R.I.P. – Uma história de amor

Assisti “R.I.P. – Uma história de amor” em janeiro na Sala Glória Rocha, em Jundiaí. Apresentação domingo de tarde, horário nobre para crianças e lá fui eu sem nenhuma criança ao meu lado, na certeza de que me divertiria com o novo espetáculo da Cia. de Teatro de Jundiaí, um dos corpos artísticos do município.

O motivo da minha certeza de diversão é por ser uma peça com a direção de Carla Candiotto. Apenas confirmei o que já previa. Delícia de espetáculo, bom para ir com crianças e na falta delas, vá da mesma forma.

No Instagram @culturajundiaí você encontra a seguinte sinopse:
“O espetáculo se passa em um vilarejo qualquer, no cemitério, no dia do ano em que os familiares vão homenagear seus antepassados. Nesse cenário, Mário decide declarar seu amor e propor casamento para Maria, mas isso só é possível se ele o fizer sob as bênçãos de sua mãe. A cada tentativa de aproximação, Mário deve enfrentar seu rival Enrico, o Talarico, que também busca cativar o amor de Maria, utilizando-se de inúmeras artimanhas. Maria terá então que decidir se aceita o amor de uma alma gêmea ou de uma alma penada. Quem será que leva a melhor?”

A montagem conta com um belo cenário, que possibilita toda a movimentação dos personagens que entram e saem de seus túmulos, em um dinamismo característico dos trabalhos desta diretora.

Outra característica presente é a repetição de situações cômicas que vão se tornando mais engraçadas pela própria repetição, que se faz presente espacialmente nas cenas com a mãe, que pode ser vista na imagem abaixo.

Toda a montagem está bem cuidada, figurinos bacanas, com destaque para as saias maravilhosas desta cena.

As máscaras são lindas e os atores fizeram um ótimo trabalho de corpo e voz, sem falar no sorriso especial do Enrico. No site da prefeitura de Jundiaí você pode saber mais sobre a cia: “A Cia. de Teatro de Jundiaí é um corpo artístico ligado à Unidade de Gestão de Cultura (UGC), criado em 2010 a fim de promover a oferta cultural nos eventos gratuitos promovidos pela Prefeitura, além de valorizar a produção e o trabalho artísticos no Município.

Nas últimas temporadas, sob a direção artística de Carla Candiotto, a companhia apresentou diversas montagens, como “Robin Hood”, uma divertida e humorada adaptação do clássico infantil, além de espetáculos junto aos demais corpos artísticos da Prefeitura, como “Clássicos em Movimento”, concerto cênico e visual em comemoração ao aniversário do Teatro Polytheama, em que, por meio da encenação dos atores e bailarinos pela técnica de “tableau vivant”, fez a reprodução de telas e afrescos famosos.

Além das apresentações do Teatro, a Cia. de Teatro de Jundiaí também tem levado seus espetáculos a diversas escolas municipais de Educação Básica (EMEB), encantando os olhares de milhares de alunos da rede municipal de ensino.

Já na temporada virtual 2020, mesmo durante o período de isolamento social, a Cia. de Teatro apresentou a Quarentena de Histórias, com contações de histórias produzidas e editadas pelos atores da companhia e com as participações especiais de convidados às sextas-feiras.”

Fique de olho nas próximas apresentações e não perca!

 

Ficha técnica

Direção: Carla Candiotto
Direção musical: Natália Nery
Direção do movimento: Gisele Calazans
Direção de máscaras: Rodrigo Veloso
Assistência de direção: Ellen Navarro
Texto: Victor Mendes
Elenco: Kels Feitosa, Laura Mignorin, Letícia Resende, Lucas Ramos, Sid Alves e Thaís Hilário
Máscaras: Bruno Dante
Figurino: Christiane Galvan
Composição musical: Natália Nery, Carla Candiotto, Victor Mendes, Lucas Ramos e Sid Alves
Produção de trilha sonora: Túlio Crepaldi
Mixagem e masterização: Túlio Crepaldi
Cenário e adereços: Marco Lima
Cenotecnica: JFcenografia
Equipe cenotecnia: Vinicius Ribela
Texturizacão, pintura de arte e adereços: Juliana Fernandes
Assistente de arte e produção cenografica: Katê Goldoni e Andrew Nazário
Marcenaria: Giba Oliveira
Iluminação: Iaiá Zanatta
Operação de som: Pedro Cavallaro
Criação: Carla Candiotto, Ellen Navarro, Gisele Calazans, Kels Feitosa, Laura Mignorin, Letícia Resende, Lucas Ramos, Natália Nery, Rodrigo Veloso, Sid Alves e Thaís Hilário
Equipe de produção: Carol Reto, Gio Baraldi, Luana U, Renata Campos, Heloísa Oliveira

