões.

Imaginemos uma situação hipotética na qual alguém espera a resposta sobre uma possível doença, ou o momento que antecede a confirmação de que um ente querido está na lista de um acidente fatal. Podemos pensar também em situações menos trágicas, porém intensas, como uma pessoa apaixonada que aguarda a resposta sobre o pedido de casamento, ou um filho que espera a permissão de sua mãe para ir ou não a uma viagem com amigos.

Nestas situações, o silêncio é nosso cúmplice para gerar tensão e expectativa, elementos que fazem parte de muitas cenas teatrais.

O silêncio também poderá ser utilizado como forma de deixar um sentimento ressoando. Há momentos nos quais a fala não consegue exprimir esse eco interior e fazer uso do silêncio é um ótimo recurso teatral para gerar esse efeito.

É importante ressaltarmos que o silêncio sonoro não significa necessariamente a ausência de gestos e de expressões. Muitas ações dramáticas podem ganhar sentido e destaque em uma cena silenciosa. Vale a pena experimentar!