Sons que criam clima

Uma cena é criada com muitos elementos e o som é um deles!

A ideia de clima, termo usado para as variações do tempo, se relacionam também às sensações, aos sentimentos. São muitos os elementos que criam um clima, além do som, na vida e na cena: o clima que se evidencia na luminosidade é um deles, um dia de chuva provoca sentimentos diferentes de um dia ensolarado. Nosso humor e nossos sentimentos são afetados pelos climas.

Se pensarmos em cenas da vida cotidiana, veremos quanta mudança de clima uma música pode promover.

Você facilmente consegue imaginar uma cena romântica com uma música de fundo, igualmente romântica! Dificilmente o romantismo permanece com um barulho de furadeira para criar o clima.

Já se você quer criar uma sensação de perturbação, poderá escolher uma música dissonante.

Um tango do Astor Piazzolla é uma ótima maneira de criarmos um clima de angústia, ou talvez de paixão!

O melhor exemplo de todos é o clima criado pelas músicas de suspense, sem as quais é muito difícil criar a sensação de expectativa que o suspense pede.

Criar climas nas cenas por meio de músicas ou sons é um recurso importante não apenas para a cena final, que será vista pelo público, mas também nos ensaios, para que os atores e atrizes encontrem o tom da cena.

Aproveite dos ruídos e das músicas para a criação de cenas com climas diversos!

Antonia

Assisti “Antonia” da forma como é possível “ir ao teatro”, atualmente. Assistir teatro de dentro da minha casa, pela tela da TV e conseguir estabelecer uma relação com a cena, é algo que continua me espantando. A conexão se estabelece, mesmo com a distância espacial.

“Antonia” faz um ótimo uso dos recursos audiovisuais, sem que por isso passe a ser cinema. Conseguimos ver as atrizes e quase tocá-las, nesta proximidade que é criada pela filmagem. A iluminação e a troca de telas faz o movimento de escolha que poderia ser feito pelo nosso olhar.

Na descrição disponível no site da SP Escola de teatro, encontro a seguinte explicação: “Vozes cruzadas de uma mãe – estilhaços de tempos distintos – acompanham dois momentos fundamentais na vida de seu filho: o primeiro dia de aula e o leito de morte. “Antonia”, desta forma, propõe uma reflexão acerca do feminino, da maternidade e do amor.”

Ao assistir à peça, sendo alguém que já era adulta quando a AIDS invadiu nossas vidas, me lembrei deste momento, no qual tantos jovens se foram, assim como agora, mesmo que agora sejam os mais velhos com maior risco.

Para além de meu interesse como profissional da área, a peça conversa com a mãe de uma jovem, que sou. A maternidade é como o ar ou como o vírus, ocupa todos os espaços e transforma seu olhar para o mundo.

Vale a pena acompanhar o caminho de “Antonia”, sua delicadeza, embalada pela música incomparável sobre a dor da ausência de um filho.

Acesse aqui o link.

FICHA TÉCNICA

Texto de Carlos Hee

Direção: Joaquim Gama

Com Dione Leal e Elen Londero

Concepção Musical: Gustavo Dall’Acqua e Rodrigo Londero

Fotos: André Stefano

Videomaker: Jones Gama

Apoio Técnico e Artístico: Claudio Valente

Curadoria: Bartholomeu de Haro

Dois perdidos numa noite suja

Montagem com Plínio Marcos

“Escrita e estreada em 1966, em São Paulo, no Bar Ponto de Encontro, transferindo-se em seguida para o Teatro de Arena, SP. Estreia no Rio de Janeiro em 1967.Na temporada no Teatro de Arena, SP, em 1967, Ademir Rocha foi substituído por Berilo Faccio. Ainda nesse ano, a mesma montagem se apresentou no Teatro da Rua (Rua Augusta, 2203, SP), como a primeira parte de um programa duplo, cuja segunda parte era Zoo Story, de Edward Albee. DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA é uma das peças mais montadas do autor. Foi também encenada na França, na Alemanha, na Inglaterra, nos Estados Unidos, em Cuba, além de adaptações para  cinema.”

Esta explicação sobre a peça, assim como outras sobre a obra de Plínio Marcos pode ser vista no site www.pliniomarcos.com.

A Enciclopédia do Itaú Cultural define o autor da seguinte forma: Plínio Marcos de Barros (Santos, São Paulo, 1935 – São Paulo, São Paulo, 1999). Autor. Renovador dos padrões dramatúrgicos, através de enfoque quase naturalista que imprime aos diálogos e situações, sempre cortantes e carregados de gírias de personagens oriundas das camadas sociais periféricas, torna o palco, a partir dos anos 1960, uma feroz arena de luta entre indivíduos sob situações de subdesenvolvimento.