As fotos deste post foram captadas no site da Cultura Jundiaí

 

Escola de Mulheres

 

Assisti a montagem de “Escola de Mulheres” escrita por Molière no teatro Polytheama, em uma direção de Clara Carvalho.

No Instagram da diretora, onde você pode saber mais sobre o espetáculo e as próximas apresentações, podemos encontrar o seguinte texto sobre a peça:

“Arnolfo sempre fora o terror dos maridos traídos de Paris, porém decide casar-se. Para ele, a pior coisa que pode lhe acontecer é um dia ser traído. Por isso, educa a jovem Inês para que se torne a esposa “ideal”.
Vivendo num convento desde os quatro anos de idade, Arnolfo garantiu que criassem a jovem na mais absoluta ignorância.
Assim, ao sair do convento, Inês seria a mulher perfeita para ele: burra, obediente e honesta.
No entanto, mesmo ele tendo conseguido moldar a personalidade da jovem da forma como sempre desejou não significa que a vida tomaria o mesmo rumo que ele estava imaginando, afinal, certos acontecimentos são impremeditáveis.
Como em muitas das peças de Molière, as personagens femininas são perspicazes, inteligentes e descobrem como se empoderar mesmo numa circunstância a princípio desfavorável o que torna o plano de Arnolfo muito difícil de implementar.
Num gesto de transgressão ao patriarcado e ao conservadorismo, Molière (1622 – 1673) traz à tona, com muita ironia, leveza e elegância, a sagacidade feminina em Escola de Mulheres.”

O texto é bom demais, o que explica o fato de um autor que viveu há 400 anos continuar sendo lido e suas peças serem montadas. É divertido e leve!

Eu gostei da montagem! Os atores são bons, existe uma dinâmica, um ritmo que faz com que a gente permaneça envolvido todo o tempo.

O cenário e a iluminação têm a qualidade de estarem em harmonia, possibilitam boas soluções e não roubam a cena. O figurino tem a qualidade de fazer referências à época, mas trazer elementos atuais que nos aproximam da trama.

Não sei se gosto da solução escolhida para a personagem da Inês, acho um pouco sem vitalidade, o que pode ser uma referência a maneira pela qual ela vai se apoderando da situação, discreta, mas certeira.

Os dois personagens masculinos centrais são muito bem interpretados. Não há dúvida de que vale seu tempo!

 

 

Ficha Técnica

Texto
Molière

Direção / Tradução / Adaptação
@claracarvalhoarte

Elenco
@ArielCannal (Horácio)
@brianpenido (Arnolfo)
@felpoh (Cupido)
@fulvio_filho (Crisaldo)
@gabwestphal (Inês)
@leandrotadeureal (Oronte)
@luizluccas21 (Henrique)
@rogeriopercore (Alain)
@veraespuny (Georgette)

 

As fotos deste post foram retiradas so Instagram de Clara Carvalho

Enquanto você voava, eu criava raízes

“Em ‘Enquanto você voava, eu criava raízes’ nenhuma palavra é dita, a dramaturgia é guiada pelos corpos em diálogo com as artes visuais, o cinema, a dança e o teatro. Nesse navegar por várias linguagens, os significados também se apresentam diversos e chegam ao público em camadas múltiplas e plurais. Assim, entre sonho e realidade, somos apenas um emaranhado de sombras e luzes, diante do imensurável, da imensidão e do mistério do abismo.” – trecho da sinopse no catálogo.

Assisti esta apresentação no Sesc Santo Amaro, em São Paulo em abril de 2023. O espetáculo começa e já te coloca no silêncio ao conseguir um escuro completo, sem frestas, que será compreensível por todos os efeitos de luz que são parte estruturante da montagem.

Vagamos, junto dos corpos dos dois atores, em uma caixa mágica que cria uma alteração da nossa percepção espacial, rompendo a linha da terra em um diálogo entre os dois, o céu e as profundezas.

Você poderia pensar que todos estes recursos técnicos e os efeitos são o que há de mais impactante nesta apresentação, mas não! O trabalho corporal de cada um dos dois é impressionante e o que eles criam poeticamente é lindo.

Fica de olho, acompanhe a dupla no Instagram e vá na próxima apresentação.

Direção, dramaturgia, cenografia e performance: André Curti e Artur Luanda Ribeiro
Música original: Federico Puppi
Iluminação: Artur Luanda Ribeiro
Cinotécnica: Jessé Natan

Jerusalém de nós

Ao entrar no teatro as duas atrizes, Elis Bráz e Victória Camargo, já estavam em cena, uma delas cantando, um canto e uma voz que ocupava o espaço. Nessa posição que estavam permaneceram, quase sem nenhum deslocamento durante todo o espetáculo. Parece estranho, né? E é mesmo, causa um estranhamento, mas é bom.

Passei por diferentes sensações no decorrer de toda a apresentação e não tenho dúvida de que o texto, os diálogos, os confrontos entre as personagens, que são de uma terra longínqua, são também nossos.

São de qualquer mulher, seja pelas violências sofridas com mais ou menos intensidade, ou seja pelo medo que carregamos com relação aos filhos e filhas desde que eles passam a existir nas nossas vidas. Mas são também dos homens, de qualquer pessoa que viva esse mundo cheio de conflitos que se renovam em uma dificuldade de diálogo que se renova em todas as épocas.

O texto e todo o contexto que ele apresenta dão margem a muitas conversas, mas o que mais me encantou foi a proposta de encenação e o trabalho das atrizes. Sou alguém que gosta de movimento e uma peça com tão pouco deslocamento poderia significar falta de movimento. Mas não!

O movimento se vê nos detalhes, na tensão que muda de intensidade e se retrata nas muitas expressões que vão traduzindo o texto dito de forma intensa, com a qualidade dos tons que apresentam inúmeras gamas. É encantador ver o que cada uma das atrizes consegue expressar somente com seu corpo, seu rosto, sua voz. Para quem gosta de ver uma boa atriz em cena, nesta peça você vai se deliciar.

Termino esse texto com uma citação do Léo Lama, retirada de seu Instagram, no qual ele pondera sobre a importância da imaginação e o papel do teatro para que ela seja ativada.

“TEATRO COMO FORMA DE PRESENÇA HUMANA. O discernimento é pauta essencial para a educação. Saber discernir entre o que é construtivo e o que é destrutivo é condição básica para um bom ensino. Em contato com exemplos edificantes ou com jornadas trágicas que possam nos sensibilizar, muito mais do que com os dogmas, as lições de moral, os sermões, podemos aprender melhor, sem didatismo. Assim o teatro se insere. A arte traz reflexão, sensibilização, abre porta para a criatividade. E toda criação vocacionada muda o mundo. O teatro é a arte da presença humana e da escuta, em tempos de virtualidade exacerbada e excessivo bombardeio visual. A verdadeira arte ativa a imaginação dentro de cada um de nós, criando interação e presença, sem que recebamos tudo pronto como uma tirania estética de passividade. O teatro é um curativo, uma necessidade. Penso.”

Fique de olho e não perca quando estiver em cartaz na tua cidade!

Texto e direção: Leo Lama
Assistência de direção: Amanda Mantovani
Produção: Aline Volpi
Elenco: Elis Bráz e Victória Camargo
Foto: Leo Lama

A Pane

Assisti “A Pane” no SESC Jundiaí no começo de outubro e, embora o elenco já fosse promissor, a peça me surpreendeu positivamente.

“Uma comédia sobre a justiça. Hóspede inesperado se transforma em réu de um jogo em que juiz, promotor, advogado e carrasco aposentados revivem suas profissões. Uma fábula que fala dos nossos dias.”

Uma situação surreal que vai mostrando diferentes facetas sobre a justiça e sobre os desejos humanos. As mudanças vividas por todos os personagens, mas especialmente pelo Traps, hóspede que se propõe a participar deste julgamento e que vai se transformando e acreditando nas diferentes versões dele mesmo, apresentadas no decorrer do processo.

Esta situação surreal retrata as inúmeras possibilidades de manipulação da justiça em suas leituras da realidade.