Esta peça é um permanente embate. Os dois personagens Tonho e Paco nos colocam perante o sofrimento da miséria que só vai se intensificando com o decorrer das cenas. A miséria apresentada por Plínio Marcos não é somente a falta de dinheiro, mas falta possibilidades, falta educação, falta sonhos, falta afeto.

O que vemos de sobra é a capacidade do autor em lidar poeticamente com este mundo para o qual pouco se quer olhar e menos ainda viver, mas um espaço que ainda permanece nos cortiços e barracos de nosso país.

Leia o começo da peça para aguçar tua vontade de continuar:

Montagem do grupo gaúcho de teatro Loucos de Palco

Um quarto de hospedaria de última categoria, onde se vêem duas camas bem velhas, caixotes improvisando cadeiras, roupas espalhadas etc.

Nas paredes estão colados recortes, fotografias de time de futebol e de mulheres nuas.

I ATO

Primeiro Quadro

(Paco está deitado em uma das camas. Toca muito mal uma gaita. De vez em quando, pára de tocar, olha para seus pés, que estão calçados com um lindo par de sapatos, completamente em desacordo com sua roupa. Com a manga dó paletó, limpa dos sapatos. Paco está tocando, entra Tonho, que não dá bola para Paco. Vai direto para sua cama, senta-se nela e, com as mãos, a examina.)

TONHO

Ei! Pára de tocar essa droga. (Paco finge que não houve.)

TONHO

(Gritando.) Não escutou o que eu disse? Pára com essa zoeira!

(Paco continua a tocar.)

TONHO

É surdo, desgraçado? (Tonho vai até Paco e o sacode pelos ombros.)

TONHO

Você não escuta a gente falar?

PACO

(Calmo.) Oi, você está aí?

TONHO

Estou aqui para dormir.

PACO

E daí? Quer que eu toque uma canção de ninar?

TONHO

Quero que você não faça barulho.

PACO

Puxa! Por que?

TONHO

Porque eu quero dormir.

PACO

Ainda é cedo.

TONHO

Mas eu já quero dormir.

PACO

Mas não vai conseguir.

TONHO

Quem disse que não?

PACO

As pulgas. Essa estrebaria está assim de pulgas.

TONHO

Disso eu sei. Agora quero que você não me perturbe.

PACO

Poxa! Mas o que você quer?

TONHO

Só quero dormir.

PACO

Então pára de berrar e dorme.

TONHO

Está bem. Mas não se meta a fazer barulho. (Tonho volta para sua cama, Paco recomeça a tocar.)

TONHO

Pára com essa música estúpida! Não entendeu que eu quero silêncio?

PACO

E daí? Você não manda.

TONHO

Quer encrenca? Vai ter! Se soprar mais uma vez essa droga, vou quebrar essa porcaria.

PACO

Estou morrendo de medo.

TONHO

Se duvida, toca esse troço. (Paco sopra a gaita, Tonho pula sobre Paco. Os dois lutam com violência. Tonho leva vantagem e tira a gaita de Paco.)

PACO

Filho-da-puta!

TONHO

Avisei, não escutou, se deu mal.

PACO

Dá essa gaita pra cá.

TONHO

Vem pegar.

PACO

Poxa! Deixa de onda e dá essa merda.

TONHO

Se tem coragem, vem pegar.

PACO

Pra que fazer força? Você vai ter que dormir mesmo.

TONHO

Antes de dormir, jogo essa merda na privada e puxo a bomba.

PACO

Se você fizer isso, eu te apago.

TONHO

Experimenta.

PACO

Se duvida, joga.

TONHO

Jogo. E daí?

PACO

Então joga.

TONHO

Você só tem boca-dura.

PACO

É melhor você me dar essa merda.

TONHO

Não enche o saco.

PACO

Anda logo. Me dá isso.

TONHO

Não vou dar. (Paco pula sobre Tonho. Esse mais uma vez leva vantagem. Joga Paco longe com um empurrão.)

TONHO

Tá vendo, palhaço? Comigo você só entra bem.

PACO

Eu quero minha gaita.

TONHO

Não tem acordo (Pausa)

(Tonho deita-se e Paco fica onde está, olhando Tonho.)

TONHO

Vai ficar aí me invocando?

PACO

Já estou invocado há muito tempo.

TONHO

Poxa! Vê se me esquece, Paco.

PACO

Então me dá a gaita.

TONHO

Você não toca?

PACO

Não vou tocar.

TONHO

Palavra?

PACO

Juro.