Além do texto genial, a proposta de encenação é linda, com cenário de Anne Cerrutti e luz de Wagner Pinto que dialogam com a direção, encontrando a condição desejada de integração na qual a cena se beneficia.

Os atores se movimentam em uma coreografia bem desenhada, sem que se torne robótica, aliás nada mais humano do que a escolha de um dos atores atuar também como ponto, sendo a memória necessária para vermos em cena tantos bons atores poderem oferecer o melhor de si.

Não encontrei a previsão das próximas apresentações, mas você pode acompanhar o trabalho seguindo o grupo no Instagram: @paneteatro. Se puder, assista!

Texto: Friedrich Dürrenmatt.
Com: Antonio Petrin, Cesar Baccan, Heitor Goldflus, Marcelo Ullmann, Oswaldo Mendes e Roberto Ascar.
Direção: Malú Bazán.
Foto: Rogerio Alves.

 

 

As imagens deste post foram retiradas do instagram do grupo

Anjo de Pedra

Um bom texto e boas atuações quase sempre já garantem diversão em uma peça de teatro. Anjo de Pedra tem os dois, mas tem mais!

Começo falando sobre o texto, que para quem não conhece, vale a pena! É lindo, poético e embora tenha sido escrito em 1948 por Tennessee Williams, continua atual. A adaptação foi feita pelo Nelson Baskerville e por Luis Marcio Arnaut e no programa do espetáculo é possível saber mais sobre o processo de construção do texto usado na peça.

A Sinopse da obra, divulgada no programa diz:

“Verão de 1916.

John está em férias da faculdade de medicina. Alma, sua vizinha, apaixonada desde criança, tenta se aproximar. Ela é filha de um pastor anglicano, educada na rigorosa tradição do Sul dos Estados Unidos. Para a mulher, tudo é pecado, proibido ou imoral.

Ele é uma espécie de playboy, ateu, não apegado a regras e moral, mulherengo e desleixado.

O romance entre eles é impossível. Com base no romance A virgem e o cigano [1922] de D. H. Lawrence, Tennessee Williams revive o mito da Fênix ao figurar em John as mudanças comportamentais exigidas para um “homem de bem”; e em Alma, da mulher sufocada, pela tradição e pela sociedade, àquela que busca viver sua subjetividade em plenitude.”

Foto de Ronaldo Gutierrez

Nenhum ator sobra, nem atrapalha, o que nem sempre é possível em uma montagem com 8 em cena. Há uma justeza, um pertencimento de cada personagem reconhecível nos gestos, na precisão dos movimentos, na intensidade das expressões.

Os dois protagonistas, representados por Sara Antunes e Ricardo Gelli emocionam, provocam aquele estado tão desejado quando vamos ao teatro, que é de ficar com a atenção plena no que está passando, a torcida pelo que virá, o desejo de que eles encontrem alguma maneira de viver as emoções tão pulsantes em sua plenitude. Se encontram, não direi, seria um spoiler desnecessário.

Para além da beleza do texto e da atuação, a proposta de encenação também delicia. Assisti na estreia, no Tuca Arena e a montagem faz da arena um cúmplice. A direção consegue o que se espera dela, uma integração do elenco e um espetáculo no qual nenhum elemento rouba a cena, todos dialogam, criam a trama, nos colocam em conexão.

Espetáculo de duas horas no qual em nenhum momento olhei para o relógio. Vale a pena! Vai lá!!!

Para saber mais informações, entre no instagram da peça @anjodepedra_

Direção: Nelson Baskerville

PRODUÇÃO Rodrigo Velloni

ADAPTAÇÃO Nelson Baskerville e Luis Marcio Arnaut

TRADUÇÃO Luis Marcio Arnaut e David Medeiros

ELENCO

Sara Antunes

Ricardo Gelli

Carolina Borelli

Luiza Porto

Thomas Huszar

Atrizes Convidadas: Chris Couto e Selma Luchesi

Ator Convidado: Kiko Marques

 

Assistente de Direção: Anna Zêpa

Música Original e Direção Musical: Marcelo Pellegrini

Cenografia: Chris Aizner

Iluminação: Wagner Freire

Figurino: Marichilene Artisevskis

Direção de Imagem: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo)

Designer Gráfico: Ricardo Cammarota

Fotografia: Ronaldo Gutierrez

 

Escombros

A secura e a poeira fazem com que a sensação de estar no meio de escombros se mantenha todo o tempo.

Não há nenhum aspecto desta montagem que seja pouco significativo: o cenário é lindo e feito de forma a tornar esta peça possível. Nos vemos no meio desta cena junto com os atores, com a poeira e a terra sujando nossos corpos, com objetos que são recolhidos e por vezes dão intensidade inesperada, como a cena da porta que divide os dois personagens.

Um figurino de tons e detalhes que mostram a presença das histórias, roupas que trazem narrativas.

Os recortes, pausas e intensidade provocados pela luz e pela sonoplastia terminam de compor os elementos da cena que o grupo Sobrevento se propõe a apresentar de forma online.

Fiquei com vontade de ver de perto, de sentir o cheiro e o pó no meu corpo, de escutar a respiração dos atores, mas na impossibilidade da vida de pertinho, a opção do online permite diferentes emoções e reflexões.

Eu nunca vivi uma cidade em guerra e até hoje, viver a pandemia foi a experiência mais próxima do que meu imaginário sobre a guerra me permite saber.

Nunca, antes desta pandemia, vivi tantos escombros coletivamente. Acompanhei desastres pontuais e localizados, que são sempre tristíssimos, mas esta sensação de esfacelamento que temos vivido, buscando sempre qual é o objeto que permanece inteiro, buscando maneira de permanecermos inteiros nesta condição de expectativa para quando terá terminado estes muitos desmoronamentos que estamos vivendo, decorrente do vírus e das opções políticas de nosso país.

Com Sandra Vargas, Luiz André Cherubini, Liana Yuri, Sueli Andrade, Daniel Viana, Mauricio Santana, Agnaldo Souza, Marcelo Amaral

Direção de Luiz André Cherubini e Sandra Vargas

Dramaturgia de Sandra Vargas

Figurinos de João Pimenta

Cenografia de Dalmir Rogério e Luiz André Cherubini

Música de Arrigo Barnabe, Geraldo Roca e Rodrigo Sater, na voz de Marcio De Camillo II

Iluminação de Renato Machado

Foto: Marco Aurelio Olimpio

Programação Visual: Marcos Magalhães Corrêa

 

A Travessia de Maria e seu irmão João

A companhia Artur-Arnaldo conseguiu uma solução muito interessante e envolvente para este formato possível de fazer teatro que estamos vivendo, no qual podemos viver a cena, a representação e a troca por meio das telas vistas de maneira online.

Em sua montagem podemos observar a adaptação feira do conto João e Maria com o encanto de um espetáculo feito de cuidados e de delicadeza.

A versão presencial foi premiada em 2019 pela APCA e nesta versão podemos ver parte deste espetáculo, mesmo que pelas telas. Mas, o mais interessante é a maneira pela qual fazem uso da virtualidade, incluindo a possibilidade de irmos até a floresta, de entremearmos simbologia com realidade e de vermos este jogo acontecer por meio da cena virtual.

Com um cenário lindo, que mistura a construção de casa com a projeção de luzes que ampliam esta casa de bonecos, com personagens bonecos, vividos pelas atrizes em sua duplicidade, vamos vendo este espetáculo criar duplos mais uma vez na solução virtual.

Os duplos da cena vistos nos personagens e no cenário, se tornam duplos na possibilidade de serem João e Maria no teatro e na floresta. Um permear permanente que nos mostra a potência do teatro, como linguagem metafórica, que pode estar contida no formato virtual, mas não deixa de trazer a intensidade da representação.

Hoje é o prezo final para assistir o espetáculo gratuitamente e baixar o material educativo. Você poderá acessar aqui .

Dramaturgia livremente inspirada no conto João & Maria de Neil Gaiman – Carú Lima, Júlia Novaes, Luisa Taborda e Soledad Yunge

Roteiro – Luisa Taborda e Soledad Yunge

Direção – Soledad Yunge

Assistente de filmagem e continuísta – Ana Matie Elenco – Carú Lima e Júlia Novaes

Diretor de Fotografia – Edson Kumasaka

Cenário – Rafael Souza Lopes

Figurinos – Rogério Romualdo

Trilha Sonora Original – Pedro Cury

Iluminação – Júnior Docini

Concepção e Direção de bonecos – Carú Lima

Direção de Produção: Soledad Yunge

Mary e os Monstros Marinhos

Uma mesa e duas cadeiras. Com este cenário percorremos a história de Mary Anning. A iluminação nos conduz, junto com todas as transformações do uso destes objetos de cena pelos diferentes espaços que a peça nos coloca.