TONHO

Então toma. (Tonho joga a gaita na cama de Paco.) Se tocar, já sabe. Pego outra vez e quebro.

(Paco limpa a gaita e a guarda. Olha o sapato, limpa-o com a manga do paletó.)

 

 

 

Brincar de ser polvo

Será que você já viu um polvo?

Se você nunca viu um polvo ao vivo, minha sugestão é que você assista ao filme “Professor Polvo”. Neste filme você poderá ver um polvo fazendo muitas coisas variadas e talvez você passe a gostar dela da mesma maneira que o homem que fez o filme gostava.

Para ser um polvo, você terá que explorar o teu corpo como se fosse um e vale a pena saber algumas informações destes seres tão peculiares. Segundo a Wikipedia:

Os polvos são moluscos marinhos  da classe Cephaloda , da ordem Octopoda (oito pés), possuindo oito braços fortes e com ventosas dispostos à volta da boca. Como o resto dos cefalópodes, o polvo tem um corpo mole, sem esqueleto interno (ao contrário das lulas) nem externo, como o argonauta. Como meios de defesa, o polvo possui a capacidade de largar tinta, de mudar a sua cor (camuflagem, através dos cromatóforos), e  autonomia de seus braços.

Foto de Pia no Pexels

Não será nada fácil conseguir oito braços, então minha sugestão é que você use tuas pernas e teus braços para ficar pelo menos com metade dos braços dos polvos.

Você poderá treinar pegar coisas com as diferentes partes de seus braços e pernas e não apenas com as mãos e os pés. Experimente o pulso, os cotovelos e os joelhos também!

Como o polvo tem o corpo mole, você terá que experimentar uma coluna bem flexível e se movimentar pelo espaço se arrastando e rolando.

Talvez você tenha outras pessoas para brincar com você, então você poderá fazer um fundo de mar bem variado ou uma turma de polvos.

Apropriação do texto pelos alunos-atores

Como um ator, uma atriz ou um aluno de teatro aprende um texto para que seja dito em cena?

Assim como quase tudo na vida, não existe uma única maneira.

Foto de Ike louie Natividad no Pexels

A forma que muita gente deve ter feito em suas aulas de teatro e principalmente, em suas apresentações teatrais feitas na escola, sem que para isso houvesse aulas de teatro, foi decorando o texto e depois torcendo para não esquecer.

O termo decorar segundo alguns dicionários etimológicos significa passar pelo coração, porém o Blog do Fernando atribui tal termo a origem fenícia e não latina, na qual a relação está com saber de memória.

Ainda que a origem da ação de decorar possa estar fundamentada no passar pelo coração, a prática de decorar é muitas vezes vivida como um memorizar sem sentido. E não há nada mais distante do trabalho do ator, do que falar um texto sem sentido.

Tendo isto em mente, podemos pensar diferentes estratégias para que o texto faça sentido para quem irá representá-lo.

É possível fazer uma abordagem mais teórica, na qual o texto é lido e estudado tendo em vista os conceitos e conflitos apresentados.

Por exemplo, se eu escolho representar uma peça de Bertold Brecht, poderei estudar o momento no qual ela foi escrita, o que ocorria na época, os valores de Brecht sobre a sociedade, a política, o papel do teatro e as relações sociais, dentre outros aspectos que podem ser considerados em seu trabalho.

Também é possível fazer uma apropriação do texto que se dê pela sonoridade das palavras, de tal maneira que vou experimentar o som das frases, as diferentes formas de dizê-las e buscar na experimentação sonora relacionada ao gestual, identificar o sentido e fazer escolhas sobre como encenar o texto escolhido.

A apropriação pode ser feita em um movimento de aproximações diversificadas, no qual faço improvisações sobre o texto, em paralelo a conversas sobre o sentido que o texto teve, tanto por quem o escreveu, como para o grupo que irá representa-lo e desta maneira serão feitas escolhas sobre a maneira de que o texto se torne cena e fala.

Seja qual for a escolha feita, é fundamental que o texto seja aprendido ou decorado, como algo que tenha passado pelo coração, algo que faça sentido para as pessoas que o representam e possa, no momento da apresentação, ganhar sentido também para o público que o assiste.

Histórias na rádio

Será que você algum dia ouviu uma novela de rádio? Ou ouviu uma história apenas gravada?

A brincadeira de hoje é essa: criar uma história somente com sons.

Você pode começar escolhendo qual história irá usar para a tua gravação. Pode ser a história de um livro, pode ser uma peça de teatro ou pode ser uma história criada por você.

Claro que você poderá fazer a gravação somente com improvisações, sem um roteiro prévio, mas será muito mais difícil.