As três atrizes se transformam nos diferentes personagens e nos falam das pesquisas e descobertas feitas por Mary, de sua família, e da dificuldade vivida para que pudesse se afirmar como cientista em um mundo no qual as mulheres não tinham permissão de ser nada, além de donas de casa.

Foto Maria Tuca Fanchin

A morte, uma personagem apresentada de maneira bem humorada, tomando chás em cada pessoa que se vai, é figura presente, excessivamente presente para uma mesma família, mas que se mostra como quase uma amiga.

As cenas são poéticas e o final é de uma beleza surpreendente. No decorrer de toda a peça vemos a paixão de Mary e a montagem teatral faz jus a esta paixão pela maneira como apresenta o encantamento da personagem, mas também os objetos de sua paixão, os monstros marinhos da época dos dinossauros.

Foto Camila Picolo

O espetáculo tem dramaturgia original construída a quatro mãos – da diretora Rhena de Faria e das atrizes e integrantes da Companhia Delas Cecília Magalhães, Julia Ianina e Thaís Medeiros. A direção de arte é de Mira Haar, a iluminação de Wagner Freire e a trilha sonora original de Artur Decloedt. A equipe conta ainda com a consultoria do Prof. Dr. Luiz Eduardo Anelli, do Instituto de Geociências da USP.

Não há dúvida de que é um espetáculo que poderá inspirar muitos meninos e meninas a percorrerem suas curiosidades!

Foto Camila Picolo

Eu assisti na programação do “Festival A gente que fez” que você poderá acompanhar até o final de março. Para conhecer mais sobre o grupo e seus vários trabalhos, acesse o site da companhia aqui.

A vida de William Shakespeare

A peça que vou comentar hoje é da Cia. Vagalum Tum Tum e eu assisti no Festival “A gente que fez”, que é um festival onde crianças prepararam o festival para crianças. Vale muito a pena acompanhar a programação do festival, mas isto é assunto para outro post!

Imagem retirada de @catarsisproducoes

Podemos conhecer um pouco da história da companhia no seu site e peguei um trecho desta história para colocar aqui: “A Cia. Vagalum Tum Tum foi fundada em 2001 por Ângelo Brandini e Christiane Galvan, com a proposta de pesquisar as técnicas do palhaço inseridas no cotidiano contemporâneo e o olhar deste arquétipo para adaptar as histórias de William Shakespeare para crianças e jovens. Nestes 19 anos de história desenvolvemos uma linguagem própria e original construída através da diversidade de conhecimento de cada profissional que trabalha conosco, vindos do teatro, do circo, da música e a condução artística do trabalho feita pelo diretor e dramaturgo Angelo Brandini, que tem ampla formação nas áreas citadas.”

“A Vida de William Shakespeare” é uma série, algo que podemos chamar de teatro nesta pandemia na qual não podemos estar no mesmo espaço físico que atores e demais pessoas da plateia, mas podemos estar no mesmo espaço virtual.

Nesta apresentação o que mais fazemos é nos divertir! A forma pela qual a vida do Wil, apelido dado ao famoso Shakespeare, é contada, diverte e informa. Não importa que você já saiba tudo sobre esta pessoa que viveu há tanto tempo e que escreveu tantas peças famosas, porque o bom mesmo é ver as caras e caretas feitas pela Christiane Galvan para explicar o que acontece nesta longa história.

A leveza com que o grupo se remete às tragédias, os recursos lúdicos utilizados demonstram que é um grupo que sabe quem são as crianças, respeitando suas características e sua inteligência.

Assistir online e poder conversar com a dupla de atores, junto com uma plateia cheia de crianças equilibrou a ausência do calor do teatro cheio, me diverti muito com a apresentação e com os comentários depois. Quer ver, hoje você ainda consegue, mas corre!!! Para informações e acesso sobre o festival, acesse aqui.

Caso você não tenha visto no festival, poderá acompanhar os episódios, será lançado um por semana, toda quinta as 19h! A estréia será no dia 18/03, no youtube da Cia. Vagalum Tum Tum.