Foto de pexels-skitterphoto

Portanto a primeira parte é ter toda a história escrita como um roteiro. Por exemplo:

“Narrador: A tarde estava cinzenta e parecia que a chuva não tardaria a chegar. (Som de vento ao fundo) Marina já estava cansada de ler o texto que precisava terminar naquela tarde. (som de página virando)

Marina: Lucas, o que você tá fazendo? (gritando)

(som de vento e trovão)

Marina: Lucas!!!! Por que você não vem aqui?

(som de tempestade começando)

Marina: Lucas! (som de cadeira se arrastando que se mistura com uma música de suspense)”

Depois de estar com todo o roteiro pronto, você irá fazer uma pesquisa sonora com objetos e com músicas. Caso você tenha algum instrumento musical, também poderá utilizar. Então teu roteiro ficará com anotações referentes a maneira pela qual você irá fazer os sons. Veja:

“Narrador (minha voz bem grave): A tarde estava cinzenta e parecia que a chuva não tardaria a chegar. (Som de vento ao fundo – feito com folhas de papel) Marina já estava cansada de ler o texto que precisava terminar naquela tarde. (som de página virando – feito com um livro)

Marina (minha voz mais aguda): Lucas, o que você tá fazendo? (gritando)

(som de vento e trovão – apito, papel e gravação para o trovão)

Marina (minha voz cada vez mais aguda): Lucas!!!! Por que você não vem aqui?

(som de tempestade começando – feito com água caindo no balde)

Marina: Lucas! (som de cadeira se arrastando que se mistura com uma música de suspense – feito com cadeira no chão de madeira e a música e a música Sindicato de Media Noche  de Estúdios Talkback)”

Com todo teu roteiro feito, é hora de gravar. Certamente um celular será um ótimo aparelho para gravar e você também pode editar, juntando partes que tenham sido gravadas separadas, se necessário.

Com a história pronta, chame teu público, peça que todos fechem os olhos e aproveitem da tua história sonora!

História com os pés

A brincadeira de hoje começa com uma massagem nos pés, amassando cada cantinho, sentindo todos os dedos e todos os ossos. Você já reparou como os pés são ossudos?

Depois de deixar os pés bem preparados para se movimentarem e entrarem em cena, você irá coloca-los para o alto, de tal forma que eles possam se movimentar com total liberdade, sem nenhuma preocupação em terem que carregar todo o resto do teu corpo.

Foto de Valeria Boltneva no Pexels

Coloque uma música e faça teus pés dançarem. Com eles lá para cima, descubra quais os movimentos que eles podem fazer. Eles podem dançar sozinhos ou acompanhados, um com o outro.

Quando você já tiver descoberto muitos movimentos dos teus pés juntos e acompanhados, você irá criar um personagem para cada pé. Talvez um deles seja um gato e o outro um cachorro! Pode ser que eles sejam dois gatos, bem amigões um do outro. Talvez teus pés não queiram ser animais, mas sim pessoas ou mesmo objetos.

Depois que você tiver escolhido quais os personagens dos teus pés, é hora de arrumar o figurino que será a melhor maneira de compor teu personagem de pé!

Com os personagens completos, é hora de começar a cena. Claro que você poderá experimentar várias ações diferentes para criar qual a cena mais gostosa de fazer. Você pode variar: de vez em quando começar a cena e descobrir o que acontece nela e outras vezes, inventar tudo só no pensamento e depois representar com teus pés.

Os pés poderão representar em muitos lugares, não só lá no alto, balançando. Eles podem estar apoiados nas paredes, em um banquinho, dentro de uma caixa e até mesmo no chão!!!

Divirta-se com teus pés, eles ficarão contentes de terem tanta atenção só para si!

Criando um texto coletivamente

Para quem?

Qualquer pessoa que saiba escrever com fluência

Condições necessárias:

Uma sala que permita movimento.

Materiais necessários:

Papel e lápis ou caneta. Também pode ser um computador.

Disponível em https://tommo.com.br

Como acontece?

Inicie escolhendo com o grupo um tema sobre o qual improvisar. O tema deve ser, preferencialmente, algum de interesse do grupo. Existe a possibilidade de escolher temas relativos a assuntos que precisem ser trabalhados em outras disciplinas escolares, mas esta condição costuma gerar desinteresse.

Definido o tema, proponha a realização de cenas curtas, que durem um minuto, com todo o grupo em roda, em volta da cena, como em um teatro de arena.

Realize quantas cenas forem necessárias para que todos os que queiram possam improvisar.

Depois de feitas estas primeiras cenas, divida o grupo em duplas e peça que eles escrevam as cenas que representaram. Lembre-os de escreverem no formato dramatúrgico, com indicações de ações e com diálogos.

Depois desta primeira rodada, proponha que todos escrevam uma indicação para outra cena e cada pessoa irá sortear uma cena para improvisar conforme a indicação dada.

Um exemplo de indicação para o tema da fome: Uma mãe abrindo armários e não encontrando nada para cozinhar enquanto uma criança se lamenta de fome.

Um exemplo de indicação para o tema da paixão: Um moço perseguindo a moça por quem ele está apaixonado.

Feita a segunda rodada de improvisações será possível estabelecer um roteiro para uma peça, que será escrita conforme as improvisações forem sendo feitas. A escrita pode ocorrer durante a improvisação, antes ou depois.

Para saber mais

Apresente o trabalho de um grupo teatral profissional para teus alunos, mostrando o texto resultante do processo vivenciado.

Escrita coletiva

Foto de Sadman Chowdhury no Pexels

Escrever coletivamente é uma proposta presente dentro do universo escolar e no mundo de diferentes maneiras.

Na escola, escrevemos coletivamente como parte do processo de alfabetização e a escrita coletiva possibilita que os alunos façam trocas entre si e também contém com o apoio da professora para avançar no domínio da linguagem formal e escrita.

Os trabalhos em grupo também são oportunidades nas quais todos sugerem os conceitos que estarão presentes e constroem o texto com as frases ditas pelos vários componentes da equipe.

Em muitos espaços nos quais a sociedade se organiza coletivamente, observamos a criação de um mesmo texto feita por várias mãos. As inúmeras possibilidades que a informática nos deu, faz com que um mesmo texto possa se modificar de maneira a que cada integrante de um grupo possa alterá-lo até chegar a um formato no qual todos estejam satisfeitos.

A escrita coletiva de uma peça teatral é bastante frequente como decorrência de um processo de improvisações de cenas, partindo de um tema comum.

A escrita, quase sempre, surgem das cenas representadas, que vão em um movimento de troca entre o texto escrito e a cena representado, em uma construção na qual a ação dramática alimenta a dramaturgia, que passa a alimentar novas ações, de forma permanente e cíclica.

Alguns grupos escolhem manter esta condição de permanente alteração textual e mesmo depois que a peça começa a ser apresentada, o texto transforma-se permanentemente. Outros definem um formato final, mesmo que ele sofra pequenas alterações no decorrer das apresentações. Existe ainda a possibilidade de que um dramaturgo ou dramaturga seja chamado pelo grupo para dar uma unidade textual ao que foi criado cenicamente.

Caso você queira compreender melhor a história desta forma criativa, acesse o site do Núcleo de Dramaturgia do SESI, onde você verá parte deste caminho. A definição sobre criação coletiva presente no Dicionário do teatro brasileiro: temas, formas e conceitos também irá te ajudar a compreender um pouco mais sobre esta temática no teatro brasileiro, acesse aqui.

Como um personagem é criado?

Uma das ideias sobre a criação de personagens está pautada no texto teatral. Acredita-se que as personagens são criadas pelos dramaturgos e se foram, o que fazem os atores?

As encenações teatrais são criadas partindo de textos dramatúrgicos, mas não só. Muitos outros gêneros são motivadores de montagens e também criações coletivas.

Foto de Suzy Hazelwood no Pexels

Mas será que os textos, sejam eles dramatúrgicos ou não, dão todas as informações necessárias para a criação do personagem, o que incluí o gesto do ator e da atriz, sua forma de se movimentar, sua forma de falar.

Quando eu leio a seguinte frase: “Roberta entra na sala, leva um susto e diz: – Como você entrou aqui?”, que pode ser parte de um texto teatral, a atriz que representará a Roberta já tem todos os seus gestos e tom de voz definidos? Existe uma única maneira de levar um susto? O ritmo da fala, a entonação ou a expressão facial estão claras?

Evidentemente, qualquer texto, por mais detalhado que seja, não fornece todos os detalhes para a composição de uma personagem.

O trabalho de interpretação e de criação é o que fará com que esta descrição feita em palavras, torne-se alguém em movimento e fala.

Os procedimentos para a criação de um personagem são muitos e estão fundamentados em diferentes visões sobre o sentido e a função teatral. Eles podem partir de uma perspectiva mais psicológica, como propôs Stanislavski ou partir, essencialmente da ação, como propôs Eugênio Barba.

No próximo post falarei sobre uma proposta criada por Sérgio de Azevedo, baseada no trabalho do Eugênio Kusnet, que usa cartas em seu processo criativo.